O Novo saiu das urnas em 2022 com um gosto agridoce na boca. Em nível nacional, o partido conseguiu reeleger ainda em primeiro turno o governador Romeu Zema, de Minas Gerais, principal estrela do partido. No entanto, viu a bancada de deputados federais cair de oito para três e a legenda ficar no limbo daqueles que não ultrapassaram a cláusula de barreira. No Estado, o partido conseguiu reeleger o deputado federal Gilson Marques e conquistar pela primeira vez na urna uma cadeira na Assembleia Legislativa, com Matheus Cadorin. Ao mesmo tempo, o pequeno eco da candidatura de Odair Tramontin ao governo, a baixa performance nacional e a consolidação do Partido Liberal como principal legenda de direita do país colocam uma sombra sobre os projetos futuros do partido em Santa Catarina.

Principal mandatário do partido no Estado, o prefeito Adriano Silva, de Joinville, engajou-se fortemente nas campanhas de Jair Bolsonaro e Jorginho Mello, ambos do Partido Liberal (Pl) no segundo turno da disputa pela presidência e pelo governo do Estado – quando os nomes do partido, Felipe D’Ávila e Tramontin, já eram cartas fora do baralho. Assumido desde já como postulante à reeleição em 2024, Adriano é diretamente afetado pelo desempenho do Novo nas eleições parlamentares deste ano. Embora o partido já não utilize os fundos partidário e eleitoral, também terá como restrições a ausência completa no horário eleitoral gratuito. Além disso, por ter menos de cinco parlamentares no Congresso Nacional, deixa de ser presença obrigatória em debates.

No caso de Joinville, a votação dada a Jair Bolsonaro e candidatos do Pl também impressiona. O deputado estadual Sargento Lima (Pl), que faz oposição ao governo Adriano foi o mais votado na cidade, enquanto o ativista Zé Trovão (Pl) foi eleito deputado federal. Presidente da Câmara de Vereadores e esteio da governabilidade nos primeiros anos de gestão do Novo em Joinville, Maurício Peixer (Pl) ficou com a primeira suplência na Alesc e depende do governador Jorginho Mello (Pl) chamar titulares para o secretariado para assumir. As urnas também deram boas notícias a Adriano: o adversário em 2020, Darci de Matos (Psd), e o provável adversário de 2024, Rodrigo Coelho (Podemos), não se reelegeram para a Câmara Federal.

Neste cenário, Adriano Silva diz que não se vê fora do Novo, embora avalie a necessidade de alianças em 2024. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan Joinville, ele minimiza os resultados deste ano.

– Em relação ao Novo no Brasil, existe sim uma dificuldade, mas não muito maior do que foi em 2018, quando éramos um partido praticamente sem mandatários. Era uma grande ideia. Hoje estamos com vários mandatários e vários exemplos positivos. O que houve foi uma onda muito grande, esse medo da esquerda e da direita, que fez com que as pessoas escolhessem um lado ou outro, atropelando o Novo em vários Estados. Mas o projeto do Novo continua sendo um grande projeto. Por isso, eu acredito que meu lugar ainda é no Novo, acredito nos conceitos e princípios.

Veja a íntegra da entrevista com Adriano Silva:

Em Florianópolis, o partido ficou a 1.326 votos de eleger Bruno Souza para a vaga do Novo na Câmara dos Deputados – disputada voto a voto com o reeleito Gilson Marques, 87,8 mil a 85,6 mil. Mesmo sem mandato a partir de 2023, o atual deputado estadual sai como nome forte da sigla e da direita para eleição de prefeito da Capital em 2024. Os desafios, nesse sentido, são semelhantes aos de Adriano Silva em Joinville: é preciso compor.

Bruno Souza diz que estará nas eleições de 2024 e que pretende manter acesas as redes sociais que fizeram dele um oposicionista muito temido no governo de Carlos Moisés (Republicanos). Essa rede deve se voltar para uma posição crítica ao governo do presidente eleito Lula (Pt) e para temas da Grande Florianópolis. Bruno Souza foi o segundo deputado federal mais votado na Capital. Assim como Adriano, diz que não pretende deixar o Novo, mas se mostra preocupado com a polarização nacional marcando presença em Florianópolis daqui dois anos. Diz que será preciso coligar.

– A própria eleição do Zema abriu essa possibilidade de coligação. Se ele ficar no partido, é inimaginável um projeto nacional sem coligação. Nós vamos ter que decidir o que é mais importante, conseguir aplicar as nossas ideias ou ficar sempre do lado de fora.

A referência do deputado estadual ao mineiro é à coligação que colocou no barco do Novo de Minas Gerais os velhos Progressistas, Mdb, Podemos, Solidariedade, Patriota, Avante, Agir e Democracia Cristã. A dúvida é se o próprio Zema continua na legenda para botar em campo o projeto de concorrer à presidência da República nem 2026. Segundo o colunista Lauro Jardim, de O Globo, o governador mineiro já abriu conversas com o Pl. Aqui em Santa Catarina, Adriano e Bruno serão procurados por outras legendas.


Sobre a foto em destaque:

Rodolfo Espínola, Agência Alesc, e Secom Prefeitura de Joinville, Divulgação.

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