Neste segundo turno, Jorginho Mello (Partido Liberal) prometeu que, se eleito governador, Santa Catarina terá o gás mais barato do país. A ideia, veiculada em propaganda eleitoral desde o dia 19 deste mês, atende tanto ao Pib industrial, que depende do insumo para 50% de seu abastecimento, quanto ao consumidor final que o utiliza nos carros e nas cozinhas.  No entanto, esbarra em problemas de logística e distribuição, além de projeções de redução de preços – por contratos já existentes, fugirem da alçada do próximo governo.

Estado que hoje figura entre o segundo e terceiro maior preço pelo gás em território nacional, Santa Catarina já teve, durante o governo de Raimundo Colombo (Psd), o gás mais competitivo do país em comparação às demais distribuidoras. Atualmente, o descompasso ocorre em razão de contextos geopolíticos globais, políticas da atual gestão estadual que objetivaram aumentar a rentabilidade das estatais catarinenses, além de mudanças logísticas tabelamento de aquisição do gás – que representam 90% da tarifa, segundo dados da Companhia de Gás de Santa Catarina (SCGás).

Importante lembrar que o gás natural é fornecido para 4 segmentos: o industrial, automotivo, para comércio e residencial. Todos estão acima da média comparativa entre as distribuidoras de outros Estados.

Por meio de assessoria de imprensa, a coordenação de campanha de Jorginho explica que deseja atuar em duas frentes: rever os contratos atuais de suprimento, isso é, ampliar diversificação do fornecimento do gás, uma vez que hoje apenas a Petrobrás atende à demanda catarinense, através de dois contratos, e a avaliação da velocidade de investimento em novas infraestruturas que a distribuidora quer fazer, assim como o lucro projetado, uma vez que altos lucros podem onerar a tarifa. Em 2021, a distribuidora local investiu R$ 80 milhões em novas redes, o que gerou R$ 180 milhões em lucro.

Um dos contratos da SCGás com a Petrobras é chamado de “Nmg 25” e foi assinado no fim de 2021 para garantir continuidade no abastecimento ao consumidor final. Segundo o gerente de Suprimento de Gás da SCGás, Marcos André Tottene, em 2022, o contrato representou o maior custo para abastecimento do insumo da história da companhia.

Outros 800 mil metros cúbicos diários são fornecidos por meio de outro contrato com a Petrobras, o Nmg 23, com valores mais baixos do que o contrato mais recente.

– Os preços da parcela da molécula nos contratos de suprimento da SCGÁS seguem um regramento atrelado às cotações do Petróleo tipo Brent e do câmbio. Para este ano, o custo de aquisição da molécula no contrato “NMG 25” está fixado a 17,15% do Brent, que é o valor de referência internacional do preço do Petróleo + 0,21 US$/mmbtu. Já em janeiro de 2023, o contrato prevê queda para 14,40%, voltando ao patamar de 11,6% para 2024 e 2025. Ou seja, já existe uma perspectiva próxima de redução -, diz Tottene.

Isso não significa que Santa Catarina voltará a ter o gás mais barato ofertado no Brasil. A respeito do que fazem Bahia e Paraná, por exemplo, outros Estados poderiam adquirir o insumo de maneira mais barata.

– Da mesma forma que estes contratos nos dão uma segurança de redução de preço a partir de 2023, distribuidoras de outros estados momentaneamente podem apresentar custos de aquisição de gás relativamente inferiores, graças a contratos assinados antes do agravamento da crise energética internacional. Em momentos diferentes, essas distribuidoras terão seus contratos renovados, e os impactos do cenário atual serão sentidos em outras regiões do país a ter o gás mais barato em território brasileiro.

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