Depois de desmarcar duas entrevistas coletivas em que anunciaria a qual partido se filiaria para concorrer a senador, viajar para a Itália e insuflar de lá a formação de uma chapa com os prefeitos João Rodrigues (Psd, de Chapecó) e Clésio Salvaro (Psdb, de Criciúma), o empresário Luciano Hang, das Lojas Havan, anunciou nesta quarta-feira que está fora do jogo eleitoral. Uma decisão que foi lida antecipadamente pelos movimentos coordenados de desistência do tucano, na segunda-feira, e do pessedista, terça. A chapa que aliaria política tradicional e bolsonarismo assustou muita gente, mas não passou de fogo de artifício – daqueles bem barulhentos.

As falas de Clésio Salvaro e de João Rodrigues já indicavam que o ímpeto do empresário em concorrer ao Senado havia sido perdido em algum lugar de Roma. É a segunda vez que Luciano Hang semeia a possibilidade de concorrer a um cargo eletivo e desiste. Quatro anos atrás, não esticou o suspense. Desta vez, fez com que sua candidatura ao Senado fosse levada a sério e disputada. Patriota, Republicanos, Partido Liberal (Pl), Progressistas – diversos partidos e projetos entraram na mira. Em Brasília, liberais e republicanos brigaram pelo passe do empresário bolsonarista.

A presença de Hang também inibiu algumas pré-candidaturas a senador. O ex-governador Raimundo Colombo (Psd) e o senador Dário Berger (Psb), por exemplo, focaram-se nas disputas pelo governo. O Senado parecia uma eleição mais difícil, até pela ausência de um segundo turno que aglutinasse o eleitor que rejeita o empresário em uma candidatura só. Do lado direito da disputa, Hang inibiu a consolidação da pré-candidatura do deputado estadual Kennedy Nunes (Ptb). Sem o empresário das Lojas Havan, a eleição para senador em Santa Catarina fica igual à de governador: sem favorito.

Mas é importante ressaltar que favoritismo não é jogo jogado e isso deve ter entrado nas contas de Hang na hora da desistência. As pesquisas que circulam no meio político lhe dava uma liderança confortável na casa dos 30%, mas também apontavam que a rejeição a seu nome beirava os 40%. Haveria uma disputa que talvez ele não estivesse disposto a encarar. Além disso, sua intenção declarada de não apoiar diretamente um candidato a governador mostrou-se logo inviável, com as pressões e o pedido do presidente Jair Bolsonaro para que se filiasse ao Pl. Mesmo sem subir ao palanque do senador Jorginho Mello no Estado, estar no mesmo número seria uma vinculação inegável.

Talvez tenha surgido daí a conversa com João Rodrigues e Clésio Salvaro, dois nomes de peso que já haviam anunciado que não disputariam a eleição. Em 2018, entrou para o anedotário político uma viagem que reuniu na mesma aeronave Paulo Bauer (Psdb, senador à época), Gelson Merisio (deputado estadual pelo Psdb na época), Esperidião (Progressistas) e Raimundo Colombo. Era a “chapa do avião”, diziam, aquela que seria a preferida de Jorge Bornhausen. Uma costura que não deu certo e que nunca saberemos se tinha condições de evitar as surpresas que 2018 trouxe – eu acho que não. Para 2022, já temos nossa chapa anedótica. João, Clésio e Hang. A chapa do balão… de ensaio.

Veja o anúncio de Luciano Hang:


Sobre a foto em destaque:

Luciano Hang acena no Senado. Foto: Edilson Rodrigues, Agência Senado.

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