Envolvido em uma disputa interna no Pros nacional, o defensor público Ralf Zimmer passou a maior parte da campanha eleitoral precisando provar que era candidato a governo para valer. Nesta semana, esse problema foi resolvido, com o Tribunal Regionall Eleitoral (Tre-SC) deferindo sua candidatura após manifestação da direção nacional do partido em favor da conciliação. Agora, o desafio de Zimmer, que se notabilizou na política catarinense por ser autor de um dos pedidos de impeachment que quase derrubaram o governador licenciado Carlos Moisés (Republicanos), é mostrar que não está no jogo apenas para espezinhar desafeto.

Essa foi uma das perguntas que fiz ao defensor público na série de entrevistas com os candidatos a governador promovida pela Fecomércio SC em parceria com o Upiara.Online: como Zimmer vai convencer o eleitor de que é candidato ao governo do Estado e não candidato a derrubar Moisés? Na resposta, ele negou desavença com o governador licenciado e disse que se arrependeu das consequências do processo do impeachment, pela reformatação política do governo após serem rejeitados os pedidos, mais aberto a alianças com partidos tradicionais – inclusive as que inicialmente atuaram a favor da cassação. O nosso diálogo foi o seguinte:

– Eu nunca mais entro com pedido de impeachment, me frustrei – disse Zimmer.
– O senhor se sentiu usado pelas forças que em determinando momento quiseram derrubar Moisés e depois acabaram compondo com ele? – perguntei.
– Se eu disse que não, vou estar te mentindo. Eu me senti usado no dia em que fui fazer a sustentação oral, entro na Assembleia Legislativa, abro o celular e o Eron Giordani estava no governo. Ele foi um grande articulador do impeachment, quem não sabe? Eu entrei (com o pedido) e fui embora. O grande articulador do impeachment foi Eron Giordani, hoje vice de Gean Loureiro. E foi o grande articulador depois para desfritar o ovo. Isso foi o de menos, era esperado. Eu não me irritaria tanto se não chegasse o final do ano passado com R$ 500 milhões em emenda (parlamentar) e faltando leito de Uti – disse Zimmer, citando a passagem de Eron Giordani pela Casa Civil do governo Moisés.

Veja a íntegra da entrevista:

Ralf Zimmer foi o sétimo entrevistado na série de sabatinas promovidas pela Fecomércio SC. Antes dele, participaram das entrevistas de cerca de 40 minutos Jorginho Mello (Partido Liberal),  Odair Tramontin (Novo),  Esperidião Amin (Progressistas),  Décio Lima (Pt), Carlos Moisés (Republicanos) e Jorge Boeira (Pdt).

A sabatina conta com três perguntas formuladas pela Fecomércio SC com base na Carta do Comércio e que serão replicadas a todos os candidatos cujos partidos têm representação no Congresso Nacional e foram convidados pela entidade para as entrevistas que tenho conduzido no Centro de Inovação Acate Downtown, em Florianópolis. A Fecomércio SC questionou os candidatos sobre a possibilidade de redução de alíquotas de Icms como forma de controlar a inflação e recuperar o poder de compra das famílias, sobre propostas para ampliar linhas de crédito e redução do custo de captação desses recursos e sobre políticas para qualificação profissional.

Zimmer foi cauteloso nas respostas. Defendeu mudanças estruturais na máquina do Estado como primeiro passo antes de mexer na tributação. Ele acredita que é possível reduzir custos com ampliação do trabalho remoto. Sobre oferta de crédito, aproveitou para criticar Moisés e admitiu que não tem conhecimento sobre as políticas de órgãos como o Badesc e o Brde.

– O que eu sei do Brde é que está o ex-governador Eduardo Pinho Moreira (Mdb), citado na Operação Hemorragia, vai ter o direito dele de defesa, ganhando R$ 60 mil por mês porque o Carlos Moisés colocou. Isso é o que eu sei de Brde para te ser bem sincero. A política desses bancos confesso que eu não estou a par, sei que são de linhas de crédito. O que eu tenho em mente é que o pequeno, o micro e o médio empresário que tem que ter crédito – disse Zimmer, que prometeu colocar na direção das agências de fomento um “economista com experiência em bancos privados”

Mesmo sem compromissos pontuais, o defensor público prometeu diálogo constante com as entidades da sociedade civil para decisões políticas caso seja eleito governador.


Sobre a foto em destaque:

Ralf Zimmer (Pros) foi o sétimo entrevistado da Sabatina Fecomércio SC. Foto: Divulgação.

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