Com mais de 50 anos de vida pública e a experiência de quem governou Santa Catarina em dois períodos distintos – o início dos anos 1980 e a virada da década de 1990 para os anos 2000 -, o senador Esperidião Amin (Progressistas) chega para sua quinta disputa pelo governo do Estado equilibrando-se com um pé na experiência acumulada e outro no compromisso de focar ações de um novo mandato em oportunidades para a juventude. São os dois pontos que mais apareceram nos cerca de 40 minutos da sabatina promovida pela Fecomércio SC em parceria com o Upiara.Online. Além, é claro, de acenos diretos ao eleitor do ex-presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal) e a promessa de que se voltar ao comando do Estado, estará diferente de 1983 e 1999.
– Quero ouvir mais. Você há de convir que um governador eleito com 34 anos de idade tem que ser um pouco mais impetuoso do que hoje – brinca o senador que completará 75 anos em dezembro.
Amin foi o terceiro entrevistado na série de sabatinas da Fecomércio, quando os principais postulantes ao governo estadual puderam se comprometer com os temas da Carta do Comércio. Antes dele, foram ouvidos Jorginho Mello (Partido Liberal) e Odair Tramontin (Novo). A sabatina conta com três perguntas formuladas pela Fecomércio SC e que serão replicadas a todos os candidatos cujos partidos têm representação no Congresso Nacional e foram convidados pela entidade para as entrevistas que tenho conduzido no Centro de Inovação Acate Downtown, em Florianópolis.
Veja a íntegra da entrevista:
A Fecomércio SC questionou os candidatos sobre a possibilidade de redução de alíquotas de Icms como forma de controlar a inflação e recuperar o poder de compra das famílias, sobre propostas para ampliar linhas de crédito e redução do custo de captação desses recursos e sobre políticas para qualificação profissional. Amin alinhou-se aos termos da entidade, mesmo que de forma genérica e apelou aos histórico ao falar sobre a possibilidade de redução de impostos estaduais.
– Eu lembro que logo após a enchente de 1983, que foi a maior crise econômica que eu vivenciei no Estado, nós criamos o estatuto da microempresa e reduzimos a cobrança, na época do Icm (atual Icms), sobre as vendas a prazo e não houve queda de receita. Eu aprendi que a capacidade contributiva é algo que você sempre tem que ter em mente. Não adianta tentar agarrar o que não existe.
Amin prometeu parceria com a Fecomércio e outras entidades para pensar em reduções de impostos e incentivos fiscais – como a ideia de um programa similar ao Prodec, da indústria, para comércio, serviços e turismo. Colocou, no entanto, suas condições.
– Essa impulsão vai levar em conta sempre se essa vantagem representa um benefício para o consumidor, para a geração ou manutenção do emprego e para o desenvolvimento da nossa competitividade. O setor que vai ser beneficiado pode ser qualquer um, mas precisa ter esse tripé: consumidor, competitividade e emprego
Sobre linhas de crédito, falou do Brde como grande instrumento, com a criação de um fundo em parceria com os demais Estados que administram a instituição. Detalhou-se mais na pergunta sobre educação profissionalizante, onde sinalizou que conta com o Sistema S no desenvolvimento do novo ensino médio no Estado,
– Nós não precisamos construir escolas, nós temos que aproveitar nosso ativo educacional. Sistema S, Acafe, institutos federais, universidades federais, estadual e privadas, centros de inovação. Para formarmos uma grande trilha do novo ensino médio. Não estou desprezando a pré-escola, o ensino fundamental ou o ensino Superior, mas é o ensino médio é a bola da vez, é onde está havendo evasão. O jovem de 16 a 21 anos sabe o que precisa para se desenvolver e competir. Se a escola não tiver professores sempre atualizados, o aluno não sendo atraído por uma educação digital, moderna, o aprendedor não fica na escola.
Em termos de infraestrutura, Amin defendeu a continuidade da participação do Estado com repasse de recursos para o avanço de obras federais, como praticado no governo do adversário Carlos Moisés (Republicanos), mas com abatimento dos valores na dívida com a União. Para manutenção das rodovias estaduais, defendeu contratos de manutenção permanente e concessão de rodovias específicas. Citou a SC-283, que liga Concórdia a Itapiranga.
– Ela não vai ser federalizada. Então, mediante um subsídio que a própria lei da parceria público-privada permite, a cobrança de um pedágio proporcional ao tempo de uso da rodovia. Essa lei é minha.
Quando questionado sobre planos para o turismo no Estado, Amin voltou a falar de e para os jovens.
– Conto aí com a qualificação do jovem. Está vindo aí uma geração de empreendedores que se preocupa com o meio ambiente e que vai ajudar, por exemplo, a transformar o Parque da Serra Catarinense em uma coisa extraordinária. Vai mostrar o nosso mel de bragatinga, que ninguém tem. Isso é uma dádiva de Deus, como nossos vinhos de altitude, que são imbatíveis. Isso significa qualificar pessoas. Eu quero ajudar a fazer de Santa Catarina um exemplo de turismo associado à cultura e à preservação do meio ambiente.
No campo político, disse ter uma “relação sólida” com o presidente Jair Bolsonaro (Partido Liberal), candidato à reeleição. Alfinetou o adversário Jorginho Mello (Partido Liberal), ao dizer que não quer Bolsonaro para si, mas que “outros querem”.
– O Bolsonaro não é de ninguém. O Bolsonaro é uma figura extraordinária na nossa política. Você pode apontar os defeitos, eu também posso, mas ele representou para o país uma chacoalhada boa e está criando uma cultura que vai ser temperada com o tempo.
Na mesma linha, pediu ao eleitor bolsonarista que observe os candidatos e não apenas os números de legenda. Lembrou de 2018, quando Moisés – então desconhecido – foi eleito governador com o mesmo 17 do extinto Psl, partido de Bolsonaro naquela disputa.
– Não foi bom para Santa Catarina votar em um número para governador. Número do Bolsonaro, número do governador. O Estado viveu problemas desnecessários nesses quatro anos. Não estou culpando o governador, estou culpando a natureza da escolha. No quadrante dos que vão votar em Bolsonaro não há apenas o candidato do Pl e o Esperidião Amin, há outros. O que eu digo é o seguinte: não siga o número. Escolha, compare. Veja se a pessoa tem experiência administrativa, se ela já decidiu coisas na cadeira que não é confortável de gestor público.
Sobre a foto em destaque:
Esperidião Amin (Progressistas) foi o terceiro entrevistado da Sabatina Fecomércio SC. Foto: Divulgação.