Segundo entrevistado na série de sabatinas dos candidatos a governador promovida pela Fecomércio SC em parceria com o Upiara.Online, o promotor Odair Tramontin encarou os cerca de 40 minutos de conversa com um olho na cartilha de seu partido, o Novo, e outro nas limitações da vida real que sabe que encontrará se for eleito para o cargo. Ele evitou se comprometer com os termos da Carta do Comércio que apontavam para redução de impostos ou oferta de crédito para o setor, mas prometeu ampla parceria com o Sistema S na educação profissionalizante e combate à burocracia dentro da máquina estadual. Os exemplos, como sempre, vêm das duas gestões do Novo no resto do país: o governo de Minas Gerais e a prefeitura de Joinville.

A sabatina contou com três perguntas formuladas pela Fecomércio SC e que serão replicadas a todos os demais postulantes – todos os oito candidatos cujos partidos têm representação no Congresso Nacional foram convidados pela entidade para as entrevistas que tenho conduzido no Centro de Inovação Acate Downtown, em Florianópolis. O primeiro entrevistado foi Jorginho Mello (Partido Liberal). A Fecomércio SC questionou os candidatos sobre a possibilidade de redução de alíquotas de Icms como forma de controlar a inflação e recuperar o poder de compra das famílias, sobre propostas para ampliar linhas de crédito e redução do custo de captação desses recursos e sobre políticas para qualificação profissional. Tramontin brincou sobre o tom direto das questões iniciais.

– Essa sabatina está me pegando já de largada.

Veja a íntegra da entrevista:

O candidato do Novo não quis fazer promessas sobre cortes de impostos e oferta de crédito. Diz que quem está são perguntas difíceis de serem respondidas por quem está fora da máquina, sem conhecimento detalhado sobre despesa e receita. Mostrou-se preocupado especialmente com queda de arrecadação na faixa de R$ 3 bilhões com que receberá o Estado caso eleito pela redução forçada pela nova legislação federal e de outros R$ 1,5 bilhão de redução pela decisão do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucional alíquota de 25% anteriormente cobrada por Santa Catarina sobre energia elétrica e telecomunicações. Foi surpreendentemente cauteloso, principalmente quando se leva em conta que o Novo tem militantes que consideram que “imposto é roubo”.

– É um discurso muito sedutor prometer redução de impostos. A maioria dos políticos faz. Nós do partido Novo defendemos isso, está na nossa cartilha. Por outro lado, a gente tem responsabilidade. É demagógico dizer que vai reduzir impostos sem equacionar a questão das despesas. O Novo foca redução das despesas para que se tenha espaço para reduzir tributos ou aumentar investimentos. O Novo tem compromisso de não aumentar carga tributária e, dentro do possível, diminuir – disse Tramontin.

Tramontin ficou mais à vontade para falar de ensino profissionalizante – questão que lhe permitiu trazer um exemplo do governo do correligionário Romeu Zema, governador de Minas Gerais, que pretende implantar se eleito em Santa Catarina.

– Em Minas Gerais, 50 mil jovens do Ensino Médio estão fazendo os cursos profissionalizantes no Sistema S. O Sistema S tem a capacidade instalada, o governo investe por aluno cerca de R$ 5 mil, que também é uma questão social. Um preso, sem fazer relação direta, também custa R$ 5 mil por mês. Então, é um investimento que se faz, especialmente nos setores mais vulneráveis da população. A nossa proposta é ampliar, com força, o Ensino Médio na capacidade instalada do ensino privado – afirmou.

No restante da sabatina, com temas mais abertos, mas também inspirados na Carta do Comércio, Tramontin seguiu a mesma linha – um olho na cartilha, outro na realidade. Disse que ainda não vislumbra detalhes de uma reforma administrativa, mas garantiu que se eleito vai focar na redução da burocracia acumulada por medidas infralegais – ou seja, regras que um governo pode extinguir por decreto, sem necessidade de aprovação na Assembleia Legislativa. Citou também a possibilidade de repassar aos municípios responsabilidades sobre a questão ambiental, seja pela ação dos municípios que tenham essa capacidade, seja por consórcios intermunicipais.

A parceria com a iniciativa privada é o foco nas questões de infraestrutura. Para a manutenção das estradas estaduais, projeto um modelo de “mini-concessão”: contratos longos de manutenção regionalizados.

– Assim a gente enfrenta o problema de quando acabou a obra já está na hora de começar a tapar os buracos novos – acredita.

Para destravar as obras nas rodovias federais, promete estar à frente do debate com o Palácio do Planalto. Pode, inclusive, buscar as estadualização das rodovias para privatizá-las.

– Vamos fazer os estudos para implantação de concessão. E se for o caso, o governo estadual vai chamar para si a responsabilidade de fazer o que o governo federal não tem feito – afirma.

Como sempre faz nas entrevistas, minimiza possíveis dificuldades de composição política e governabilidade. Diz que Zema, olha Minas Gerais novamente, e o prefeito joinvilense Adriano Silva (Novo) aprovaram as difíceis reformas da previdência em seus primeiros anos de gestão sem lotear a máquina. Garante que o partido está pronto, mesmo novato, para governar os catarinenses.

– O Zema sempre diz que o Novo é a cara de Santa Catarina.


Sobre a foto em destaque:

Odair Tramontin (Novo) foi o segundo entrevistado da Sabatina Fecomércio SC. Foto: Divulgação.

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