Ainda sem pré-candidato ao governo do Estado, o Psb catarinense importou o paulista. Segundo colocado na disputa de São Paulo em 2018 e nome do partido para o ano que vem, o ex-governador Márcio França veio a Florianópolis no feriadão para uma compromisso familiar, mas foi requisitado para agendas políticas com a legenda que tenta se reinventar em Santa Catarina após um período de seis anos sob controle do grupo político do ex-deputado federal Paulo Bornhausen, hoje no Podemos.
O compromisso oficial foi um encontro com lideranças em Garopaba, cidade vizinha à única governada pelo partido no Estado, Imbituba – o prefeito Rosenvaldo Junior. Havia também vereadores das duas cidades e de São José, além do ex-prefeito de Governador Celso Ramos, Juliano Campos, pré-candidato a deputado estadual, e o presidente estadual da sigla e ex-deputado federal Cláudio Vignatti, que quer voltar para Brasília. Um pequeno evento que mostra o tamanho do desafio de Vignatti à frente do Psb no Estado, mas que também indica as possibilidades. Quase vazio em Santa Catarina, o Psb tem porte e projeto em termos nacionais, representados no encontro por Márcio França.
Com o paulista à tiracolo, Vignatti mirou os dois nomes que estão nas possibilidades de majoritária do Psb em Santa Catarina. Tentou um encontro com o ex-deputado federal Jorge Boeira (Progressistas), que ainda avalia o convite para ingressar no partido e tornar-se o pré-candidato ao governo do Estado. Por questões de agenda, não foi possível. Mesmo assim, a expectativa sobre a filiação de Boeira é grande, especialmente com a provável filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Progressistas.
O segundo encontro foi bem-sucedido. No escritório mantido pelo ex-deputado federal Djalma Berger na Arena Petry, em São José, França e Vignatti conversaram com o senador Dário Berger, um dos pré-candidatos do Mdb ao governo. O paulista e Djalma, também presente, foram colegas de bancada do Psb na Câmara dos Deputados entre 2007 e 2008. Não houve convite explícito para que Dário ingresse no partido, mas é certo que se ele conseguir a vaga pelo Mdb é grande a chance de que os partidos estejam juntos. Após o encontro, França encheu Dário de elogios em entrevista ao jornalista Marcelo Lula.
O Psb e Dário tem um ponto em comum neste momento do jogo pré-eleitoral: são peças soltas no tabuleiro. Como disse o próprio França, há algo de estranho quando um senador e ex-prefeito de Capital não consegue ser o nome natural de seu partido para concorrer ao governo. Neste momento do jogo, o Mdb se inclina pelo prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli, pelo perfil de empresário que veio para a política e os tons bolsonaristas no discurso, ou por uma composição com o governador Carlos Moisés (ex-Psl). Mas Dário é aquele tipo de político cuja sorte gosta de presentear na hora certa. Em 2014, era um bode na sala para impedir a entrada do Pp na aliança Psd/Mdb e virou senador.
Ao mesmo tempo, o Psb é uma peça solta pelo potencial de aglutinar lideranças de centro-esquerda e se tornar ponto de apoio de uma frente de esquerda. Um candidato do Psb, se houver, pode receber o apoio de Pt e Pdt, que tem projetos nacionais diferentes – o ex-presidente Lula (Pt) e o ex-ministro Ciro Gomes (Pdt) -, mas demonstram interesse em coligação no Estado. Boeira, ex-petista, é o nome mais palatável para essa composição. Tudo vai depender das articulações dos próximos meses.
Sobre a foto em destaque:
Passeando por Santa Catarina, o ex-governador paulista Márcio França foi requisitado para agendas do Psb no Estado. Foto: Psb, Divulgação.