O grande negócio da véspera é a desastrada decisão do dia seguinte. Faz parte da lógica dos governos que se sucedem. Nesta segunda-feira, o governador Carlos Moisés (Republicanos) anunciou que o Estado quita em dezembro, no seu último mês de governo, a dívida com o Bank Of America que livra das costas do governo – e do sucessor Jorginho Mello (Partido Liberal) – uma conta de R$ 600 milhões por ano.

O empréstimo era sempre citado por Moisés como uma dívida contraída no governo de Raimundo Colombo (Psd) que pesava sobre o Estado. Na época, no entanto, foi anunciado como a salvação da lavoura. E, de certa forma, era.

Em 2013, o empréstimo de US$ 700 milhões significava R$ 1,5 bilhão – sim, o dólar valia pouco mais de dois reais. Assim, o financiamento foi contraído para quitar 20 parcelas de uma dívida antiga com a União. A ideia era trocar a correção de 14% do contrato com o governo federal por um empréstimo internacional com juros de 4%. O problema é que o cenário de dólar barato não durou muito tempo e a conta foi parar em R$ 4 bilhões.

Na história política recente de Santa Catarina, os governos venderam almoço para comprar a janta – e cada governador herdou algum papagaio dos antecessores. O governo Moisés viveu um misto de explosão de arrecadação com a inflação sobre os combustíveis e energia elétrica com o alívio da suspensão do pagamento da dívida principal com a União durante a pandemia. Vai deixar uma cenário inédito para o sortudo Jorginho Mello.

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