O ex-governador Raimundo Colombo (Psd) está no jogo para tentar um terceiro mandato em 2022. Ele concedeu entrevista a mim e ao jornalista Adelor Lessa, na Rádio Som Maior, na manhã desta terça-feira e defendeu que o Psd precisa definir um pré-candidato a governador para começar a construir um projeto viável para as eleições do ano que vem como alternativa ao governo de Carlos Moisés (Psl).
– Entendo que o Psd tem que ter candidato. Isso não impede que se converse com outros partidos e se forme alianças e lá no final chegue com um patrimônio que permita um projeto viável. Mas para chegar lá, tem que construir essa caminhada. E para isso, precisa ter pré-candidato, se não fica sem personalidade – disse Colombo.
O lageano afirmou que o partido precisa buscar um perfil de político que a sociedade queira e elogiou as alternativas pessedistas, incluindo-se nelas. Na régua dos elogios, o ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, foi mais citado que o prefeito chapecoense João Rodrigues.
– O Napoleão Bernardes é um nome extraordinário, um rapaz da melhor qualidade, com boa experiência, bom futuro, tenho muita simpatia por ele e acho que é um excelente quadro. O João Rodrigues tem a responsabilidade da prefeitura de Chapecó, mas também é um líder importante e se coloca à disposição. E a minha intenção é assim: se precisarem de mim, eu assumo responsabilidades. Se tiver alguém em melhores condições, eu vou ajudar. O importante é o projeto, a causa, é Santa Catarina. Não é uma imposição de “eu já fui, então quero ser” e nem “porque eu já fui, ninguém vai deixar eu ser”. Isso não existe – afirmou.
Ele comentou as falas recentes de João Rodrigues de que deveria abrir espaço para novos nomes na majoritária do Psd. No encontro estadual do partido, segunda-feira passada, o prefeito chapecoense chegou a brincar que achava que Colombo ia se aposentar depois de 2018, quando disputou a eleição para o Senado e ficou em quarto lugar.
– Ele não disse que eu deveria me aposentar. Ele disse “eu pensei que você ia se aposentar”, pelo menos foi o que eu ouvi. Não é muito elegante, mas eu, graças a Deus, não preciso que ninguém me aposente. Até porque ninguém tem essa capacidade de me dizer o que fazer, eu não sou criança e sei escolher meus caminhos. Essa questão de dar a vez aos outros não tem nenhum problema. Agora, o apoio que eu recebi, eu correspondi com vitórias em primeiro turno e dei ao partido o direito de governar por sete anos e pouco. Não foi tão ruim, né? – ironizou.

Colombo foi à Rádio Som Maior com o deputado federal Ricardo Guidi (à direita) e o vice-prefeito de Criciúma, Ricardo Fabris (sentado à esquerda), ambos do Psd. Foto: Vitor Netto, Som Maior.
Colombo disse que se mantém atualizado e que não está acomodado neste período sem mandato.
– Eu fui estudar, fui ler, fazer cursos, porque há uma mudança muito grande no Brasil. Eu não me desatualizei, porque eu gosto da política. Eu fui estudar quais são os desafios. Eu li mais de cem livros, eu vi todos os documentários sobre inteligência artificial, o impacto da internet, novos desafios da comunicação. Isso eu estou tentando trazer. Eu não estou aposentado e muito menos a minha inteligência está acomodada, estou sempre me desafiando para ser útil à sociedade e aos meus colegas de partido.
Ele garantiu que não será candidato a deputado estadual ou federal, o que ele qualificou como “uma sacanagem”.
– Seria querer ocupar um espaço que deve ser de outro. Não serei candidato a deputado estadual ou federal. Nós temos gente nova chegando e eu estaria tirando lugar de alguém, seria muito injusto da minha parte.
Colombo voltou a defender que o Psd deve se manter como alternativa a Moisés, o que não significa que condene os prefeitos do partido que buscam aproximação com o governo estadual.
– O relacionamento administrativo é desejável, limpo e correto. Quem é prefeito é prefeito de toda a população e deve buscar junto ao governo estadual e federal projetos, emendas, convênios para viabilizar seu governo. Não há nenhuma correção a ser feita. No campo político, nossa missão é outra. A sociedade precisa do contraponto e isso é nosso dever fazer. Tenho certeza de que nosso pessoal não quer cargo no governo, não quer indicar cargo. Talvez (alguns) queiram, mas o partido não quer em sua grande maioria.
Em relação à disputa presidencial de 2022 e a precoce polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (Pt), Colombo defende uma candidatura de terceira via e afirma que o Psd participa dessa construção. Segundo o ex-governador, o partido está focado em crescer para se tornar “o maior partido do Brasil”, citando a filiação dos prefeitos do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e a possibilidade de que o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (Psdb) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (Democratas) ingressem na legenda. Ele aponta Pacheco como um possível nome de terceira via presidencial.
– Temos que encontrar um nome que nos represente e apresente para a sociedade essa causa. Essa construção é importante para o Brasil. O resultado da eleição é a sociedade que vai colocar, mas nós temos que dar a ela uma opção. Que classe política é essa se mais de 50% da população quer uma terceira via e nós não temos competência de construir esse projeto e apresentar esse nome? É uma situação desafiadora.
Ouça a íntegra da entrevista:
Sobre a foto em destaque:
O ex-governador Raimundo Colombo (Psd) foi entrevistado no estúdio da Rádio Som Maior nesta terça-feira. Foto: Vitor Netto, Som Maior.