O ex-governador Raimundo Colombo (Psd) jogou a isca e governador Carlos Moisés (sem partido) a mordeu com gosto. Com palavras duras em entrevistas e postagens na redes sociais, ambos deram início a um breve debate que pode se repetir com maior densidade na campanha eleitoral de 2022. Até agora, ninguém vestiu a camisa de anti-Moisés com mais propriedade do que Colombo. Ao mesmo tempo, Moisés sente-se muito à vontade no jogo de comparação de gestões. Neste momento, a troca pública de farpas é boa para ambos.

Primeiro, o ex-governador disse na live Parlatório que o governo de Moisés “fracassou”, em uma longa resposta que reproduzi. No dia seguinte, em entrevista a Marcelo Lula na Jovem Pan News Florianópolis, foi a vez da resposta do atual governador, dizendo que a antecessor “arrebentou o Estado”. Disse que herdou e pagou uma dívida de cerca de R$ 700 milhões na saúde. Reproduzo esse trecho (veja a íntegra da entrevista no link) e fez referências aos processos derivados da Operação Alcatraz, que investiga casos de corrupção no governo de Colombo.

Essa dívida foi deixada pelo governo Colombo, o governo que me antecedeu, que hoje garganteia por aí falando da nossa gestão, mas que ao mesmo tempo deixou um péssimo saldo. O que lhe sucedeu, o Eduardo Pinho Moreira, quando assumiu o governo disse “o Estado está quebrado”, “Santa Catarina vai atrasar a folha de pagamento”. O Colombo arrebentou com o governo de Santa Catarina, com o Estado (…). Fazemos um governo municipalista, os prefeitos estão sorrindo de orelha a orelha. Tem dinheiro para os municípios e tem dinheiro para o governo federal terminar as obras em Santa Catarina. Esse é o milagre. Nós somos considerados a melhor gestão pública do Brasil. Contra fatos não há argumentos. Infelizmente esse povo que só fazia política de camaradagem e que tinha problemas que até hoje são investigados dentro do governo e que nós estamos tirando um a um, tem que se conformar que a nossa gestão é histórica, a melhor gestão da história recente desse país aqui em Santa Catarina.

Pouco depois da entrevista, Moisés trouxe em suas redes sociais uma comparação focada em uma das maiores críticas que faz a Colombo: os empréstimos contraídos durante a gestão para obras e  investimentos. Mostrou fotos de carros de polícia comprados em 2013, já sem serventia, e os modelos estaduais. Reproduzo a postagem:

Logo depois, antes que a crítica esfriasse, Colombo rebateu com a crítica mais veemente que tem feito ao sucessor: a volúpia arrecadatória em uma momento de crise da sociedade, um tema que tem ganhado campo nas redes sociais a partir das críticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) aos governadores. Comparação a taxação do botijão de gás em seu governo e no de Moisés:

O debate precoce é bom para ambos porque Moisés ganha um adversário claro e contra o qual não precisa podar as críticas. Colombo hoje não mobiliza tropas de defensores nas redes sociais e nem conta com amplo respaldo político, embora as pesquisas venham mostrando que é competitivo eleitoralmente. A comparação de gestões é sempre uma boa mola para candidatos à reeleição. Enquanto isso, ao fazer o contraponto claro ao atual governador, Colombo é percebido na arena política como seu desafiante, aparece no jogo. Mais até do que o candidato natural a anti-Moisés, o senador Jorginho Mello (Pl), que não tem feito a crítica da gestão – limitando-se ao episódio dos respiradores e ao pouco produtivo impasse sobre em qual lote da BR-470 era melhor colocar R$ 200 milhões  que Moisés está doando ao governo federal para que a obra avance.

O debate entre Moisés e Colombo também é bom para o Estado porque – afora simplificações naturais no discurso político de ambos os lados e os contextos diferentes de seus governos – eles qualificam o nível das discussão sobre o futuro do Estado. Ambos têm legados, méritos, falhas e estilos de governar. Ao eleitor cabe a comparação e a decisão, à classe política a definição de quais projetos encorpar. Santa Catarina precisava de uma voz firme de oposição para além dos memes do bolsonarismo. Que venham outros nomes e que em 2022 debater Santa Catarina esteja no centro da disputa pelo poder.


Sobre as fotos em destaque:

Por enquanto, Moisés e Colombo debatem apenas em entrevistas e postagens. Em 2022, o confronto tem tudo para ser presencial. Foto: Montagem sobre imagens de Peterson Paul (Secom) e Karin Nacif (Divulgação).


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