Eleito e reeleito governador em primeiro turno nas eleições de 2010 e 2014, Raimundo Colombo (Psd) está fora da disputa pelo comando do Estado em 2022. Ele não resistiu à pressão da ala pessedista que defende o apoio desde já à pré-candidatura de Gean Loureiro (União), ex-prefeito de Florianópolis, nas eleições deste ano. A tese é defendida pela maior parte da bancada estadual do Psd, sob liderança do deputado estadual Júlio Garcia (Psd) e foi apresentada em 26 de abril. Naquele encontro, o deputado estadual Milton Hobus, presidente do Psd-SC, convocou uma reunião com todos os pré-candidatos a deputado federal e estadual do Psd, marcada para esta segunda-feira, dia 9 de maio.

Era o tempo extra necessário para que a pré-candidatura de Raimundo Colombo conquistasse apoios externos que fizessem frente proposta do União Brasil de Gean Loureiro. Os alvos do ex-governador eram o Psdb e o Progressistas, do senador e também pré-candidato ao governo Esperidião Amin. A conversa mais importante foi com Amin, que recusou a ideia de anunciar agora apoio a Colombo. Ao mesmo tempo, estavam em campo para convencer o ex-governador a deixar a disputa e abraçar a pré-candidatura ao Senado dois nomes de peso: o ex-senador Jorge Bornhausen e o presidente nacional do Psd, Gilberto Kassab.

Embora as pesquisas realizadas até agora coloquem Colombo com índices superiores aos de Gean Loureiro, prevaleceu a tese de que o ex-governador teria uma campanha desgastante pela frente, desalinhado da polarização nacional entre o presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) e o ex-presidente Lula (Pt), e que o ex-prefeito da Capital tem mais munição para enfrentar a disputa. A forte pressão vinda da ala parlamentar do Psd – além de Júlio Garcia, os deputados estaduais Ismael dos Santos e Marlene Fengler e os deputados federais Darci de Matos e Ricardo Guidi já estavam acertados com o projeto Gean – incomodou Colombo, que chegou a colocar a dúvida a disposição de concorrer a Senado na chapa do ex-prefeito.

A decisão de sair da disputa pelo governo veio na semana passada, onde pesaram as conversas com Amin, Bornhausen e Kassab. Colombo recebeu garantias de que se concorrer ao Senado, terá respaldo do Psd nacional para a campanha eleitoral e também visibilidade no Congresso caso seja eleito. Colombo ainda avalia o cenário e a própria disposição de concorrer a senador – cargo que ele ocupou entre 2007 e 2010, quando renunciou para assumir o governo pela primeira vez. Em 2018, o ex-governador tentou retornar ao Senado, mas acabou em quarto lugar na disputa por duas vagas, atingido pela onda de renovação propagada pela votação de Bolsonaro em Santa Catarina.

Na sexta-feira, em passagem por Criciúma, Gean concedeu entrevista à Rádio Som Maior em que já dava como fato consumado o apoio do Psd à sua campanha. A antecipação desse acerto para maio é fundamental na estratégia do ex-prefeito da Capital pela necessidade de robustecer sua pré-campanha fora da Grande Florianópolis. Com o apoio pessedista, fica descartada a possibilidade de que ele abrisse mão de disputar o governo para compor com Colombo. Além disso, o pré-candidato do União ganha a capilaridade do Psd no interior do Estado, conquistada nos período em que o partido comandou o Estado.

Com o Psd ao lado, Gean parte para a missão de estadualizar seu nome e vencer as resistências a um candidato da Capital em fortes redutos eleitorais como Joinville e o Vale do Itajaí. Para isso, vai continuar tentando o apoio do Mdb e do Psdb. Os emedebistas tem Antídio Lunelli, ex-prefeito de Jaraguá do Sul, como pré-candidato a governador e a tendência explicitada pela bancada estadual e a maior parte dos prefeitos do partido pelo apoio à reeleição do governador Carlos Moisés (Republicanos). Os tucanos seguem tendência parecida. Na sexta-feira, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (Psdb) recebeu a visita de Gean, mas logo depois, em evento de prefeitos da região com Moisés, defendeu a continuidade do governador.


Sobre a foto em destaque:

Colombo discursa em evento do Psd em 2012 na condição de pré-candidato a governador. Esta semana, ele formaliza a saída da disputa. Foto: Caio Marcelo, Divulgação.

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