O PSD está próximo de Carlos Moisés (PSL) porque o governador mudou após tomar um “cartão amarelo” com os processo de impeachment, mas terá projeto próprio ao governo do Estado em 2022. Esta é a avaliação do ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes, um dos pré-candidatos da sigla para as eleições de 2022. Em visita a Criciúma, o pessedista foi entrevistado pelos jornalistas Upiara Boschi e Adelor Lessa no quadro Plenário, na Rádio Som Maior.

Napoleão afirmou que o PSD quer ter candidato a governador, mas o momento atual é de visitar as bases “ouvindo filiados, prefeitos, vices, vereadores, gente da sociedade civil, para formular desde já um plano de ação para o Estado”. Garantiu que o partido está unido em torno de valores como “não aumentar imposto de jeito nenhum, enxugamento da máquina pública, corte de desperdício, busca de eficiência na máquina pública e competividade para atração de investimentos”.

– Sendo candidato a governador João Rodrigues, Raimundo Colombo, Milton Hobus, Adeliana Dal Pont ou eu, todo mundo está endossando um ao outro e o partido vai unido em 2022.

Defendeu que o PSD continua coerente mesmo ao se aproximar do governo Moisés, após ter feito franca oposição na maior parte do mandato e ajudar a aprovar a abertura de dois processos de impeachment. Em entrevista recente, o prefeito chapecoense João Rodrigues afirmou que é hipocrisia negar que o PSD hoje apoia a gestão de Moisés. Para ilustrar a posição do partido, Napoleão fez comparações entre o governo Moisés e o do ex-governador Raimundo Colombo, em referência elogiosa ao colega de partido.

– No momento em que o governo estava fechado à sociedade, o PSD era o canal de ressonância de muitas demandas. Raimundo Colombo (PSD) foi um governador que em seus oito anos de mandato, pegou três anos de recessão econômica profunda. Qual foi a posição do governador? Não só não aumentou impostos, como fez ajustes pontuais de redução de carga tributária para garantir a competitividade da economia catarinense. Se ainda temos a indústria têxtil foi por uma política tributária de incentivo para garantir competitividade. Também por uma visão de não aumentar imposto e ter política de incentivo de outro, nosso agronegócio está levando o Brasil nas costas. Governador Moisés entrou com arrecadação em alta e iniciou uma política de tentar aumentar imposto. Ele não estava ouvindo a sociedade. O PSD fez críticas contundentes e na Assembleia Legislativa fez uma força-tarefa para não permitir aumento de imposto nenhum. Depois do cartão amarelo do impeachment, o governador ficou mais permeável a ouvir a Assembleia. Agora que ele está mais presente, ele mudou seu jeito de ser. Onde tem abertura para levar suas demandas, o PSD leva.

Napoleão destacou que após a derrota eleitoral de 2018, quando concorreu a vice-governador na chapa liderada por Mauro Mariani (MDB), ele voltou a dar aulas e que intercala a atividade política com a produção de uma tese de mestrado sobre uma “nova era de governança”. Perguntei, então, qual a diferença entre esse termo e a chamada “nova política”, que marcou a campanha de Moisés em 2018. O ex-prefeito disse que ele e o PSD  não diferem a política em nova ou velha.

– Esse mantra que se pregou em algum momento, de fetiche, de moda, demonstrou que essa generalização não leva a nada. A política vai ser boa se mal exercida, ruim se mal exercida. O que eu tenho estudado no doutorado são bons exemplos e ações no sentido de permitir a nova visão de desenvolvimento. Tirar as amarras da burocracia, buscar simplificação, criar ambiente favorável para inovação, criatividade. Na eleição municipal se percebeu um movimento da maior reeleição de prefeitos da história do Brasil. Talvez a generalização do “o que está aí não presta” tenha acabado.

Em relação ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Napoleão apresentou uma postura intermediária em relação a outros pré-candidatos do PSD ao governo. João Rodrigues tem colado seu discurso ao de Bolsonaro, enquanto o ex-governador Raimundo Colombo mantém o tom crítico que adota desde 2018.

– Minha visão é pragmática. Um governador ou quem aspira um governo do Estado não deve desde já fechar as portas com ninguém em termos de governabilidade. A gente precisa ser pragmático em busca de resultados. O presidente Jair Bolsonaro, como qualquer ser humano e qualquer líder, tem acertos e desacertos. Vamos aplaudir os acertos, apontar rotas de correção nos desacertos. O importe para o Estado é ter as portas abertas. O eleitor vai saber diferenciar o que é tema do Estado e do país. Votar de cabo a rabo, como em 2018, a gente viu no que deu.

Ouça a íntegra da entrevista:


Sobre a foto em destaque:

Pré-candidato a governador pelo PSD, o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes foi entrevistado no estúdio da Rádio Som Maior nesta terça-feira. Foto: Vitor Netto, Som Maior.

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