Nas eleições deste ano em Santa Catarina, o Republicanos se preparou para um salto. Na primeira eleição estadual sem coligação na proporcional, a legenda venceu a disputa pela filiação do governador Carlos Moisés e reforçou suas chapas com ex-secretários de sua gestão. As urnas, no entanto, não confirmaram a expectativa do partido. Presidente estadual da legenda, Sérgio Motta conseguiu se reeleger deputado estadual. Lamenta, no entanto, votações abaixo do previsto de candidatos ligados a Moisés e a dificuldade de convencer o governador a mudar os rumos de sua campanha.

Além da vaga de Sérgio Motta, o Republicanos teria direito a mais uma cadeira na Assembleia Legislativa, mas o segundo mais votado, Leandro Lima (ex-secretário de Administração Penal) ficou a 3,5 mil votos da votação mínima de 20% do quociente eleitoral, o que fez o partido perder uma vaga. Na disputa pela Câmara dos Deputados, a chapa do Republicanos não somou nem metade dos votos necessários para garantir uma cadeira em Brasilia.

– Foi uma pena (os votos que faltaram a Leandro Lima). A gente também estava com uma fé muito grande em cima do (Luciano) Buligon (ex-prefeito de Chapecó e ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico) e do Egídio (Beckhauser, vereador e presidente da Câmara de Blumenau), mas a votação foi muito abaixo da expectativa. Federal também. O Lucas (Esmeraldino) fez 1,1 milhão de votos (para o Senado em 2018, pelo Psl), a gente sabe que foi na onda, mas a gente esperava pelo menos uns 80 mil, 100 mil – afirmou Sérgio Motta.

O deputado estadual e dirigente acredita que o desempenho de Moisés afetou a chapa, especialmente pela rejeição gerada pelo afastamento do governador em relação ao presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) ainda no início do mandato. Segundo Sérgio Motta, Moisés não ouviu os apelos para uma aproximação com o eleitor bolsonarista, especialmente no meio evangélico – o parlamentar é pastor da Igreja Universal.

– Se não fosse essa reeleição do Moisés, acho que a gente conseguia ter um êxito maior. O problema é que foi difícil lidar com ele, ele ouvir. Então, a gente teve muita dificuldade. Vê que todo mundo que colou ali, não teve êxito. A própria Paulinha, a gente achava que ia ter uma votação acima dos 80 mil e ela fez bem menos porque ficou colada. Acho que a rejeição dele foi muito da traição ao Bolsonaro. Eu tentei mudar isso, coloquei 70 pastores de igrejas diferentes na Casa d’Agronômica para que ele pudesse conquistar o apoiar. Falei que o Bolsonaro era como um santo da Igreja Católica para os evangélicos. Mas, infelizmente, o governador falou “vocês tem que estar comigo não pelo Bolsonaro, mas pelo que eu fiz, enxuguei a máquina, revisei os contrários, Plano 1000” – conta.

Sérgio Motta diz ainda não ter conversado com o governador após a disputa do primeiro turno e evita especular sobre a continuidade de Moisés na legenda. Garante que não se arrepende da filiação.

– Não me arrependo, mas acho que poderíamos ter tido êxito se a condução fosse diferente. Se a gente tivesse pelo menos se aproximado mais do Bolsonaro. Aqui é um Estado bolsonarista, qualquer um tem essa leitura.

O destino do partido, no entanto, já está definido mesmo sem consulta ao candidato: o Republicanos vai apoiar Jorginho Mello (Partido Liberal) no segundo turno contra Décio Lima (Pt). Jorginho e Moisés travaram embates diretos na campanha eleitoral e o senador chegou a processar o governador por calúnia após o último debate do primeiro turno.

– Já marquei uma conversa com o candidato a governo do Estado, senador Jorginho Mello. Vamos caminhar com ele, não tem como ir com a esquerda, pelo princípios, pela pauta – diz Sérgio Motta.


Sobre a foto em destaque:

Sérgio Motta foi reeleito deputado estadual. Foto: Rodolfo Espínola, Agência Al.

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