A candidatura de Jorge Boeira (Pdt) a governador saiu quase na última. Depois de meses de articulações que envolveram sua saída do Progressistas, o flerte com o Psb e a filiação do Pdt, o ex-deputado federal estava se preparando para concorrer a senador pela frente de esquerda que daria palanque conjunto às candidaturas presidenciais de Lula (Pt) e Ciro Gomes (Pdt). A equação entre o Pt de Décio Lima e o Pdt de Dário Berger acabou relegando aos pedetistas uma rejeitada vaga de vice-governador na chapa. E Boeira virou, assim, candidato a governador.
– Não foi uma candidatura improvisada. O que existiu é que naquele momento discutíamos uma candidatura ao Senado. Para quem já foi quatro vezes deputado federal, não havia problema algum, conheço os grandes temas nacionais. A partir daquele momento, tive que estudar muito para dimensionar as propostas para a sociedade catarinense – diz Boeira.
Deputado federal entre 2003 e 2014 por três partidos – Pt, Psd e Progressistas -, Jorge Boeira foi o sexto entrevistado na série de sabatinas promovidas pela Fecomércio SC em parceria com o Upiara.Online. Antes dele, participaram das entrevistas de cerca de 40 minutos Jorginho Mello (Partido Liberal), Odair Tramontin (Novo), Esperidião Amin (Progressistas), Décio Lima (Pt) e Carlos Moisés (Republicanos).
Veja a íntegra da entrevista:
A sabatina conta com três perguntas formuladas pela Fecomércio SC com base na Carta do Comércio e que serão replicadas a todos os candidatos cujos partidos têm representação no Congresso Nacional e foram convidados pela entidade para as entrevistas que tenho conduzido no Centro de Inovação Acate Downtown, em Florianópolis. A Fecomércio SC questionou os candidatos sobre a possibilidade de redução de alíquotas de Icms como forma de controlar a inflação e recuperar o poder de compra das famílias, sobre propostas para ampliar linhas de crédito e redução do custo de captação desses recursos e sobre políticas para qualificação profissional.
Boeira garantiu que se eleito governador será parceiro dos temas levantados pela entidade, embora tenha sido genérico na maior parte das respostas. Sobre oferta de crédito e seu custo, prometeu fazer tudo que for possível para “impulsionar as vocações de cada região”. Em relação a reduzir alíquotas de Icms para minimizar custos e a inflação, preferiu se ater à política de incentivos fiscais – que prometeu rever.
– O problema desses incentivos é que 80% vão para 2% das empresas, enquanto que de 70% a 80% dos empregos em Santa Catarina são gerados pelas micro, média e pequenas empresas. Então temos que rediscutir esse tema para que todos sejam contemplados igualmente.
Foi mais incisivo na questão da entidade sobre a educação profissionalizante, quando prometeu parcerias e também pagar o aluno do ensino médio que busque essa alternativa.
– O ensino médio tem que ser feito de forma concomitante com Sistema S, institutos federais, todas aquelas estruturas técnicas que temos no Estado. E esse jovem que fizer a opção de fazer o ensino médio concomitantemente com o ensino técnico terá um apoio do governo, uma renda diferenciada, para que possamos gerar qualificação pessoal e profissional.
A aliança com as entidades da sociedade civil, no entanto, surgiu como peça central da proposta de governo quando as questões tiveram como foco a máquina pública e investimentos. Boeira disse que a melhor forma de garantir transparência e eficiência na gestão é trazer esses organismos para dentro da máquina, especialmente na fiscalização das obras.
– A máquina pública é muito grande. Não tem outra forma de gestão que não buscarmos o apoio e a participação da sociedade civil organizada. A exemplo da Fecomércio, da Fiesc, da Facisc, quero trazer a sociedade civil organizada que represente todos os setores, de trabalhadores, de empresas, que possam participar, mas sobretudo fiscalizar o próprio governo.
Outra proposta é uma articulação com a Assembleia Legislativa para reduzir os repasses que são canalizados para Tribunal de Justiça, Ministério Público de Santa Catarina, Tribunal de Contas e o próprio parlamento estadual – os chamados duodécimos, que chegam a cerca de 20% do orçamento do Estado. Que drenar parte desses recursos para a saúde.
– Claro que os deputados precisam ter participação nisso. Caberá a eles a destinação desses recursos, desde que seja para a saúde. Acredito que dessa forma conseguiremos dinheiro para a saúde sobrando recursos na outra ponta para investir nas estradas – acredita Boeira.
Em sua primeira tentativa de se eleger para um cargo do Poder Executivo, Boeira diz que não vai faltar experiência como gestor caso seja eleito.
– Minha vida foi de gestor. Eu iniciei microempresário e hoje nós gerimos três empresas que ocupam posições de destaque no cenário econômico nos segmentos em que elas atuam. Mas eu não sou só o cidadão da gestão. Eu sei fazer transformação. Eu sou o cidadão que gosta de resolver um problema. A gestão em si, eu acho muito fácil
Sobre a foto em destaque:
Jorge Boeira (Pdt) foi o sexto entrevistado da Sabatina Fecomércio SC. Foto: Divulgação.