A última rodada de pesquisas do Ipec em Santa Catarina mostra que a nacionalização da disputa estadual está novamente posta. Ainda não está claro se haverá uma onda eleitoral como a de 2018, quando a votação de Jair Bolsonaro carregou os candidatos de seu partido (o antigo Psl) para um desempenho acima de todas as expectativas possíveis – inclusive a dos próprios beneficiados. Mas já está colocado que o efeito de compartilhar a legenda do Partido Liberal com o presidente e candidato à reeleição é o maior fator de impulsionamento das candidaturas estaduais. A novidade é que no lado oposto, na esquerda, o Pt de Lula também começar a afetar os candidatos locais e abre margem para surpresas na reta final.

Os maiores beneficiados são os candidatos que ostentam o 22 – número da legenda do Partido Liberal (Pl). De acordo com o Ipec, Jorginho Mello (Pl) conseguiu se isolar na dianteira na disputa pelo governo do Estado. Embora a margem de erro de três pontos percentuais ainda permita dizer que ele está empatado com o governador Carlos Moises (Republicanos) – 25% a 20% -, ele abriu ampla diferença para o terceiro colocado Gean Loureiro (União Brasil), que manteve os 14% do levantamento anterior. Nada indica que possa perder a vaga no segundo turno e as projeções do Ipec também o colocam como favorito em todos os cenários da disputa final.

Embora ainda esteja numericamente em quarto lugar, com 13%, o candidato Décio Lima (Pt) também se manteve em crescimento de um levantamento para outro. Ao sair de 10% para 13%, ele ultrapassou numericamente Esperidião Amin (Progressistas), com 12%, e colou em Gean Loureiro. Na margem, o trio está empatado. A diferença, como sempre importa observar em pesquisa eleitoral, é a curva. Décio, cada vez mais atrelado ao desempenho de Lula em Santa Catarina, continuou crescendo, enquanto Gean interrompeu a ascensão registrada semana passada e Amin perdeu três pontos. Assim, o petista credencia-se a candidato a surpresa da reta final da eleição.

A disputa nacional também mostra seus efeitos na disputa pelo Senado. Candidato de Bolsonaro em Santa Catarina, Jorge Seif (Pl) finalmente aparece em segundo lugar na última rodada do Ipec, ultrapassando o neolulista Dário Berger (Psb) – 19% a 16%. Pela margem de erro, é empate técnico. Mas a curva é impressionante: Seif cresceu seis pontos, enquanto Dário oscilou dois pontos para baixo. A liderança continua ampla do ex-governador Raimundo Colombo (Psd), mas com todos os sinais de alerta ligados: em uma semana, ele caiu de 37% para 31%. Se haverá tempo para virar tantos votos em menos de dois dias, será motivo de insônia em ambos os comitês.

Curiosamente, o Ipec também registra crescimento de outra candidatura bolsonarista: Kennedy Nunes (Ptb) passou de 7% para 11%. O movimento mostra que tem efeito a contundência ao tratar da pauta conservadora e nos ataques à atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Esses votos podem acabar faltando para Seif ultrapassar Colombo na reta final – ou gerar um debate sobre voto útil entre os bolsonaristas. Assim como, na esquerda, votar em Colombo para impedir a eleição do preferido de Bolsonaro pode entrar na agenda.

Quatro anos atrás, o antigo Ibope, hoje Ipec, mostrava um cenário embolado para o governo do Estado e estável para o Senado, quase desconsiderando a Onda Bolsonaro que se avizinhava. Desta vez, talvez por estarmos todos mais atentos aos sinais, a pesquisa mostra cenários abertos, mas indica as curvas que podem fazer da disputa pelo governo uma reprodução da polarização nacional entre o 22 e o 13 e a possibilidade de um novato bolsonarista chegar ao Senado.

Domingo é a vez da urna falar.

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