Costumeira última etapa das definições das chapas majoritárias estaduais, a indicação dos dois suplentes dos candidatos a senador extrapolou o prazo das convenções em ainda tem alguns pontos indefinidos a três dias do fim do período de registro dos nomes, na segunda-feira, dia 15. As definições levam em conta menos o potencial eleitoral dos escolhidos, mas destacam o espaço dos partidos em cada coligação, acenos a políticos que andavam fora do circuito e até mesmo o atrelamento maior de legendas nas composições. A história política recente de Santa Catarina, no entanto, recomenda que se fique atento ao suplente eleito junto com o senador: ele pode herdar a cadeira.
Na últimas duas décadas, foram quatro as vezes que suplentes assumiram em definitivo a cadeira representando Santa Catarina. A morte de Vilson Kleinübing (Pfl) em outubro de 1998, deu pouco mais de metade do mandato para o suplente Geraldo Althoff (Pfl, hoje no Psd). Em janeiro de 2007, foi a vez do ex-deputado federal Neuto de Conto (Pmdb, hoje Mdb) assumir a vaga de Leonel Pavan (Psdb), que renunciou para assumir o cargo de vice-governador de Santa Catarina – eleito no ano anterior na chapa liderada por Luiz Henrique da Silveira (Pmdb). Quatro anos depois, em janeiro de 2011, outro acordo político gerou uma nova troca: eleito governador, Raimundo Colombo (Democratas, hoje Psd) renunciou e abriu a vaga para o ex-governador e ex-senador Casildo Maldaner (Pmdb). Por fim, novamente a fatalidade: em maio de 2015, a morte de Luiz Henrique fez com que Dalírio Beber (Psdb) assumisse quase metade do mandato de senador.
Neste ano, dois suplentes estão a postos de olho no resultado das eleições para governador. Geraldo Althoff pode retornar ao Senado como suplente efetivado mais uma vez se o senador Esperidião Amin (Progressistas) for eleito governador. Da mesma forma, Ivete Appel da Silveira (Mdb), viúva de Luiz Henrique, herda o mandato se Jorginho Mello (Partido Liberal) vencer a disputa. Curiosamente, os partidos dos suplentes apoiam outros candidatos ao governo – o Psd de Althoff está com Gean Loureiro (União), enquanto os emedebistas compuseram chapa com o governador Carlos Moisés (Republicanos).
Para este ano, diversos foram os critérios para definir as suplências. Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) para concorrer ao Senado, Jorge Seif Júnior (Partido Liberal) tem dois empresários nas suplências que foram escolhidos por Luciano Hang, das Lojas Havan, que era o nome preferencial para a disputa, mas declinou. Ele indicou Hermes Klann, de Brusque, e Adrian Censi, de Blumenau.
Também pleiteando a raia bolsonarista na disputa pela vaga no Senado, o deputado estadual Kennedy Nunes (Ptb) cedeu a primeira suplência ao Psdb – dentro do acordo para que os tucanos integrassem a aliança com o Progressistas na chapa liderada por Amin ao governo. Assim, o ex-prefeito Bruno Bortoluzzi, de Xanxerê, ficou com a vaga. A segunda suplência ficou com Rutineia Rossi (Ptb). (O texto inicialmente trazia a informação incorreta de que a segunda suplência também fora cedida ao Psdb). Em 2018, ela foi candidata a deputada estadual pelo Psl e ficou com a sexta suplência, com 13,9 mil votos.
Na tentativa de voltar ao Senado, o ex-governador Raimundo Colombo teve autonomia para escolha do primeiro suplente com um perfil específico: queria alguém ligado ao setor empresarial de Joinville. A escolha recaiu sobre Ivandro de Souza (União), que ficou em quinto lugar na disputa pela prefeitura joinvilense em 2020, ainda filiado ao Podemos. A segunda suplência coube ao Patriota, integrante da coligação, ficou com o vereador David Fernandes, de Balneário Camboriú.
Na aliança governista, a primeira suplência de Celso Maldaner (Mdb) foi uma forma de cruzar o sangue na coligação. A vaga ficou com o deputado estadual Nazareno Martins (Podemos), que não concorrerá à reeleição para o filho Camilo Martins – ex-prefeito de Palhoça e presidente estadual do Podemos. Uma forma de neutralizar a influência que Colombo tem sobre setores do partido. O segundo nome é do do ex-deputado federal Edinho Bez, presidente em exercício do Mdb, que abriu mão de disputar a vaga de senador na convenção emedebista para apoiar Maldaner.
Na frente de esquerda, a composição buscou atrelar a história ao pragmatismo. Assim, o ex-emedebista e ex-tucano Dário Berger (Psb) terá como primeiro suplente o petista José Fritsch, ex-deputado federal. ex-prefeito de Chapecó e duas vezes candidato a governador pelo Pt. A composição fica completa com Guaraci Fagundes, presidente estadual do Pv, na segunda suplência.
As demais candidaturas ao Senado são isoladas e buscaram nomes dentro das próprias legendas ou federações. Assim, o Pdt lançou a vereadora Hilda Deola, de Itajaí, como candidata a senadora. Ela terá Adilson Buzzi, de Joinville, como primeira suplente, mas o partido ainda não confirmou o segundo nome. O Novo tem Luiz Barboza como candidato a senador, com Helon Rebelatto e Cariny Figueiredo nas suplências. No Psol, a candidatura do vereador florianopolitano Afrânio Boppré terá como companhia a ambientalista Miriam Prochnow (Rede) e Maria Cristina (Psol).
Mesmo integrando a aliança de Carlos Moisés, o Psc resolveu lançar uma candidatura avulsa ao Senado – o que foi permitido este ano graças a uma mudança de entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (Tse). Assim, a vereadora Chris Stuart, de Itajaí, vai para a disputa com Bruna Werner e Wanderlei Marega, também do Psc, na primeira e na segunda suplências. A lista de candidatos fica completa com a chapa do ultraesquerdista Pstu: Gilmar Salgado para o Senado, com Marina Soares e Tarcísio Eberhardt nas suplências.
Sobre a foto em destaque:
Os suplentes miram o Senado. Às vezes, alcançam. Foto: Edilson Rodrigues, Agência Senado.