O senador Esperidião Amin gosta de dizer que seu partido, o Progressistas (Pp), é a maior escola política de Santa Catarina. É uma resposta que traz embutida certa esperteza por parte do experiente líder político catarinense, porque geralmente a pergunta é sobre perda de quadros para outras legendas e dificuldade de reter jovens lideranças que oxigenem um partido cuja origem remonta à antiga Aliança Renovadora Nacional (Arena), a legenda que deu a cara civil e política ao regime militar.
Para o Progressistas – que já foi Partido Progressista, Partido Progressista Brasileiro, Partido Progressista Reformador, Partido Democrático Social e Arena – voltar a comandar o Estado de Santa Catarina, no entanto, não será uma opção fugir matreiramente das respostas. Oficialmente, o partido tem três pré-candidatos: o próprio Amin, o prefeito tubaronense Joares Ponticelli e o ex-deputado federal Jorge Boeira.
Na prática, a lista é quase completamente diferente. Amin está nela, como sempre esteve desde 1982, quando se elegeu governador pela primeira vez aos 35 anos. Boeira, no entanto, está de malas prontas para o Psb, em busca de um espaço que sabe que nunca teria no Pp. Ponticelli é outro que começa a se imaginar fora do partido em que obteve todas as vitórias de sua carreira política – talvez com menos pressa para sair, mas começando a crer que esperou a vida toda que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, como diz aquele verso de Fernando Pessoa.
De qualquer forma, todos os progressistas têm dito que o 11 vai estar de volta à tela da urna eletrônica na disputa pelo governo do Estado, o que não acontece desde 2010, quando Angela Amin ficou em segundo lugar na disputa vencida em primeiro turno por Raimundo Colombo – liderando a composição Pfl, Pmdb e Psdb que ficou conhecida como tríplice aliança. Todas as apostas do mundo político davam conta de que a equação de uma candidatura do Pp em 2022 passava diretamente pela filiação do presidente Jair Bolsonaro (ex-Psl) ao partido, o que faria encorpar uma nova empreitada de Amin. O cenário não se consumou, com Bolsonaro rumando em direção ao Partido Liberal (Pl) do senador Jorginho Mello – também pré-candidato ao governo e hoje politicamente distante de Amin, embora esteja se esforçando pela aproximação.
Assim, sem Bolsonaro no 11, as chances de Amin arriscar uma quinta candidatura ao governo – duas vitórias e duas derrotas no retrospecto – sem uma aliança robusta ficaram reduzidas. Para a promessa de que o partido voltará a ter candidato a governador, as soluções passam a ser externas.
A filiação do governador Carlos Moisés (ex-Psl) ao Pp tem a defesa da fatia da legenda que apoia a gestão, especialmente o líder do governo na Assembleia Legislativa, José Milton Scheffer. A relação entre Moisés e Amin é mais do que boa, há até um carinho ali. Mas o progressista já deixou claro que há espaço para composição, desde que ele abra mão de querer contar também com o Mdb. Há no Pp quem entenda que os gestos de Moisés em relação aos emedebistas indicam que ele já fez essa escolha.
Aí que entra a outra solução externa, que tem sido negociada diretamente por Amin e pelo presidente estadual Silvio Dreveck: filiar o prefeito chapecoense João Rodrigues (Psd). Considerando que o partido nacionalmente deve apoiar Bolsonaro e que o presidente tem apoio mais do que consistente no Estado, o atual pessedista seria uma solução para o Pp e um pesadelo para Jorginho, pela condição de ser bolsonarista antes mesmo do termo existir. No Psd de Gilberto Kassab e Raimundo Colombo, a porta está fechada para o prefeito chapecoense. No Pp, há uma avenida. Resta saber se ele tem a disposição de deixar o mandato conquistado em 2020 para entrar em uma eleição imprevisível. Se não tiver, aí não é de se duvidar que Amin coloque entre na quadra para a última dança.
Sobre a foto em destaque:
Em junho, na visita do presidente Jair Bolsonaro à Arena Condá, ele caminhou no gramado entre Esperidião Amin e João Rodrigues. Foto: Alan Santos, Presidência da República.