O esperado aconteceu na reunião marcada para esta quinta-feira entre o ministro Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, e a bancada federal catarinense sobre o corte de R$ 43 milhões para obras viárias em Santa Catarina no orçamento deste ano: cobranças mútuas. Mas algo menos inesperado também aconteceu. O ministro fez uma espécie de autocrítica ao admitir que não está satisfeito com o andamento das obras federais no Estado. Uma insatisfação que vai gerar, segundo ele, forte cobrança as empresas contratadas e que pode até colocar em xeque o cargo do superintendente estadual do Dnit, Ronaldo Carioni.
– Olha, não estou satisfeito, obviamente, com o andamento das obras de Santa Catarina. Observe que nós não temos um problema financeiro. Nós temos um problema de execução de obra. Por isso que ano passado a gente nomeou um gerente em Brasília para ajudar a cuidar das obras de Santa Catarina, porque eu não estava satisfeito com andamento. Então, o que a gente vai fazer? Vamos botar as máquinas na pista. Então, vou chamar as empresas. Se não for suficiente, vou punir as empresas. Se for necessário tirar o superintendente do Dnit em Santa Catarina, nós vamos tirar. Tem que dar resposta, porque dinheiro tem. Tem o problema, não é financeiro, não falta dinheiro.
Ronaldo Carioni é ligado ao senador Jorginho Mello (Pl), que estava presente na reunião de forma virtual, mas não se manifestou.
A reunião começou com alguma tensão, com o ministro sendo cobrado pela coordenadora do Fórum Parlamentar Catarinense, Angela Amin (Progressistas) pelas críticas recebidas no Estado pela falta de força política junto ao governo federal para evitar os cortes. Tarcísio alegou que o critério para cortes focou nas emendas feitas pelas comissões temáticas – hoje as comissões de Infraestrutura do Senado e da Câmara dos Deputados estão nas mãos dos catarinenses Dário Berger (Mdb) e Carlos Chiodini (Mdb) e eles direcionaram recursos para obras no Estado. O ministro alfinetou os parlamentares ao dizer que se fossem emendas da bancada, que são impositivas, não teriam sido cortadas.
– Elas deveriam virar obras estruturantes e estão servindo, em quase todas as bancadas, como extensão das emendas individuais – criticou.
Os parlamentares – especialmente o senador Esperidião Amin (Progressistas) e os deputado federais Darci de Matos (Psd) e Rodrigo Coelho (Podemos) – ressaltaram que a situação das obras federais do Estado poderia ser ainda pior não fosse o repasse de R$ 500 milhões do governo estadual por iniciativa do governador Carlos Moisés (ex-Psl). Segundo o ministro, o dinheiro é bem-vindo, mas ainda não fez diferença no andamento das obras, especialmente na BR-470. Repetiu que o problema é mais de execução do que financeiro.
– Nós recebemos a BR-470 sem um quilômetro duplicado. Daqui a pouco nós vamos estar com 51 quilômetros duplicados. “Ah, mas foi o governo do Estado de Santa Catarina que salvou a gente”. Mas vamos lá, a gente fechou um acordo em outubro do ano passado. O primeiro mês em que houve medição e pagamento do governo do Estado já foi novembro. Novembro e dezembro. Não foi isso que fez a gente andar. A ajuda é bem vinda, é muito bem vinda. Eu não vou dizer que não quero. Quero. É dinheiro para colocar nas obras? Pode botar. Não estou nem aí para a paternidade das obras. Não interessa, eu quero que o problema seja resolvido. Acho que o que eu posso fazer neste momento para prestigiar o esforço que a bancada está fazendo para ver as obras andando é cobrar das empresas e de todos velocidade. Quero ver máquina na pista máquina, porque dinheiro tem. Não podemos chorar por falta de recursos.