Um dos pontos principais da campanha de Jorginho Mello (Partido Liberal) ao governo do Estado, a promessa de comprar todas vagas das 14 universidades ligadas ao Sistema Acafe para distribuição gratuita em troca de trabalho voluntário após a formatura é um sonho antigo da entidade. Presidente da Acafe e reitor da Unoesc, Aristides Cimadon afirma que a proposta foi sugerida por um grupo de professores e estudiosos da associação antes de no plano de governo do candidato.
Batizada de Faculdade Gratuita, a ideia vigoraria a partir do segundo semestre de 2023, contemplando também àqueles alunos já matriculados nos campi do sistema Acafe. De acordo com Aristides Cimadon, a proposta custaria R$ 2 bilhões aos cofres públicos – um montante equivalente a cerca de 5% da receita estadual com o Icms. O reitor defende que o apoio à Acafe é uma alternativa de alavancar a educação a nível médio e superior em Santa Catarina.
– Não seria uma coisa exorbitante já que a própria Federal tem isso de orçamento. Fazendo a avaliação com a equipe de trabalho do senador, nós entendemos perfeitamente que isso é possível. Evidentemente há necessidade de regulamentação para isso, mas é possível – diz Cimadon.
Entrevistado na terça-feira na série de sabatinas com candidatos a governador na Jovem Pan Joinville, em resposta ao jornalista Upiara Boschi, Jorginho detalhou a proposta. O senador compara a proposta ao investimento que o Estado de São Paulo faz nas universidades estaduais – embora, nesse caso, as instituições sejam públicas. Nas contas do candidato, a proposta custa R$ 500 milhões menos do que aponta o reitor.
– Eu copiei a ideia de São Paulo: a USP, Unicamp, Unesp, são todas universidades estaduais que gastam 10% do orçamento. Em Santa Catarina, gastamos 3,5% do orçamento (com a Udesc) e gastaremos mais 5%, para gastar 8,5% para que adquiramos todas as vagas do sistema Acafe, que hoje são 142 mil com capacidade para até 200 mil vagas. Vamos regulamentar a Lei e ela valerá a partir do segundo semestre do ano que vem, pois temos que aprovar na Assembleia. Hoje, se gasta R$ 480 milhões a R$ 520 milhões por ano com o Uniedu. Vamos alterar isso e deixar apenas uma condição: passar no vestibular e morando aqui. E depois de formado você vai trabalhar 1 ano, 4 horas por semana numa faculdade naquele curso que você se formou. Com isso, vamos gastar mais ou menos R$ 1,5 bilhão ao ano para bancar todas essas vagas.
Jorginho descreveu a ideia como fruto de um processo de evolução dentro da educação catarinense, integrando as universidades comunitárias ao Estado de Santa Catarina. Ainda, sinaliza que a implantação passa pela aderência das classes que compõem o ensino.
– Isso é um estudo que estou fazendo há mais de dois anos. Eu sou quem deu independência e identidade à Acafe. Eu aprovei a Lei dando identidade para a Acafe. Antes, tínhamos apenas universidades públicas e privadas. Hoje, temos universidades públicas, privadas e comunitárias. Com muita honra, pois aqui em Santa Catarina, é um sistema muito forte. Estou pensando, estudando isso com professores, com o presidente da Acafe, com reitores, alunos, economistas há mais de dois anos para que possamos dar um salto em Santa Catarina, dando oportunidade a quem quer fazer um curso superior de seus sonhos, não aqueles que pode pagar.
A boa relação entre Jorginho e o reitor Aristides Cimadon é antiga. Ele chegou a ser indicado pelo senador ao presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) para ocupar o Ministério da Educação após a demissão de Abraham Weintraub, em 2020. Na época, o nome do reitor enfrentou resistência dos chamados olavistas e o presidente optou por Milton Ribeiro, mas o catarinense ganhou uma vaga no Conselho Nacional de Educação. Se Jorginho for eleito, larga como favorito para assumir a Secretaria de Educação.
Entusiasmo para tocar o projeto tornar públicas as vagas da Acafe não falta ao reitor.
– Santa Catarina se tornaria um grande Estado pois este projeto não estaria só linkado ao ensino superior, mas também ao ensino médio. Os itinerários formativos poderiam ser feitos nas universidades comunitárias regionais – finalizou.
Sobre a foto em destaque:
Jorginho promete universidade gratuita na propaganda eleitoral. Foto: Reprodução.