O Psb catarinense decidiu encerrar definitivamente os laços com o período em que abrigou o grupo político do ex-deputado federal Paulo Bornhausen, entre 2013 e 2019. Na noite de segunda-feira, a executiva estadual do partido decidiu, por unanimidade, pela desfiliação dos deputados estaduais Laercio Schuster e Nazareno Martins – permitindo que ambos deixem a sigla sem que haja chance de perda dos mandatos. Na prática, ambos os parlamentares já atuam como integrantes do Podemos, atual casa do grupo político em que se elegeram nas eleições de 2018.

– Essa é uma decisão construída sem traumas para o partido e os parlamentares. O Psb precisava sinalizar para a sua militância e também à sociedade catarinense o rompimento definitivo com seu passado recente de incoerências e contradições insuperáveis do ponto de vista político. A atuação e os compromissos desses parlamentares remetem a esse passado – disse o presidente estadual do partido, Cláudio Vignatti.

O Psb vive um momento de consolidação de um retorno ao campo da centro-esquerda iniciado após a morte do ex-governador pernambucano Eduardo Campos em plena campanha presidencial de 2014. Foi sob comando dele que o histórico partido esquerdista de Miguel Arraes buscou nomes ao centro e à direita, especialmente no Sul e no Sudeste, para apresentar-se como alternativa na época em que a política brasileira estava polarizada entre Pt e Psdb. A filiação de Paulo Bornhausen e seu grupo político fez parte deste contexto. Em 2019, o grupo entrou em colisão com o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, e deixou a sigla.

Entre os parlamentares eleitos, no entanto, havia a necessidade de autorização judicial para desfiliação. Ainda em 2019, o deputado estadual Bruno Souza conseguiu essa autorização e migrou para o Novo. Em abril, foi a vez do deputado federal Rodrigo Coelho, que ainda não consumou a saída, mas também se encaminha para o Podemos. Agora, será a vez de Laércio e Nazareno – que é pai do ex-prefeito palhocense Camilo Martins, presidente estadual do Podemos.

Com a saída de ambos, o Psb espera avançar seu projeto de protagonizar uma frente de esquerda no Estado. Nesta quinta-feira, Vignatti – ex-deputado federal pelo Pt, que assumiu o partido em Santa Catarina no início de 2020 – vai encontrar Siqueira na companhia do ex-deputado federal Jorge Boeira (Progressistas), a quem deve ser oferecida a condição de pré-candidato a governador pelo partido. O partido também conversa com o senador Dário Berger (Mdb), que recebeu elogios do ex-governador paulista Márcio França (Psb) em recente visita ao Estado.

– Somos oposição a Bolsonaro e o que ele representa. E temos consciência do papel que o PSB cumprirá em 2022, sobretudo aqui, onde o próprio Bolsonaro e a extrema-direita obtiveram expressiva votação. Nossa tarefa é construir um projeto e uma aliança para além da bolha da esquerda. Não por acaso, criamos o movimento SC:Potência Criativa. Um partido do porte e da história do PSB não pode se furtar de apresentar aos catarinenses um programa de governança. Com isso, queremos seduzir para o nosso projeto lideranças com ampla representatividade e capacidade para nos ajudar a construir uma novidade política alinhada com a defesa do Estado de Direito e a melhoria das condições de vida para a nossa gente de Santa Catarina – disse Vignatti.


Sobre a foto em destaque:

Láercio Schuster, eleito pelo Psb, deve migrar para o Podemos, assim como o colega Nazareno Martins. Foto: Daniel Conzi, Agência AL.

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