O novo calendário de semeadura da soja para a safra de 2023 e 2024, estabelecido pela portaria nº 840 do Ministério da Agricultura, deve causar grandes impactos negativos ao agricultor catarinense. A análise é do deputado federal Rafael Pezenti, que tenta revertê-la em Brasília.
De acordo com o parlamentar, a nova regra estabelece um calendário de semeadura de 100 dias corridos para todas as regiões. A data limite para plantar o grão em Santa Catarina, nessa safra, é 29/12. O prazo, segundo ele, não é suficiente.
– Em Santa Catarina, nas regiões mais altas, a cebola é colhida até meados de janeiro, não tem como antecipar. A última estufada de fumo sai no final de janeiro. Como é que os pequenos agricultores vão fazer para plantar soja, se o único terreno que eles têm vai estar ocupado com essas culturas no dia 29 de dezembro, data limite que o governo estipulou? Mas não é só o pessoal da cebola e do fumo. Quem planta feijão na primeira safra, e milho pra silagem, também é prejudicado – explica.
O calendário de semeadura é adotado como medida fitossanitária complementar ao período de vazio sanitário, com objetivo de reduzir o inóculo da ferrugem asiática da soja, considerada uma das mais severas doenças que incidem na cultura.
Em Santa Catarina, o vazio sanitário da soja, que dura 90 dias, coincide com a época mais fria do ano, e não acarreta problemas ao produtor. O impasse está na nova calendarização adotada pelo Governo Federal.
Até a safra passada, os catarinenses tinham 140 dias de prazo para semear a plantação. Com a nova portaria, este prazo foi diminuído para 100 dias.
Além de oficiar o Ministério, reforçando a solicitação dos Órgãos Estaduais de Defesa Sanitária Vegetal dos três estados do Sul, que querem um período mais elástico, permitindo o plantio até meados de fevereiro, Pezenti afirma que apresentará um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar os efeitos da Portaria e que já começou a articular o apoio à proposta com parlamentares das bancadas dos estados afetados.