Por enquanto, é mais desejo do que possibilidade real, mas era um tema presente nas conversas de bastidor das lideranças do Progressistas (Pp) que acompanhavam a posse de Pepê Collaço como deputado estadual na vaga do titular Altair Silva, na manhã desta terça-feira. Esse desejo é de que o senador Esperidião Amin (Progressistas) seja confirmado como candidato a governador em um amplo palanque bolsonarista que inclua o Pl do senador Jorginho Mello, também pré-candidato ao governo. Para fechar a equação, o advogado Filipe Mello, filho de Jorginho, era citado como o nome para a vaga de vice-governador.
Estariam juntos em Santa Catarina, assim, os dois maiores partidos da aliança que vai apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (Pl). No desejo, que permite tudo, faz sentido. Na vida real, uma articulação que depende muita construção e convencimento. A última conversa de Amin e Jorginho, há duas semanas em Florianópolis, teve como tema central o potencial eleitoral de ambos juntos e separados.
No momento, Jorginho tem como única aliança de peso o próprio bolsonarismo, expresso no número 22 que ele vai dividir com Bolsonaro e com a adesão ao partido dos mandatários ligados ao presidente. A vaga de vice continua em aberto, enquanto a posição de senador na chapa foi ocupada por Jorge Seif (Pl), indicação do próprio Bolsonaro que diminuiu a margem para composição com outros partidos.
Por sua vez, Amin tem como opção o pequeno Ptb do deputado estadual Kennedy Nunes, pré-candidato a senador alijado da composição com o Pl depois que Bolsonaro escolheu Seif, e aposta quase todas as fichas em uma aliança com o Psdb, maior partido solto no tabuleiro sem pré-candidato a governador. Aos tucanos, Amin ofereceu a vaga de vice-governador e pode até ofertar a posição de senador. Os prefeitos do partido, no entanto, querem a composição com o governador Carlos Moisés (Republicanos), mesmo que no momento ele não tenha vaga majoritária para oferecer – pelo menos enquanto contar com o Mdb para a empreitada da reeleição.
Por enquanto, Amin e Jorginho juram que serão candidatos e apresentam todas as condições para isso. O senador do Pl também tem seu desejo confesso e ainda distante: a deputada federal Angela Amin ou o deputado estadual João Amin compondo como vice em sua chapa. Acredita que ao lado dos Amin será recebido nas bases progressistas. No Pp, no entanto, a avaliação é de que sem a candidatura de Amin é impossível impedir que os prefeitos abracem Moisés.
Abrir mão também é difícil para Jorginho. E não apenas porque significaria deixar de lado a chance quase irrepetível que disputar uma eleição ao governo atrelado ao político mais popular do Estado, que é o Bolsonaro. Aconteça o que acontecer, em 2023 terá um partido diferente do que comanda sozinho e com plena autonomia desde 2011. Jorginho, no governo ou completando mandato no Senado, vai conviver com deputados federais e estaduais eleitos paralelamente a sua liderança. A candidatura ao governo e a natural estadualização do nome reforça sua liderança, que pode ficar fragilizada caso aceite compor.
Nas conversas da posse de Pepê Collaço, o prefeito tubaronense Joares Ponticelli questionou os colegas progressistas sobre a viabilidade de que Jorginho ceda para Amin. Ponticelli é o principal cabo-eleitoral de Collaço, mas também garante que vai fazer campanha pela reeleição de Moisés mesmo que Amin seja candidato. Cala sobre levar essa dissidência à convenção. Sabe que se o Mdb indicar vice-governador e senador na chapa governista não há lugar formal para o Pp na aliança. Mas está de olho, não só ele, caso Antídio Lunelli (Mdb) consiga confirmar a candidatura a governador e as vagas da aliança de Moisés voltem para o tabuleiro.
Há muita ponta solta no cenário a 31 dias do fim do prazo para confirmação das candidaturas nas convenções partidárias e a 89 dias do primeiro turno das eleições. No cenário de hoje, a chapa Amin-Mello é tão difícil de concretizar quanto a chapa Mello-Amin. Mas ambos os lados desejam.
Sobre a foto em destaque:
A posse de Pepê Collaço (ao centro, de gravata cinza) na Alesc reuniu progressistas como Aldo Rosa, Valmir Comin, Joares Ponticelli, Leodegar e Beth Tiscoski – também estão na foto o diretor-presidente da Fundação Municipal de Educação de Tubarão, Maurício da Silva, e Antônio Carlos Martins Simões. Foto: Luiz Prudêncio, Divulgação.