O governador Carlos Moisés (ex-Psl) tem uma agenda administrativa protocolar em Brasília nesta quarta-feira, mas todas as atenções estarão voltadas para a política. Ele tem um encontro marcado com o presidente nacional do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira (São Paulo), bispo licenciado da Igreja Universal. A conversa deve encaminhar o entrelaçamento dos projetos do governador e do partido nas eleições de 2022 em Santa Catarina – embora não signifique necessariamente a filiação de Moisés à legenda.
Estará presente no encontro o presidente estadual do Republicanos, deputado estadual Sérgio Motta. O governador tem dito que gostaria de se filiar a uma partido menor em Santa Catarina, que o permitisse manter agrupados em seu projeto de reeleição os tradicionais Mdb, Progressistas e Psd. Uma costura complexa e improvável, mas que parte do Centro Administrativo considera possível se Moisés estiver em um partido alheio às histórias de rivalidade entre essas legendas. Nesse contexto, o Republicanos caberia como uma luva, mas há dúvidas sobre a segurança de aderir a um partido que é dirigido de cima para baixo pela direção nacional ligada à Igreja Universal. Por isso, a importância da conversa com Marcos Pereira.
Ao mesmo tempo, o projeto do Republicanos é repetir a performance das eleições de 2018, quando conseguiu emplacar vagas na Alesc, com Sérgio Motta, e na Câmara dos Deputados, com o deputado federal Hélio Costa, que já anunciou a saída do partido para ingressar, ano que vem, no Psd. Naquela eleição, a popularidade do comunicador ajudou o partido também na eleição da Alesc, assim como a capilaridade da Universal foi fundamental para que ele fosse o deputado federal mais votado – conquistando votos em regiões que não alcançava com rádio e televisão.
O ingresso do governador Moisés e de um time de candidatos a deputado estadual e federal poderia ajudar o Republicanos a ampliar suas bancadas. Entre os secretários de Moisés que desejam ser candidatos em 2022 e que procuram filiação estão Luciano Buligon (Desenvolvimento Econômico), Lucas Esmeraldino (Articulação Nacional), Tiago Vieira (Infraestrutura) e André Motta Ribeiro (Saúde). Essa confluência de interesses deve ficar mais azeitada depois da conversa entre Moisés e Marcos Pereira. Semana passada, o governador conversou com a deputada federal Renata Abreu (São Paulo), presidente nacional do Podemos, mas a resistência local à filiação do governador e sua trupe é forte.
A costura de Moisés com o partido dos bispos não envolve necessariamente a filiação dele próprio, por causa da expectativa no cenário eleitoral catarinense da provável filiação do presidente Jair Bolsonaro ao Progressistas (Pp). A avaliação nos bastidores é de que consumado este gesto, ganha fôlego a possibilidade de que o senador Esperidião Amin (Pp) seja candidato ao governo, o que acaba com as chances do palanque de rivais com que Moisés sonha, além de enfraquecer o projeto do senador Jorginho Mello (Pl) de ser o candidato oficial do bolsonarismo. No Centro Administrativo avança a ideia de que com Amin candidato o lugar de Moisés é no Mdb, para garantir o apoio do maior partido do Estado. De qualquer forma, isso não muda a necessidade de que ter como aliado uma legenda menor que acolha os moisesístas do secretariado.
Upiara Boschi e Adelor Lessa comentaram a ida de Moisés a Brasília para falar com Marcos Pereira, do Republicanos. Ouça:
Sobre a foto em destaque:
Moisés vai ao bispo na quarta-feira para alinhar conversa com o Republicanos. Foto: Júlio Cavalheiro, Secom.