Faltando um ano para as eleições de 2022, é opinião corrente que nunca antes se viu um cenário tão aberto e sem favoritos na disputa pelo governo do Estado. E talvez nunca antes o processo de definição das candidaturas tenha sido tão precocemente deflagrado. Há várias explicações para esse contexto, algumas aqui no Estado, outras importadas da política nacional.

A antecipação da disputa segue as pegadas da eleição presidencial, também precocemente na rua com a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (ex-Psl) e o ex-presidente Lula (Pt), além das dezenas de tentativas de construção de uma alternativa aos polos. Mas também há ingredientes locais nesse contexto. Contribui enormemente para isso o fato de o governador Carlos Moisés (ex-Psl) ter sido eleito em vinculação a Bolsonaro e não ter condições de repetir essa dobradinha, estar sem partido e governar com uma base aliada emprestada das legendas tradicionais do Estado. As chances de reeleição de Moisés são uma incógnita tamanha que nem mesmo os partidos que gostariam de estar com ele em 2022 tem convicção sobre sua viabilidade. Isso ajuda a fragmentar o cenário: os postulantes não se assustam com a máquina do governo, por entenderem que quem a comanda não tem carteira de habilitação para tal – por mais que alguns que o cercam tenham.

Esse contexto produz a sensação de que muitos teriam chances. E muitos estão na rua – com mais ou menos ênfase. Fiz um pequeno esforço de memória e cheguei a 15 nomes colocados pelos partidos ou por si mesmos como pré-candidatos a adversários de Moisés em 2022. Um verdadeiro caos que deve afunilar para no máximo cinco candidaturas competitivas até a metade do ano que vem. Para efeitos de registro deste momento confuso, vou listá-los. 

O senador Jorginho Mello (Pl) e o prefeito florianopolitano Gean Loureiro (Democratas, em breve União Brasil) são nomes óbvios. Apresentam-se como pré-candidatos a governador e fazem suas articulações a vista de quase todos. Jorginho tenta aglutinar o bolsonarismo, enquanto Gean apresenta-se como um gestor com habilidade política e viés centrista. Ambos, no entanto, têm algo em comum: não integram os partidos tradicionais do Estado, aqueles com base espalhada e histórico de voto. 

Estes partidos são o Mdb, o Progressistas (Pp) e o Psd (por ter herdado o pefelismo a partir de 2011). Os três são o retrato máximo da confusão pré-eleitoral que Santa Catarina vive, porque somam nove postulantes – fora as alas internas que gostariam de estar com Moisés em 2022. Com tradição de confronto interno, o Mdb não faz questão nenhuma de esconder a disputa interna entre o prefeito jaraguense Antídio Lunelli, o deputado federal Celso Maldaner e o senador Dário Berger. Também é o partido que menos esconde os simpatizantes de Moisés. 

O Pp sempre tem o senador Esperidião Amin como candidato natural, ainda mais se Bolsonaro assumir o 11 como número de urna em 2022. Mesmo assim, o prefeito tubaronense Joares Ponticelli e o ex-deputado federal Jorge Boeira como opções declaradas – embora o primeiro tenha dado sinais de desistência e o segundo mantenha conversar com Psb e Podemos. 

No Psd, o ex-governador Raimundo Colombo tem trabalhado para apresentar-se como o anti-Moisés – e às vezes o governador morde a isca. Ao mesmo tempo, tem o bolsonarista João Rodrigues, prefeito de Chapecó, e o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes, uma espécie de terceira via interna.

O Psdb poderia ter inflacionado ainda mais a confusão de nomes, mas optou por concentrar-se, neste momento, no ex-deputado estadual Gelson Merisio. Assim, ficam na manga o prefeito criciumense Clésio Salvaro. Uma pulga atrás de minha orelha insiste na tese de que se João Dória ganhar a prévia presidencial tucana vão surgir os nomes do ex-ministro Vinicius Lummertz e do ex-senador Paulo Bauer, mas é bom esperar novembro.

Para completar o campo de centro, o Podemos tem como pré-candidato ao governo Fabricio Oliveira, prefeito de Balneário Camboriú. Na esquerda, por enquanto, os ex-deputados federais Décio Lima (Pt) e o Fernando Coruja (Pdt). Espero não ter esquecido ninguém, porque até sem fôlego já estou.


Sobre a imagem em destaque:

Banco de imagens Adobe Stock.

Compartilhar publicação: