Não vai ser fácil encontrar similaridades nos movimentos do governador eleito Jorginho Mello (Partido Liberal) com os do atual ocupante do cargo, Carlos Moisés (Republicanos). Eleitos a bordo das expressivas votações de Jair Bolsonaro (Partido Liberal) nas últimas duas eleições presidenciais em Santa Catarina, Jorginho e Moisés são praticamente antípodas, habitam mundos completamente diferentes na política e na vida. A transição de governo, no entanto, mostra um ponto em comum.

Escolhido de última hora para ser o candidato a governador do Psl em 2018, Carlos Moisés se fechou após a vitória. Diante da perplexidade e expectativa de quatro deputados federais e seis deputados estaduais eleitos na mesma Onda Bolsonaro que ele – e de diversos não eleitos prontos para ocupar espaços no novo governo -, o atual governador foi buscar guarida nos colegas de farda e em nomes fora do Psl. Quando apresentou a lista de 11 nomes para a equipe de transição para o então governador Eduardo Pinho Moreira (Mdb), o bolsonarismo não fazia parte dela.

Como disse antes, Jorginho é o oposto de Moisés. Sai o improviso da candidatura de última hora, entra a persistência de quem sempre sonhou com o governo do Estado; sai os movimentos de aprendiz de quem vivia seu primeiro cargo eletivo, entra a experiência de quem enfileirou quatro mandatos de deputado estadual, dois de deputado federal e um de senador, além de presidir o próprio partido desde que se filiou, em 2012.

No entanto, ao observar os 14 nomes que Jorginho Mello apresentou a Moisés para a transição de governos, é interessante perceber que o movimento é parecido. Jorginho busca os seus, indica nomes técnicos, muitos de carreira ou com experiência na máquina, poucos vínculos políticos evidentes. Na coordenação, um político discreto, Moisés Diersmann, ex-prefeito de Luzerna, que já havia coordenado seu plano de governo. Dos nomes postos, talvez o único com perfil para o primeiro escalão.

Não estão na equipe de transição nomes que são tidos como certos para o secretariado de Jorginho, como a deputada federal reeleita Carmen Zanotto (Cidadania) na Saúde e o presidente do sistema Acafe, Aristides Cimadon, na Educação. Mas o que chama atenção mesmo – e traça o paralelo com Moisés – é a ausência de representantes explícitos do bolsonarismo que foi fundamental para a vitória nas urnas.

Jorginho não está encasulado. Em reunião com a bancada estadual eleita, garantiu que todos ali são governo e serão ouvidos. Nos grupos de WhatsApp do Pl, há desconforto sobre nomes de fora do time em postos estratégicos do governo. Ao apresentar seus nomes para a transição, o governador eleito turbina as especulações.


Sobre a foto em destaque:

Primeira reunião da transição colocou de um lado nomes de Jorginho, como Moisés Diersmann (segundo à esquerda), como o time de Carlos Moisés, como Juliano Chiodelli e Paulo Eli. Foto: Maurício Vieira, Secom.

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