O primeiro evento estadual do ainda não fundado União Brasil, na noite de quarta-feira em Florianópolis, valeu como uma espécie de lançamento oficial da pré-candidatura do prefeito Gean Loureiro (Democratas) ao governo do Estado. E o encontro, realizado em um hotel no Centro da Capital, mostrou que ele tem envergadura para esta pretensão. Cerca de 200 pessoas tomaram o auditório – prefeitos, vice, vereadores, pré-candidatos a vagas de deputado federal e estadual. Tão importante quanto, no entanto, foi que Gean mostrou uma relação já azeitada com lideranças do Psl, a outra metade do novo partido, e sintonia com legendas que podem estar no seu arco de alianças.
Pela correlação de forças políticas no evento, ficou clara a disposição de construir uma raia alternativa às candidaturas do governador Carlos Moisés (ex-Psl) e do senador Jorginho Mello (Pl). Nesse sentido, a presença mais mais marcante foi a do deputado estadual Júlio Garcia (Psd), exatamente ao lado do prefeito florianopolitano na mesa de autoridades. Disse que estava ali para uma visita de cortesia, mas também pelas conversas frequentes com Gean sobre um projeto comum em 2022. Elogiou o prefeito como um “grande líder que tem mostrado capacidade política e administrativa”, sem deixar de citar que o Psd tem três pré-candidatos ao governo – Raimundo Colombo, Napoleão Bernardes e João Rodrigues. Deixou a porta aberta para uma construção conjunta.
– Todos os partidos que pensarem da mesma forma, que quiserem o melhor para Santa Catarina e estiverem dispostos a fazer um planejamento para que Santa Catarina seja ainda melhor, devem estar juntos. No primeiro momento, não em torno de nomes. Em torno de um grande projeto para Santa Catarina. A partir daí, em conjunto, escolher os nomes que devem dirigir os destinos de Santa Catarina sob o aplauso de todos nós – afirmou Júlio Garcia.
Além do pessedista, o evento contou com representantes do Podemos (o dirigente Ronaldo Freire), do Republicanos (o vice-prefeito Topázio Neto) e do Psc (o deputado estadual Jair Miotto, em rápida passagem). Também estava lá o presidente do Conselho Estadual de Pastores de Santa Catarina, Leonardo Aluísio – os evangélicos não são um partido, mas são um segmento importante que Gean reuniu com sucesso na disputa pela reeleição em Florianópolis ano passado. Pretende repetir a dose em nível estadual.
Da cúpula nacional do União Brasil, veio o futuro vice-presidente Antônio Rueda (atual vice-presidente do Psl nacional). Por vídeo, ACM Neto (presidente do Democratas, futuro secretário-geral do Ub) e Luciano Bivar (presidente do Psl, que vai presidir o novo partido) saudaram o encontro. O democrata baiano garantiu que a candidatura de Gean ao governo é uma das prioridades nacionais do União Brasil e que caberá a ele dirigir a legenda no Estado. Rueda também citou o prefeito como comandante do projeto.
A resposta oficial sobre quem será o presidente estadual da sigla – Gean ou o deputado federal Fábio Schiochet (presidente estadual do Psl) – só será respondida oficialmente quando o União Brasil for formalizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (Tse). No encontro de ontem, ambos mostraram alinhamento e tiraram muitas fotos juntos formando com as mãos o número 44 do novo partido. Encerrando o encontro com um discurso de quase 25 minutos, Gean falou como pré-candidato a governador – com direito a farpas à gestão do governador Carlos Moisés (ex-Psl), sem citá-lo.
Gean disse que não basta ao Estado “ter superávit ou transferir recursos aos prefeitos”, se “a rodovia que liga ao outro município estar destruída”. Citou as demandas do agronegócio no Oeste do Estado por mais infraestrutura para escoar a produção, disse que a situação das escolas estaduais faz com que “em toda Santa Catarina as pessoas estejam correndo para as escolas municipais”, entre outras questões.
– Não estou fazendo crítica ao administrador de plantão, isso é uma realidade de Santa Catarina. Mas uma realidade que precisa se enfrentada e isso não se faz sozinho – disse Gean.
Ele exaltou a presença de Júlio Garcia e a possível parceria com o Psd – hoje considerada vital para dar capilaridade ao projeto do União Brasil.
– O Psd é um dos três maiores partidos de Santa Catarina e está permitindo que a gente tenha uma construção efetiva conjunta. Isso demonstra respeito com o União Brasil, porque o Psd poderia dizer “nós somos desse tamanho todo, temos candidato a governador e quem quiser nos apoia”. Mas não. Lideranças como o Júlio, grande articulador. Pessoas de respeito como o ex-governador e ex-senador Jorge Bornhausen, lideranças como ex-governador Raimundo Colombo, como o ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, como o prefeito de Chapecó, João Rodrigues. Estão nos permitindo formar um time único que pense um projeto para Santa Catarina. E lá na frente, em março, quero dizer com muita humildade: se tiver um outro nome melhor que o nosso, seremos cabo eleitoral para esse nome fazer a gente chegar ao poder. Mas se nós construirmos o nome que possa ser melhor para o projeto completo, eu não tenho dúvida de que essa recíproca é verdadeira, que a gente trabalha com pessoas sérias, do bem.
Sobre a foto em destaque:
Na mesa de autoridades do primeiro encontro do União Brasil em Santa Catarina, Fábio Schiochet, Antonio Rueda, Gean Loureiro e o pessedista Júlio Garcia. Foto: Leonardo Sousa, Divulgação.