Quem acompanha o Upiara Online desde o começo vai lembrar do Renunciômetro. Em duas oportunidades, apontei as chances de renúncia de seis prefeitos de importantes cidades catarinenses mapeados para concorrer ao governo do Estado. Com o cenário consolidado neste último dia de desincompatibilização, resgato a ferramenta para mostrar que ela estava bem calibrada. Nas duas rodadas do Renunciômetro, os prefeitos que apareciam com maior chance de deixarem os cargos foram justamente os que realmente praticaram o gesto: Gean Loureiro (União), de Florianópolis, e Antídio Lunelli (Mdb), de Jaraguá do Sul.
Em 24 de dezembro, o instrumento marcou 75% de chance de renúncia para Gean e 50% para Antídio. O prefeito de Florianópolis mantinha o percentual aferido em 16 de julho, quando a ferramenta estreou no Upiara Online. Antídio havia caído de 90% para 50% por causa das disputas internas do Mdb. Que se mantiveram até o fim do prazo, mas não impediram a concretização da saída do prefeito – marcada para este sábado.
Já em dezembro, o Renunciômetro apontava como remotas as chances de outros prefeitos deixarem os cargos. Para Fabrício de Oliveira (Podemos), de Balneário Camboriú, o índice era 30%, seguido por João Rodrigues (Psd), de Chapecó, com 15%. O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (Psdb), apareceu com 5%, enquanto Joares Ponticelli (Progressistas), de Tubarão, marcou apenas 1%. O Renunciômetro volta em 2026, mas certamente terá menos trabalho. Esse cenário de tantos prefeitos com peso para majoritária ao mesmo tempo deve demorar a se repetir. Era – e ainda pode ser para Gean e Antídio – a vez dos prefeitos.
Caiu a ficha
O prazo final para desincompatibilização encerra mais uma pré-candidatura a governador. O tucano Vinicius Lummertz vai permanecer na Secretaria de Turismo de São Paulo. O aliado do presidenciável João Dória (Psdb), que renunciou ao governo paulista na quinta-feira, tentou cativar o Psdb catarinense com uma série de vídeos temáticos como esboço de plataforma eleitoral, mas acabou percebendo o que todos por aqui já tinham entendido: os tucanos de SC não estavam interessados no link direto com Dória que representaria uma candidatura de Lummertz ao governo. Ele desabafou sexta-feira, em entrevista ao quadro Plenário, da Rádio Som Maior.
Ficou muito claro que o Psdb de Santa Catarina não quer ter candidato a governador. Era meu projeto, de que o Psdb tivesse candidatura própria, usasse os recursos do fundo eleitoral, engrandecesse a chapa através disso, para colocar nossas teses e fazer um bom palanque para nossa candidatura (de Dória). Mas não é esse o caminho que o partido trilha. O caminho que o partido trilha é de negociações tanto para um lado mais bolsonarista quando para o lado do governador Moisés, sem buscar a candidatura própria.
Vinicius Lummertz, ex-pré-candidato a governador. Ouça a íntegra da entrevista.
Diga ao povo que fico
Depois de meses de especulações e articulações sobre o destino da deputada federal Carmen Zanotto, ela decidiu ficar onde está – permanece filiada ao Cidadania. Ela disse que não fazia sentido migrar depois de ter participado da decisão de fazer a federação com o Psdb. Concretizada a aliança, a chapa federal será um repeteco da dobradinha que deu certo em 2018, quando ela e Geovânia de Sá (Psdb) se elegeram em coligação. A diferença maior é a ausência do ex-deputado federal Marco Tebaldi (Psdb), que morreu em 2019. A chapa está mais fraca.
O time de Moisés, repartido
Na divisão dos governistas entre Republicanos e Podemos, o jogo ficou assim:
Republicanos
André Motta Ribeiro, pré-candidato à Alesc
Leandro Lima, pré-candidato à Alesc
Luciano Buligon, pré-candidato à Alesc
Lucas Esmeraldino, pré-candidato à Câmara
Rudinei Floriano, pré-candidato à Câmara
Edilene Steinwandter, pré-candidata à Alesc
Podemos
Daniel Netto Cândido, pré-candidato à Alesc
Janice Krasniak, pré-candidata à Alesc
Renê Meneses, pré-candidato à Alesc
Lucas Neves, pré-candidato à Alesc
Rodrigo Fachini, pré-candidato à Alesc
De última hora
Esvaziado em Florianópolis desde que Gean Loureiro (União) deixou o partido e levou consigo quem tinha votos o Mdb apresentou na sexta-feira os dois nomes que devem alicerçar a reconstrução da sigla na Capital: o ex-vice-prefeito João Batista Nunes (ex-Psdb), outro que foi trocado por Gean, e Marcelo Fett (ex-Podemos), que deixa a Secretaria de Desenvolvimento de São José. Eles farão dobradinha em outubro. João Batista concorre a uma vaga na Alesc, enquanto Fett mira a Câmara dos Deputados. Na região, o Mdb também filiou o ex-prefeito de São José, Vanildo Macedo.
Josefense
O Psd também buscou reforço em São José. Filiou o ex-deputado estadual Mario Marcondes – que em seu mandato na Alesc, entre 2015 e 2018, passou por Pr (atual Pl), Psdb e Mdb. Ao assinar a filiação com o presidente estadual Milton Hobus, ele garantiu estar voltando às origens do antigo Pfl, do qual o Psd é um dos herdeiros.