As datas relevantes politicamente no calendário eleitoral são fixadas por legislação e observadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (Tse). Qualquer outra é mero exercício de auto-afirmação. Um exemplo claro é a data de 19 de fevereiro estabelecida pela Mdb catarinense para realizar uma prévia entre os pré-candidatos do partido ao governo do Estado. Uma ideia lançada no início do ano, adiada com a desculpa da pandemia e que virou um estorvo do qual os emedebistas não conseguem se livrar. Nem o trio de nomes que disputa, em tese, a vaga dá mais atenção para o evento.
O senador Dário Berger já é considerado carta fora do baralho – ou melhor, do partido. Aguarda o retorno do presidente estadual do Psb, Claudio Vignatti, de viagem ao exterior para uma nova conversa de ambos com o ex-governador paulista Márcio França, que encaminhe sua nova filiação. O deputado federal Celso Maldaner, presidente estadual do Mdb, já deu todos os sinais de que vai tirar o time de campo e apoiar o prefeito Antídio Lunelli, de Jaraguá do Sul. Só não o fez oficialmente porque isso daria a Dário a deixa para sair do partido como vítima.
Assim, tudo se encaminha para que Antídio seja o vencedor dessa versão da Batalha de Itararé – aquela que não houve. Na próxima semana, os emedebistas devem se reunir para decidir o que fazer com a natimorta prévia. Se a sustentam ou se o prefeito jaraguaense passa a ser considerado candidato único. No entanto, isso também é pouco importante, porque o mundo da política não acredita mais que Antídio consiga ser candidato a governador ostentando o 15 do Mdb. A bancada estadual não esconde mais que quer estar com o projeto de reeleição de Moisés, dentro ou fora do partido, e que não vai marchar com a candidatura engendrada pelo deputado federal Carlos Chiodini.
A alternativa de Antídio e Chiodini, neste caso, poderia ser confrontar o projeto do governador, defender a candidatura emedebista, fazer críticas ao alinhamento dos parlamentares estaduais, reparos à gestão. Houve até ensaios disso, mas o que se vê agora é justamente o oposto. Os políticos de Jaraguá do Sul estão sendo cortejados por Moisés e aceitaram o flerte. Na terça-feira, quando fez o evento na Casa d’Agronômica para celebrar a adesão de 10 prefeituras ao Plano 1000, Jaraguá do Sul entre elas, o governador fez questão de citar Chiodini mais de uma vez no discurso. No final do ano passado, convidou Antídio para um jantar na Agronômica – apenas eles e as esposas.
Estariam aderindo os jaraguaenses? Não necessariamente. Estão aceitando o jogo – ou a dança. Não há, neste momento, condições políticas de levar o Mdb para outro caminho e eles não querem ficar isolados. Após o evento de terça-feira, o nome de Chiodini passou a ser citado como possível candidato a vice-governador na chapa de Moisés, com Antídio completando seu mandato à frente da prefeitura. É uma hipótese hoje remota. Moisés vai ter muitos vices cotados até agosto, quando termina o prazo de registro das chapas.
Terça, na Casa d’Agronômica, o clima era tão descontraído entre os Moisés e os emedebistas que eles encheram o governador de elogios. Promessa de repasse de recursos para prefeituras amolece qualquer coração, especialmente o emedebista. Em determinado momento, Celso Maldaner exclamou:
– Fui prefeito por 12 anos e nunca consegui nenhum recurso.
Antídio seguiu a linha:
– Agora os prefeitos não precisam mais ir a Brasília conseguir recursos.
Chiodini brincou:
– Celso, tá pensando em ser prefeito de novo?
Prefeito de novo, provavelmente não. Vice-governador…
Sobre a foto em destaque?
No evento na Casa d’Agronômica, Moisés mostra o documento da adesão de Jaraguá do Sul ao Plano 1000 entre os secretários Paulo Eli (Fazenda) e Eron Giordani (Casa Civil). Enquanto isso, Antídio Lunelli (máscara azul), o deputado estadual Vicente Caropreso (Psdb) e Carlos Chiodini aplaudem. Foto: Secom, Divulgação.