Nesta semana, dois dos três pré-candidatos do Psd ao governo do Estado – o ex-governador Raimundo Colombo e o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes – deram declarações em que colocam, cada um a sua maneira, o partido longe do projeto de reeleição do governador Carlos Moisés (ex-Psl) e integrando um projeto de construção de aliança com o União Brasil do prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, também pré-candidato. A definição da cabeça de chapa seria em março, mas o caminho seria trilhado desde já.

Em entrevista à Rádio Som Maior, na quinta-feira, Napoleão Bernardes enfatizou que o apoio dado pelo Psd na Assembleia Legislativa ao governo Moisés e a presença de Eron Giordani (Psd) na Casa Civil não atrelam o partido ao projeto eleitoral do governador. Muito pelo contrário. Com o União Brasil e Podemos, no entanto, a ideia é estreitar os laços e lançar até o final do ano um documento conjunto, uma espécie de esboço de plano de governo. A escolha do candidato ao governo, segundo Napoleão, seria feita com base em critérios como pesquisas e o perfil dos nomes apontados pelas legendas – no grupo, há ainda as pré-candidaturas de João Rodrigues (Psd) e Fabrício Oliveira (Podemos) ao governo e de Paulo Bornhausen (Podemos) ao Senado.

– Há algum tempo Psd e incialmente o Democratas conversam para criar um documento com propostas para Santa Catarina. O que esses dois partidos pensam sobre ações, programas, políticas públicas que possam transformar a vida dos catarinenses em áreas como saúde, educação, segurança, infraestrutura e a própria política administrativa. Nesse meio do caminho, o Democratas acabou se transformando no União Brasil. Os partidos têm conversado nesse sentido, em algum muito maduro, em que não há nomes nas vagas. Não é uma discussão de nomes ou de aliança simplesmente por nomes. É um programa de desenvolvimento para Santa Catarina.

Segundo ele, além dos três partidos, “Republicanos e eventualmente o Psc começam a ser prospectados” e há espaço para novas legendas, seguindo a mesma premissa.

– Quem quiser entrar nessa regra do jogo, sem cadeira marcada, sem vaga pré-definida, aderir a essa regra de definir os nomes em abril através do perfil, é bem-vindo a essa construção de ideias.

A fala do ex-prefeito de Blumenau segue a mesma linha de outra liderança pessedista, o deputado estadual Júlio Garcia – que semana passada representou o Psd no primeiro evento do União Brasil em Santa Catarina, organizado por Gean Loureiro em Florianópolis. Na ocasião, ele defendeu a construção de “um grande projeto para Santa Catarina” e que mais à frente, em conjunto, sejam escolhidos “os nomes que devem dirigir os destinos de Santa Catarina sob o aplauso de todos nós”.

Dentro da geografia interna do Psd, Júlio Garcia é próximo de Napoleão e está afastado de Colombo. O ex-governador, no entanto, mantém conversas com Gean Loureiro com o mesmo discurso de que o candidato ao governo será aquele tiver mais condições políticas e eleitorais em março do ano que vem – discurso que também tem sido adotado pelo prefeito florianopolitano. O último encontro entre ambos foi em Lages, em setembro, quando o prefeito fez um roteiro pela Serra e foi recebido por Colombo. Um novo encontro, também em Lages, deve acontecer nos próximos dias.

Nesta semana, em entrevista ao jornal Correio Otaciliense, Colombo destacou o desejo de ser candidato ao governo, mas ressaltou que “se sentir que o momento é de ajudar outro, sem nenhum problema”. Na mesma entrevista, o ex-governador voltou a fazer críticas ao governo Moisés nas searas políticas e administrativa, mantendo a posição de adversário do atual governador. Disse que o governo de Moisés é “comandado pelos políticos que combateu”, que prioriza a arrecadação de impostos à sociedade e que “mesmo com esse mundo de recursos, não consegue fazer nada”. É um tom mais duro que o adotado por Napoleão, que fala em “diferenças de conceito” em relação à gestão Moisés e defende que haja mais criatividade nas decisões de gestão. Na entrevista à Som Maior, para mim e para o jornalista Adelor Lessa, ele deu como exemplo desse “pensar diferente” uma proposta de concessão sem pedágio para as rodovias estaduais.

– Qual o modelo que dá certo para ter estrada boa? Concessão. Tem um custo, que é o pedágio. A população não pode pagar, não vamos aceitar isso de jeito nenhum. Então, todo aquele dinheiro que se gasta em uma manutenção que não dá certo, vamos colocar para pagar o pedágio. E vamos aproveitar, com inteligência, a faixa de domínio das rodovias, com exploração de serviços, publicidade, para criar um fundo que banque esse pedágio – disse.

Ouça a entrevista de Napoleão Bernardes à Rádio Som Maior:

https://soundcloud.com/upiaraonline/sets/upiara-boschi


Sobre a foto em destaque:

Napoleão Bernardes concedeu entrevista no estúdio da Rádio Som Maior na quinta-feira. Foto: Vitor Netto, Som Maior.

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