Os três maiores partidos de Santa Catarina estão no divã. MDB, Progressistas (PP) e PSD vivem os dilemas internos semelhantes entre a candidatura própria ao governo do Estado, qual liderança escolher para essa missão e como conciliar isso com a contradição de apoiar e participar da gestão do governador Carlos Moisés (PSL).

Essa contradição é explícita nas falas de políticos das três legendas, especialmente os que entrevistamos nas últimas semanas no quadro Plenário, da Rádio Som Maior. Os caminhos são muitos para os partidos que elegeram 190 dos 295 prefeitos de Santa Catarina ano passado – números que reforçaram internamente os discursos de candidatura própria.

O MDB é o mais avançado na discussão, por causa da prévia marcada para 15 de agosto para que os filiados decidam entre o deputado federal Celso Maldaner, o senador Dário Berger e o prefeito Antídio Lunelli, de Jaraguá do Sul, quem será o candidato a governador do maior partido do Estado. A disputa interna sofre bombardeio de algumas lideranças que a consideram um bode na sala. Uns querem adiar a escolha para evitar rachas inerentes ao processo de escolha, outros para retomar poder decisório, outros para não ter que precipitar o movimento de entregar cargos no governo de Moisés. 

No momento, todos os cenários eleitorais para 2022 têm sido desenhados  contando com uma candidatura própria do MDB. O favorito nos bastidores é Antídio Lunelli. No entanto, a postura da bancada estadual – hoje fortemente ligada a Moisés – é tida como dúbia em relação ao projeto. 

No Progressistas, eterno rival dos emedebistas, o cenário é curiosamente semelhante. Líder histórico do partido, o senador Esperidião Amin afirmou que a legenda precisa ter candidatura própria para reforçar as nominatas de deputado estadual e federal. Colocou o nome à disposição, embora tenha ressaltado que não vai para a disputa interna. Nesse caso, endossa o prefeito Joares Ponticelli, de Tubarão.

O partido tem não apenas espaço na gestão Moisés, como o próprio líder do governo na Assembleia, José Milton Scheffer. Nos bastidores circula o rumor de que o Progressistas pode ser o rumo partidário de Moisés para 2022 – pelo apoio do partido ao governo e pela aproximação do governador com Esperidião e Angela Amin. Oficialmente, não há nada. Certo é que até começarem esses rumores de filiação de Moisés e Amin reagir colocando seu nome como possível candidato, o PP era visto como coadjuvante no processo eleitoral do ano que vem. No máximo, as conversas incluíam Ponticelli como nome para vaga de vice.

No PSD, a situação é levemente diferente. No discurso, o partido não participa do governo Moisés – embora tenha Eron Giordani como secretário da Casa Civil. Na prática, como disse recentemente o prefeito João Rodrigues, de Chapecó, é hipocrisia dizer que os pessedistas não estão hoje na base de apoio do governador.

Hoje é Rodrigues que faz o papel de explicitar a relação entre o PSD e Moisés – papel que nos bastidores cabe ao deputado estadual Júlio Garcia. O prefeito foi um dos líderes que declarou apoio ao governador durante o afastamento do cargo para responder ao segundo processo de impeachment. Um gesto político de peso naquele momento. O prefeito também é uma opção para a majoritária em 2022, especialmente se o cenário político pedir uma candidatura mais alinhada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Mas o PSD tem outros trilhos. O ex-governador Raimundo Colombo se movimenta para recuperar prestígio interno e externo para concorrer novamente ao governo. A posição dele é explicitamente oposicionista, o que gera desconforto pelo apoio de pessedistas a Moisés. É nítido que onde há Júlio Garcia e João Rodrigues não haverá Raimundo Colombo, seja qual for o projeto, mais explicitamente se o projeto for a nova candidatura do lageano. 

Como alternativa, surge o nome do ex-prefeito Napoleão Bernardes, de Blumenau, que tem corrido o Estado e se apresentado como uma opção de renovação com experiência. E, num cenário que já esteve mais próximo do que está, a possibilidade de apoio ao prefeito Gean Loureiro (DEM), de Florianópolis. Recentemente, inclusive, Gean e Colombo conversaram – uma boa conversa para dois nomes que nunca foram muito próximos.


Sobre a foto em destaque:

Em evento na Alesc, o governador Moisés é abraçado pelo deputado estadual Valdir Cobalchini, do MDB, sob olhares do deputado estadual José Milton Scheffer, do Progressistas, e do secretário Eron Giordani, do PSD. Foto: Secom, sem indicação de autoria. 

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