Acionadas as comportas da barragem de José Boiteux após muita negociação – e confronto direto entre os Xokleng e a Polícia Militar -, resta ao governo do Estado recuperar a confiança dos indígenas para que os futuros acessos à barragem não precisem ser garantidos pelas forças de segurança. A Secretaria de Estado de Assistência Social, que por vezes mediou os interesses do governo nas reuniões, será responsável por essa reaproximação. Em entrevista aos jornalistas Adelor Lessa, Maga Stopassoli e Upiara Boschi no quadro Plenário, na rádio Som Maior, a titular da pasta, Maria Helena Zimmerman, afirma que houve desgaste desde o primeiro momento,
– Houve um desgaste entre o Estado e a comunidade indígena, mas tudo é trabalho de recomeço. É uma demanda de mais de 20 anos. Eles têm a busca do direito deles pois moravam ali onde era a barragem. Veio o governo e construiu aquela barragem. Era uma aldeia só, quando construíram a barragem eles foram para o morro e se dividiram em dez aldeias. Ali tem aldeias que não tem acesso, então o governador Jorginho vem trabalhando com isso – diz a secretária.
Segundo Maria Helena, as demandas dos indígenas foram atendidas, mas com dificuldades.
– Toda a questão do plano de contingência foi cumprida pelo Estado. Existia uma questão de que as cestas básicas chegaram no sábado e o cacique se negou a receber, deu todo aquele problema e então começamos a entregar na segunda-feira da semana passada. Tinha a questão do barco, que mandamos um barco e eles não queriam aquele. Eles queriam ambulância, mandamos; queriam transporte, também mandamos para auxiliar as famílias.
No entanto, os investimentos permanentes pretendidos na região esbarram na “burocracia” da coisa pública. Maria Helena afirma que o projeto está em consulta de viabilidade com a prefeitura de José Bouitex e que, baixando as águas, será retomado. Em setembro deste ano, o governador Jorginho Mello (PL) anunciou a construção de uma nova escola, um ginásio, campo de futebol e espaço cultural – compromisso assumido para atender demandas históricas da comunidade Xokleng que vive na Terra Indígena Laklãnõ.
– Teve uma audiência pública lá, o governador faz reuniões conosco sobre a construção do campo de futebol, da estrada, da igreja, da casa do pastor. É todo um processo de governo que depende de projeto, consulta de viabilidade, orçamento. Então estamos trabalhando nisso e conhecemos o processo. Mas sabemos que a burocracia pública tem que ser seguida, então não conseguimos fazer tudo em março, em abril.
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Maria Helena Zimmermann na posse como secretária, como o governador Jorginho Mello e a vice Marilisa Boehm. Foto: Eduardo Valente, Secom-SC.