Poucas horas antes de encontrar Celso Maldaner, deputado federal e presidente estadual do Mdb, na Casa d’Agronômica na tarde de segunda-feira, o governador Carlos Moisés (ex-Psl) falou sobre o que espera de seu futuro destino partidário: um lugar em que se sinta em casa, com direito a fazer algumas reformas para melhor se acomodar. A fala veio de forma descontraída, bem humorada, no auditório da Federação das Indústrias (Fiesc), logo após o evento que deu início à coleta de assinaturas para o abaixo-assinado Santa Catarina Não Pode Parar – uma cobrança por investimentos da União nas rodovias federais que cortam o Estado.

Na breve conversa, Moisés disse que a intenção ainda é focar a agenda administrativa e deixar as definições políticas para o ano que vem. Perguntei se seria limitado a questões de gestão o encontro com Celso Maldaner, dirigente emedebista e ainda oficialmente um dos três pré-candidatos do partido ao governo em 2022. Moisés riu e disse que é impossível não falar de política quando se conversa com políticos.

Moisés e o Mdb vivem dilemas que se assemelham e se cruzam. O governador quer o apoio do partido, mas continua preferindo a filiação a uma legenda menor – mais aconchegante, acolhedor, em que possa se sentir em casa, como disse. O preferido continua sendo o Republicanos. O Mdb tem uma disputa interna entre o senador Dário Berger e o prefeito Antídio Lunelli, prefeito de Jaraguá do Sul, pela condição de candidato a governador. Algo que pelo cronograma estabelecido só se resolveria em 15 de fevereiro com as prévias do partido. Prévias que quase ninguém mais acredita que sairão das intenções. Parte das lideranças emedebistas, especialmente deputados estaduais, já começa a vocalizar o desejo de estar no projeto de reeleição de Moisés em 2022. Ao mesmo tempo, Celso Maldaner parece estar escolhendo o momento de retirar a pré-candidatura, aderir a Antídio e dar a Dário a deixa para aceitar os convites do Psb para novas aventuras à esquerda.

Foi nesse contexto que Celso Maldaner chegou à Casa d’Agronômica com uma agenda sentimental e outra de deputado para governador. Na primeira, acompanhado de Ivone, Josiane e Janiara – viuva e filhas de Casildo Maldaner -, entregou ao governador um belo livro com registros fotográfico sobre a trajetória do ex-governador, ex-senador e líder emedebista que morreu em maio. Na segunda, tratou de obras na base eleitoral do parlamentar no Oeste do Estado. E a política? E o Mdb?

Mesmo com a presença do chefe da Casa Civil e articulador político do governo, Eron Giordani (Psd), o tema ficou no ar. Como se um lado esperasse que o outro puxasse o assunto. Há tempo para isso. Dia 6 de dezembro a executiva emedebista se reúne novamente em busca de uma solução para antecipar a definição do pré-candidato oficial do partido. Deve ser um momento crucial para o impasse que a legenda vive desde o início do ano. A partir daí as conversas, inclusive com o governador, devem afunilar e tornar-se mais objetivas.

Enquanto isso, Moisés continua em busca da casa que se pareça com ele. Se a tarde foi emedebista, a noite foi de encontro com os secretários estaduais e lideranças políticas que o governador espera levar para esse lugar acolhedor e aconchegante pelo qual ele quer disputar a reeleição e formar uma chapa com o time de aliados que nunca votou a favor de seu impeachment.


Sobre a foto em destaque:

Carlos Moisés e a primeira-dama Késia Martins da Silva (com a camiseta da Rede Laço) receberam o deputado federal Celso Maldaner, acompanhado por Ivone, Josiane a Janiara – viúva e filhas de Casildo Maldaner. Foto: Divulgação.

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