A batalha das notas oficiais é novo capítulo da novela da formação da frente de esquerda em Santa Catarina. A reunião entre os dirigentes das oito legendas envolvidas – Pt, Pc do B, Pv, Psb, Pdt, Psol, Rede e Solidariedade – acabou sendo realizada na noite de quinta-feira e terminou com uma dessas notas oficiais anunciando que foram definido e confirmado o nome do ex-deputado federal Décio Lima (Pt) para ser o candidato a governador do grupo, mas que o anúncio das demais posições majoritárias seria tema de uma reunião reduzidas aos pré-candidatos Dário Berger (Psb), Jorge Boeira (Pdt), Gelson Merisio (Solidariedade) e Afrânio Boppré (Psol), indicados a compor a linha de frente da eleição estadual.

– Um dia histórico porque marca uma convergência inédita neste estado, entre partidos e pessoas que podem ser diferentes, mas que compartilham valores, crenças e ideias fundamentais – pontuou, na nota, Décio Lima.

Mas o anúncio foi feito, chegou outra nota oficial – uma espécie de “contranota” -, esta do Psb. Nela, o time de Dário Berger e Cláudio Vignatti, que assina a nota na condição de presidente estadual da sigla, “manifesta estranhamento com a versão amplamente divulgada pela mídia regional quanto à suposta definição da candidatura ao governo do Estado pela futura coligação, o que não ocorreu”. Garante que o nome de Dário continua mantido como pré-candidato a governador e que a única concessão feita na reunião com os demais partidos foi comunicar “disposição para encontrar a melhor configuração possível, inclusive a eventual candidatura à reeleição para o Senado da República”.

Antes mesmo da reunião, outras duas notas já chamaram atenção. O Psol se antecipava ao encontro – e à possibilidade de confirmação do nome do ex-deputado federal Jorge Boeira (Pdt) para concorrer a senador – e reafirmou considerar “inoportuno abrir espaço destacado na chapa majoritária em favor do impulsionamento da candidatura Ciro Gomes, enfraquecendo o potencial eleitoral em favor de Lula”. Os psolistas disseram que, “se necessário”, poderão “optar por caminho próprio”.

A posição teve resposta de um grupo de militantes do Pdt, em carta aberta, que vê a legenda espremida “entre os projetos de poder de extrema-direita e o hegemonismo petista com seus associados locais, responsáveis por ridicularizar de várias formas o trabalhismo e o nosso pré-candidato a presidente, a partir de falas, ações e ilações que desrespeitam o Pdt”. Dizem eles que o Pdt “não pode e não deve aceitar qualquer coisa menos que a vaga ao senado na ‘frente de esquerda'” e que são contrários a participar da composição “em caso de duas candidaturas ao Senado”. Sugerem, ao fim do documento, que caso esse cenário se configure o partido converse com outras frentes políticas ou lance candidatura própria ao governo. O documento é assinado por diversos militantes pedetistas, mas não é endossado pelo presidente estadual Manoel Dias – já acertado com Décio Lima.

São as pontas soltas da frente de esquerda. Construída com sorrisos nas fotos e muitas farpas nas notas à imprensa.


Sobre a foto em destaque:

Participaram da reunião os presidentes estaduais Cláudio Vignatti (Psb), Manoel Dias (Pdt), Douglas Mattos (Pc do B), Osvaldo Mafra (Solidariedade), Guaraci Fagundes (Pv), Mário Dutra (Psol) e Reinaldo Haas, representando a Rede. Foto: Denner Ovídio, Divulgação.

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