Joinville saiu das urnas mais bolsonarista, com representação menor no parlamento e deixando aberto o jogo da sucessão municipal em 2024. Esse é o resumo básico sobre o que diz a votação dada pelos joinvilenses no primeiro turno das eleições deste ano, quando foi recordista no voto pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) entre as dez maiores cidades do Estado – 68,8% -, carregando a candidatura de Jorginho Mello ao segundo turno na disputa pelo governo do Estado e colaborando para a vitória do senador eleito Jorge Seif, ambos do Partido Liberal (Pl).
Ao mesmo tempo, a expressão eleitoral do Pl não ascende uma liderança clara do partido para a eleição municipal de 2024. O deputado federal Coronel Armando não se reelegeu. O vereador Maurício Peixer, presidente da Câmara de Joinville, ficou a poucos votos da vaga de deputado estadual. Eleito para o primeiro mandato como deputado federal, o ativista Zé Trovão (Pl) ainda é uma incógnita como político e buscou a maior parte de seus votos fora dos limites do município.
Um cenário que favorece a liderança do prefeito Adriano Silva (Novo) como liderança à direta. No entanto, a urna também trouxe recados para a prefeitura. Adriano conseguiu emplacar o aliado Matheus Cadorin (Novo) na Assembleia Legislativa, mas ele foi apenas o sexto mais votado entre os candidatos a deputado estadual em Joinville, com 11,3 mil votos. As vitória veio quase no limite das regras eleitorais, com o mandato menos votado entre os 40 da Alesc e em uma disputa apertada com candidatos do Novo de colégios eleitorais menores como Balneário Camboriú e Itapema. Na disputa pela Câmara dos Deputados, a delegada Tânia Harada foi a segunda mais votada na cidade, mas ficou longe da disputa voto a voto entre Gilson Marques (eleito, de Pomerode) e Bruno Souza (primeiro suplente, de Florianópolis), que conseguiram ir além de suas bases eleitorais.
Para além do voto do joinvilense, o contexto nacional também afeta a política local. O Novo, que tem Joinville como sua única prefeitura no país, não alcançou a cláusula de barreira e terá sua atuação política limitada caso não realize fusão com outra legenda. Além de não ter acesso aos fundos partidário e eleitoral – que já não utilizava -, o partido de Adriano Silva perdeu o direito de participar do horário eleitoral gratuito e a obrigatoriedade de ser convidado para debates de rádio e televisão. A ausência de liderança clara no Pl e a fragilidade partidária do Novo podem aproximar o prefeito e a legenda bolsonarista, mas partidos como o Republicanos também estão de olho no cenário.
Mais votado na cidade entre os candidatos a deputado federal, Rodrigo Coelho teve a reeleição prejudicada pela performance do Podemos, cuja chapa não alcançou a votação mínima para eleger um candidato – faltaram cerca de 13 mil votos, que poderiam ser em Coelho ou qualquer outro candidato da chapa. O resultado afeta o potencial dele como candidato a prefeito – especialmente porque não há nem a possibilidade assumir a vaga como suplente. Mesmo assim, é uma das opções para o Pl caso opte pela filiação de uma liderança local para 2024.
Quem também não conseguiu se reeleger foi Darci de Matos (Psd). Em seu caso, o desempenho foi afetado pela votação em Joinville. Darci caiu de terceiro para sétimo mais votado na cidade, uma perda de cerca de 9 mil votos. Para a reeleição, ele precisava de mais 16,5 mil. Sem mandato, dificilmente vai encarar uma quarta disputa pela prefeitura – foi derrotado em 2008, 2016 e 2020, esta contra Adriano Silva no segundo turno.
Em termos de representação, Joinville perdeu espaço considerável na representação federal. Na Câmara, perdeu três (Armando, Darci e Coelho) e ficou apenas com o novato Zé Trovão. Os votos que faltaram aos deputados que não se reelegeram acabaram dispersos entre candidatos pouco competitivos – 21 mil deles com Helber Sá, do Patriota, quarto mais votado na cidade e praticamente sem expressão em outras regiões, filiado a um partido que não fez nem metade dos votos necessários para eleger um deputado federal. Em Joinville, nove candidaturas receberam mais de 10 mil votos, entre elas a recordista estadual Caroline de Toni (Pl), de Chapecó, que teve na cidade 10.198 de seus 227.632 votos.
Na Alesc, Sargento Lima (Pl) e Fernando Krelling (Mdb) garantiram as reeleições como candidatos mais votados na cidade, enquanto Matheus Cadorin ocupa a cadeira que era de Kennedy Nunes (Ptb), que disputou uma vaga ao Senado e ficou em quarto – segundo em Joinville.
No entanto, a maior cidade do Estado ficou a poucos votos de conquistar mais cadeiras no parlamento estadual. Além de Maurício Peixer na primeira suplência do Pl por causa de 3,5 mil votos, a professora Vanessa da Rosa (Pt) também não conseguiu a cadeira por uma quantidade semelhante de votos.