O Psd vive o dilema entre a construção de um projeto para voltar a comandar Santa Catarina e o apoio que vem dando ao governo de Carlos Moisés (sem partido) na Assembleia Legislativa. O epicentro desse dilema é Milton Hobus, deputado estadual e presidente do Psd-SC. Entrevistado por mim e pelo jornalista Adelor Lessa na Rádio Som Maior nesta segunda-feira, o pessedista mediu as palavras para defender o projeto do partido e o apoio à governabilidade – para isso, evitou colocar combustível no enfrentamento entre Moisés e o ex-governador Raimundo Colombo (Psd) na semana passada, quando o antecessor disse que o atual governo “fracassou”.

O Psd vai debater tudo no momento certo. Cada um dos nossos pré-candidatos vai escolher a sua linha de trabalho, cada um vai escolher as suas ideias. Isso é muito positivo. Evidentemente que o governo Carlos Moisés teve dois períodos. Um período em que esteve muito ausente, inclusive no diálogo. Não só com a Assembleia Legislativa, mas com todos os setores da sociedade. E tem um segundo momento agora onde todo estamos ajudando. A questão sobre a condução do governo é algo que vai ser debatido no momento certo, que é a hora da eleição.

No entanto, quando instado a comentar a crítica de Colombo de que “o governo está com o caixa cheio porque está arrecadando e o povo com a geladeira vazia” – em relação ao impacto da inflação sobre a arrecadação do Estado, especialmente no caso dos combustíveis, Hobus alinhou-se à crítica e deu números a esse confronto: segundo ele, Santa Catarina vai arrecadar R$ 1 bilhão a mais este ano graças ao aumento dos combustíveis e outros R$ 500 milhões extras com energia elétrica.

Eu sou muito crítico e a gente teve embates muito fortes porque eu defendo a competitividade do Estado de Santa Catarina. Às vezes a voracidade na arrecadação traz efeitos nocivos a médio prazo, com a diminuição da atividade econômica e consequente diminuição na própria arrecadação. A gente tem tido muito embates propositivos, sempre em alto nível, mas o Psd é contra aumento de impostos, é contra voracidade arrecadatória sem o critério competitivo. Eu próprio sugeri esses dias que o Estado fixasse um teto sobre a cobrança do Icms dos combustíveis. A base de cálculo aumentou muito, então se poderia aplicar esse teto porque a arrecadação já aumentou muito. Este ano vamos ter praticamente R$ 1 bilhão a mais de arrecadação sobre combustíveis e gás de cozinha. Poderia ter sido estipulado um teto para cobrança e essa volatilidade cambial que mexe com o preço das commodities não influenciaria tanto na base de cálculo do Icms, fazendo com que o combustível e o gás de cozinha pudessem baixar um pouco. A mesma coisa com essa tarifa extraordinária da energia elétrica, que pesa no bolso do cidadão, principalmente aquele mais humilde. Por que cobrar Icms sobre o excedente de cobrança da bandeira vermelha? Não precisaria, porque a própria base de cálculo já vai trazer mais de R$ 500 milhões só sobre energia elétrica. São pontos de vista em que divergimos e colocamos de forma muito clara na mesa. O Estado, em certos momentos, não precisaria estar tão ávido pela arrecadação como está.

Hobus enfatiza que as divergências internas tem sido feitas em clima propositivo e que a relação é boa. Elogia Carlos Moisés pelo momento político atual, mesmo que os partidos que o hoje o apoiam discutam outros projetos eleitorais.

Hoje todos os partidos estão tentando se organizar. Paralelo a isso, conversamos construtivamente porque defendemos o bem de Santa Catarina. É por isso que nós decidimos, nossa bancada e nosso partido, dar o apoio ao governador Carlos Moisés, a partir do momento em que ele estabeleceu diálogo conosco, porque no primeiro momento não tinha. Para ajudar Santa Catarina, esse é o nosso objetivo. E o governador tem sido muito correto na condução de todo diálogo que nós estabelecemos.

Sobre o Psd, ressaltou as pré-candidaturas de Colombo, do ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes e do prefeito chapecoense João Rodrigues, sem descartar conversas com possíveis aliados.

Conversamos com Gean Loureiro (Democratas), temos conversa com o Pp, com o Mdb. O Psd é um partido muito forte, bem estruturado, com trânsito em todas as áreas. O ideal é que todos trabalhem, que todos viabilizem suas candidaturas.

Ouça a íntegra da entrevista:


Sobre a foto em destaque:

Deputado estadual e presidente do Psd-SC, Milton Hobus foi entrevistado nesta segunda-feira na Rádio Som Maior. Foto: Daniel Conzi, Agência AL.


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