O governador Carlos Moisés (Republicanos) encontrou um nome emedebista para concorrer a vice-governador em sua campanha à reeleição: o empresário e ex-prefeito Udo Döhler (Mdb). Na prancheta, é uma solução que faz todo sentido. É recorrente a ideia de que faltam nomes de Joinville, maior colégio eleitoral do Estado, no desenho das chapas majoritárias de todas as pré-candidaturas – o que gerou um quase inédito protagonismo político de Jaraguá do Sul na região, com os emedebistas Antídio Lunelli e Carlos Chiodini. Mesmo com o desgaste da popularidade no fim do mandato como prefeito, Udo é emedebista, joinvilense e ainda traz o carimbo do empresário bem-sucedido.

O rumor cresceu durante a semana e foi confirmado pelo próprio Moisés à jornalista Maga Stopassoli durante a abertura do Congresso da Acaert, no domingo. Foi enviada uma sondagem ao ex-prefeito, com o convite para que participe da reunião com prefeitos do Mdb. A tendência é de que não vá, o que não impede outros encontros. A conversa pessoal entre Moisés e Udo ainda não aconteceu, mas acontecerá. O resto, depende mais do Mdb do que de Moisés e do próprio Udo. Há muitas peças para encaixar nesse jogo.

O nome do ex-prefeito joinvilense teria respaldo na bancada estadual do Mdb, maior aliada do governador no partido. Curiosamente – ou nem tanto – Udo está engajado no projeto do pré-candidato a governador Antídio Lunelli, ex-prefeito de Jaraguá do Sul, um nome que seguiu os passos do joinvilense como empresário bem-sucedido que ingressa na política eleitoral pelo tradicional Mdb. Udo foi apresentado recentemente como uma espécie de conselheiro político de Antídio e elo com o empresariado de Joinville.

O ex-prefeito de Jaraguá do Sul continua percorrendo o Estado e pretende mobilizar as bases emedebistas para o evento do lançamento de sua pré-candidatura, dia 11 de junho, em Curitibanos. Sexta-feira, esteve em Criciúma, ao lado do deputado federal e presidente do Mdb-SC, Celso Maldaner, onde maior uma vez garantiram que o partido terá candidatura própria a governador. Em entrevista conjunta ao Plenário da Som Maior, tanto Antídio quanto Maldaner minimizaram o apoio ostensivo de prefeitos à reeleição do governador.

– Esse amor tem prazo para acabar – disse Celso Maldaner, em referência ao fim do prazo para pagamento de convênios às prefeituras, em junho.

A opção por Udo como vice-governador na chapa de Moisés teria como efeito lógico o fim da pré-candidatura de Antídio Lunelli. É uma tese que é forte nos bastidores, mas que precisaria hoje da composição com Maldaner e o próprio Antídio. Isso porque precisa ser definida em acordo de cúpula. Não há mudança no horizonte que aponte que a tese do apoio a Moisés vença na convenção estadual do partido – como não venceria na prévia desfeita por falta de adversários à pré-candidatura de Antídio.

Ao mesmo tempo, a chapa Moisés/Udo também desfaz a alternativa que se desenhava nos bastidores com a possibilidade de que o deputado federal Carlos Chiodini, de Jaraguá do Sul, dispute a vaga de senador na chapa. Seriam dois nomes do Norte do Estado, algo inviável na composição regional, ainda mais quando se fala de um partido como o Mdb, de lideranças espalhadas por toda Santa Catarina e com interesses antagônicos para compor.

Em tempos de remake da novela Pantanal, é interessante observar que um partido grande como o Mdb é um boi que não se captura no laço, mas no feitiço.


Sobre a foto em destaque:

Moisés e Udo, em 2020, antes de as máscaras caírem. Foto: Secom, Divulgação.

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