O Progressistas (PP), um dos mais tradicionais partidos de Santa Catarina, vive uma disputa interna que pode se resumir em uma pergunta: vale o dito ou o escrito? Os deputados estaduais Altair Silva, Pepê Collaço e Zé Milton Scheffer estão convictos de que a comissão provisória do partido definida na reunião do último dia 21 de setembro, sob comando do ex-deputado federal Leodegar Tiskoski, vai realizar até 30 de novembro a convenção estadual da legenda para definição do novo diretório permanente.
A ata da mesma reunião, no entanto, não apresenta prazo algum para esta definição ou qualquer outra. Em nota enviada à imprensa dia 25 de setembro, a informação é de que “diante da perspectiva de que a eleição de um novo diretório estadual neste momento poderia impedir a participação de novos filiados pelos próximos três anos, os integrantes da reunião decidiram pelo adiamento da Convenção Estadual”.
A discussão sobre o que está valendo no futuro próximo do PP catarinense deu o tom da reunião promovida na noite de terça-feira pelos três deputados estaduais com os prefeitos e vices do partido. Realizada em um hotel em Florianópolis, teve a presença de 45 prefeitos e 31 vice-prefeitos, que deram apoio à tese dos parlamentares – defendida também pelo senador Esperidião Amin na reunião da executiva estadual – de que a convenção deve ser realizada até o final de novembro para definir um novo comando para a legenda ouvindo as bases partidárias.
Nos bastidores, a bancada reclama que o secretário-geral Aldo Rosa ignorou a votação realizada na executiva ao produzir a ata da reunião que exclui o prazo definido para realização da convenção estadual. Entrevistado na manhã desta quinta-feira no quadro Plenário, na Rádio Som Maior, o deputado estadual Zé Milton evitou a polêmica interna, mas mostrou convicção de que vai valer o que foi dito e votado na executiva.
– O Leodegar é um cara que tem uma história política muito bacana dentro do partido, é alguém que inspira todos nós e por isso está nessa missão de conduzir o partido até o final de novembro. Isso que foi conversado na executiva. A maioria quer fazer a convenção no dia 11 do 11, em função do número do partido, mas temos alguns outros compromissos assumido que podem impedir que seja realizada dia 11, e por isso foi delimitado até o dia 30 de novembro. O Progressistas tem uma tradição democrática. Nós nunca trabalhamos com comissão provisória, ao contrário de alguns outros partidos que só trabalham com comissão provisória porque têm dono, têm patrão, e esse patrão é que nomeia cada pessoa. O Progressistas é da base e por isso ele sobrevive há mais de 50 anos – disse Zé Milton.
Enquanto as versões colidem na burocracia partidária, no entanto, o trio de deputados estaduais tenta consolidar o poder dos mandatos conquistados em outubro do ano passado para dar rumo ao partido. No encontro com os prefeitos e vices, foi definido o envio de um convite ao governador Jorginho Mello (PL) para conversar com o grupo e afinar o diálogo do governo estadual com a base progressista. A ideia é mostrar unidade e o desejo de ser parceiro do PL nas eleições municipais. O convite será enviado em nome dos “deputados Estaduais, prefeitos e vices-prefeitos do Progressistas”, ignorando a comissão provisória sob comando de Tiskoski.
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Reunião dos deputados estaduais com prefeitos e vices do Progressistas. Foto: Divulgação.