Coube ao senador Jorginho Mello (Partido Liberal) abrir a série de sabatinas dos candidatos a governador promovida pela Fecomércio SC em parceria com o Upiara.Online. Em 40 minutos de entrevista, ele se comprometeu com questões da Carta do Comércio e prometeu ser parceiro do setor se for eleito governador. O encontro deixou clara a estratégia do candidato de atrelar promessas e ações de um futuro governo à parceria com o presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal), candidato à reeleição. É o grande motor de sua candidatura ao governo.
A sabatina contou com três perguntas formuladas pela Fecomércio SC e que serão replicadas a todos os demais postulantes – todos os oito candidatos cujos partidos têm representação no Congresso Nacional foram convidados pela entidade para as entrevistas que tenho conduzido no Centro de Inovação Acate Downtown, em Florianópolis. A Fecomércio SC questionou os candidatos sobre a possibilidade de redução de alíquotas de Icms como forma de controlar a inflação e recuperar o poder de compra das famílias, sobre propostas para ampliar linhas de crédito e redução do custo de captação desses recursos e sobre políticas para qualificação profissional.
Veja a íntegra da entrevista:
Jorginho prometeu fazer “uma grande revisão de incentivos fiscais” e estudar a possibilidade de diminuição de alíquotas de produtos da cesta básica. Foi mais desenvolto nas outras duas perguntas da entidade, trazendo a promessa de criar em Santa Catarina um programa de oferta de crédito para micro e pequenas empresas aos moldes do Pronampe, que ajudou a elaborar como senador durante a pandemia. Para tirar essa proposta do papel, o candidato pretende fazer parceria com cooperativas de crédito. Para ampliação da qualificação profissional, defendeu parceria com as universidades ligadas à Acafe e com o Sistema S, utilizando as estruturas no contraturno.
– O Sistema S vai ser um grande parceiro do meu governo. Por quê? Porque eu sempre fui um grande parceiro do Sistema S. Sempre que alguém queria tirar um pedaço da arrecadação do Sistema S, com a alegação de que era muita grana, eu sempre fui muito parceiro como deputado federal e senador para lutar no plenário para manter, porque sei da importância do que fazem Sesc, Senac, a Fecomércio, na fomentação dos negócios. Agora chegou a vez de fazer uma parceria com o Sistema S – disse Jorginho.
Ao longo da sabatina, o senador e candidato a governador também respondeu outras perguntas sobre gestão pública e também sobre questões políticas. Prometeu uma reforma administrativa que simplifique a máquina, mas criando estruturas enxutas para setores específicos. Uma das ideias é ter uma secretaria executiva de portos e aeroportos ligada à Secretaria de Infraestrutura. Segundo ele, hoje “está tudo misturado” e a falta de uma política integrada para o setor faz com que Santa Catarina perca oportunidades. Para a manutenção das rodovias estaduais, defendeu “um grande entendimento com os municípios”, com uso de consórcios regionais e repasse de recursos. Também se comprometeu a dar continuidade ao Plano 1000, instrumento do governo Carlos Moisés (Republicanos) para repasse de recursos para obras de infraestrutura a serem tocadas pelos municípios.
Jorginho não deixou de criticar o atual governador, concorrente na disputa pelo governo. Fez críticas à gestão da saúde, na pandemia e fora dela, dizendo que 140 mil pessoas esperam na fila por cirurgias. Na questão política, chamou Moisés de “traidor” por ter se distanciado de Bolsonaro – ambos estavam no mesmo partido, o extinto Psl, na eleição de 2018. Jorginho prometeu governar ao lado do presidente. Ele também disse que vai estar próximo da bancada federal catarinense e acusou Moisés de só se aproximar quando decidiu fazer o repasse de R$ 460 milhões para obras federais. Mesmo assim, disse que esse recurso destinado às BRs 470, 280, 163 e 285 “não foi determinante”.
– Quero ser parceiro da bancada. Conheço bem, conheço emenda, a hora certa de fazer emenda, falar com o relator para que a gente consiga colocar dinheiro em obras estruturantes. Santa Catarina precisa muito do governo federal – disse o senador.
Jorginho também respondeu sobre a polêmica da participação como deputado federal na base governista em parte dos mandatos da ex-presidente Dilma Rousseff (Pt), entre 2012 e 2015. Segundo ele, a natureza desse apoio era diferente da relação que hoje tem com Bolsonaro.
– Quando eu me filiei no Pr (Partido da República, atual Partido Liberal) na época, o Pr era base do governo federal (da presidente Dilma Rousseff). Nós não tínhamos presidente da República. Quando eu tive a oportunidade de fazer uma opção, eu fiz, que foi a eleição do presidente Jair Bolsonaro. Desde o primeiro dia eu sou parceiro, tenho compromisso e tenho trabalhado para defender. Os outros foi circunstancia. Para representar meu Estado, para fazer relacionamento, para receber uma autoridade quando eu era presidente da Assembleia. “Ah, tem uma fotografia”. Fotografia você pode tirar com todo mundo – disse Jorginho.
Sobre a foto em destaque:
Jorginho Mello (Partido Liberal) foi o primeiro entrevistado da Sabatina Fecomércio SC. Foto: