No Dia do Professor, celebrado domingo, o Sinte-SC lançou o movimento #ProfeTemValor. A ideia é debater com a sociedade e o governo estadual a discrepância entre o valor salarial e o valor do trabalho docente em Santa Catarina. Apesar do papel crucial na formação cidadã e no desenvolvimento do estado, os educadores amargam a pior remuneração entre as profissões de curso superior.
– Quem diz que defende, valoriza ou que acredita na Educação precisa se engajar aos nossos esforços. É um chamado para todos, para governantes, sim, mas também para toda sociedade. Neste dia dos professores, a melhor forma de reconhecer a contribuição dos educadores é por meio de ações concretas – diz o professor Evandro Accadrolli, coordenador do Sinte-SC, entidade que representa cerca de 70 mil docentes da rede pública estadual.
Na rede pública estadual, que emprega cerca de 48 mil professores, além de receber apenas 75% do salário pago a profissionais de outras áreas com mesmo nível de formação, os docentes se queixam de que falta valorizar o tempo de experiência. Em uma comparação nacional recente, Santa Catarina ficou em último lugar entre todos os planos de carreira e salários do magistério estadual. Um professor com licenciatura plena ganha o mesmo salário do início ao final da carreira no Estado. O relatório foi elaborado pelo Movimento Profissão Docente, coalizão de organizações do terceiro setor que atuam para a melhoria da educação no Brasil.
A reivindicação histórica da categoria é de que o mesmo percentual de reajuste aplicado anualmente ao piso da categoria seja aplicado em todas as faixas salariais da categoria. Essa tese nunca foi endossada pelos governos estaduais desde 2008, quando foi criada a lei do piso nacional.
– O mínimo que temos exigido há anos é que todos professores de Santa Catarina tenham direito ao reajuste anual determinado em lei ao magistério no Brasil desde 2008. Atualmente, ele é aplicado somente no piso, ou seja, na menor remuneração da carreira. Mais de 95% dos professores deixam de ser contemplados – destaca Evandro.
O sindicalista também enfatiza ainda que a legislação estadual criada no governo Carlos Moisés (Republicanos) que instituiu remuneração mínima de R$ 5 mil para os professores estaduais acaba não se refletindo no valor recebido ao final do mês pela maioria dos professores.
– Além de se referir ao valor bruto, em nada abriu possibilidades para o professor ganhar mais ao longo dos anos.
O debate convocado pelo Sinte-SC não se limita aos professores da rede pública estadual. Os profissionais da área da educação no setor privado foram os que receberam os menores salários no segundo trimestre deste ano, em 126 profissões analisadas por um levantamento do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) com microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE. O menor rendimento foi registrado entre os professores do ensino pré-escolar: R$2,2 mil. Na sequência, vieram outros profissionais de ensino com R$2,5 mil.
– Santa Catarina não pode seguir sonegando salários condizentes ao trabalho docente, ainda mais se realmente aposta na educação para superar seus principais desafios – conclui Evandro.
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Evandro Accadrolli, coordenador do Sinte-SC. Foto: Divulgação.