É curioso como algo une Mdb, Progressistas (Pp) e Psdb quando se trata da relação com o governador Carlos Moisés (Republicanos). Nas três tradicionais legendas, grosso modo, defendem o apoio à reeleição os que têm mandato – deputados estaduais e prefeitos, especialmente -, enquanto os que preferem outros rumos são lideranças sem cargo e as difusas bases partidárias. Os outros rumos são as pré-candidaturas de Antídio Lunelli pelo Mdb e de Esperidião Amin para Pp e Psdb.
As três situações estão umbilicalmente ligadas a menos de duas semanas das convenções emedebista e progressista, dia 23 de junho, os dois maiores partidos do Estado. Moisés tem colocado quase todas as suas fichas em uma aliança com o Mdb, a quem oferece o que lhe foi demandado: as vagas de vice-governador e senador em sua chapa. Uma proposta que vale o peso de uma legenda que tem 99 prefeitos e nove deputados estaduais, mas que praticamente fecha a composição para partidos maiores. Hoje, Moisés tem Republicanos, Podemos, Avante, Democracia Cristã e Psc em seu bloco, uma coalizão muito tímida para um projeto de reeleição de governador.
Moisés acena ao Psdb com as suplências de senador e com espaços no futuro governo. É pouco, mas pode ser construído com o apoio dos prefeitos do partido. No Plenário Podcast desta segunda-feira, a deputada federal Geovânia de Sá (Psdb) escancarou a defesa do apoio à reeleição – e é sempre bom não descolar as posições da parlamentar das do prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, maior expressão eleitoral do partido. Mas a tucana reforçou o coro de que os tucanos consideram fundamental a vaga de vice ou de senador – algo que só Amin pode oferecer. Pelo menos agora.
Na entrevista, Geovânia disse que os tucanos não terão pressa. Lembrou que em 2018, o partido se apressou em fazer uma convenção com 2,5 mil pessoas em Joinville para lançar Paulo Bauer ao governo e Napoleão Bernardes ao Senado, mas acabou apoiando o Mdb de Mauro Mariani nas últimas horas do prazo das convenções – com Napoleão vice e Bauer ao Senado. Um projeto em que naufragaram todos. Agora, os tucanos querem decidir com calma. Esperar, especialmente, a definição do Mdb. Se Antídio Lunelli mantiver a pretensão de concorrer ao governo até as convenções e inflamar os sem-mandato a derrotarem a aliança com Moisés, as duas vagas na aliança governista ficam novamente disposíveis. Mais do que isso, Pp e Psdb tornam-se as alternativas naturais à ausência emedebista.
Embora o Pp também faça convenção no dia 23 e Amin diga e repita que apresentará seu nome como candidato ao governo, existe no partido quem também esteja de olho. Com o Mdb no foco da estratégia de Moisés, mesmo os progressistas mais interessados na aliança governista sabem que nem adianta apresentar a proposta oficialmente ao partido. Uma vitória de Antídio na convenção emedebista pode reabrir essa discussão, mesmo que a convenção do Pp oficialize Amin – as atas sempre ficam abertas até o último dia.
É com esse contexto que os aliados de Moisés no Mdb iniciam a semana tramando o lançamento do ex-prefeito joinvilense Udo Döhler como pré-candidato a vice-governador. Ele participa do almoço da bancada estadual, quando deve ser respaldado. Tem conversado com Moisés, já se afastou de Antídio. Empresário bem-sucedido e político do Norte do Estado, pode ser – perdoe o trocadilho, leitor – um antídoto a Lunelli. Assim como a ameaça de que se o Mdb não quiser Moisés, existe alternativa.
Sobre a foto em destaque:
Moisés com Geovânia de Sá (Psdb) e Joares Ponticelli (Progressistas) na Feagro, em Braço do Norte, no final de semana. Foto: Divulgação.