No mesmo dia em que o Mdb catarinense se reuniu para mais uma reunião decisiva que não decidiu nada sobre suas três pré-candidaturas ao governo do Estado, o Psd fez um encontro com cerca de 300 lideranças em São José para um evento pré-eleitoral em que mais uma vez foram consagrados os seus três pré-candidatos a governador. Parece que a notícia é ruim para um e boa para o outro, mas o resultado é o mesmo: os dois partidos de peso na política catarinenses, sócios do governo estadual entre 2006 e 2018, vão virar o ano sem ter conseguido encontrar a equação que defina qual seu nome e seu destino para as eleições de 2022.
Por seus tamanhos, históricos e capilaridade pelos municípios, é difícil imaginar que a eleição catarinense não passe pelas definições de Mdb e Psd. A eleição só vai encaixar quando eles decidirem que rumo vão tomar – os demais vão adaptar-se ao encaixe, em maior ou menor grau. Hoje, os partidos têm uma situação semelhante: têm três pré-candidatos ao governo e dão sustentação na Assembleia Legislativa ao governador Carlos Moisés (ex-Psl). Há uma diferença importante. O Psd garante – e reafirmou isso – que o governismo tem data para acabar e que não estará no mesmo projeto do governador em 2022. No Mdb, por sua vez, a bancada estadual começa a expressar o desejo de que a parceria continue até as eleições em um projeto comum.
Mas até na diferença, há semelhanças entre a situação de emedebistas e pessedistas. Isso porque no Psd quem faz o papel de Moisés é o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (Democratas, futuro União Brasil), também pré-candidato a governador. Talvez o prefeito seja hoje a pessoa mais empenhada em integrar os diferentes polos da geografia pessedista – o ex-governador Raimundo Colombo e o deputado estadual Júlio Garcia. O primeiro é pré-candidato ao governo e tenta, à sua maneira, fazer oposição ao governo Carlos Moisés desde o primeiro dia de mandato. O segundo passou de articulador da queda do governador, via impeachment, a fiador político da base política que mantém o governo em pé. Colombo e Júlio Garcia enxergam 2022 de forma muito diferente, mas tem na possibilidade Gean uma possível convergência.
No encontro da noite de segunda-feira, na Arena Petry, o prefeito de Florianópolis não foi levar o abraço do União Brasil – Júlio Garcia esteve presente e fez uma fala de convergência entre os projetos do partidos em 2022. O que se viu em São José foi a celebração das pré-candidaturas de Colombo, do prefeito chapecoense João Rodrigues e do ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes, especialmente por parte do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab. Na entrevista que concedeu antes do encontro, já havia dado a senha de que o Psd nacional quer candidaturas no Estado como forma de ampliar sua bancadas parlamentares e também para dar palanque à pré-candidatura presidencial do senador Rodrigo Pacheco (Psd).
Kassab também disse, no entanto, que a decisão do Psd catarinense – Colombo, Napoleão, João Rodrigues ou apoiar outro partido – será tomada em Santa Catarina. Alguns meses atrás, o deputado estadual e presidente do Psd-SC, Milton Hobus, garantiu que a escolha do candidato do partido não seria feita por prévias ou qualquer disputa interna mensurável. Ou seja, o Psd entraria em acordo – que é mais o estilo do partido herdeiro do Pfl do que ficar brigando em arena pública. Quando Hobus deu a declaração, a prévia do Mdb entre Antídio Lunelli, Celso Maldaner e Dário Berger era colocada como inquestionável pela direção emedebista. Hoje, parece mais um estorvo ou uma bomba a ser desarmada antes que estoure dia 19 de fevereiro, data marcada para a votação dos integrantes dos diretórios do Mdb nos 295 municípios.
Certo é que, nas suas diferenças e semelhanças, Psd e Mdb vão virar o ano com três pré-candidatos ao governo catarinense. E ainda não sabem como e quando vão conseguir escolher entre ou deles. Ou nenhum deles.
Sobre a foto em destaque:
No encontro do Psd em São José, Gilberto Kassab aponta para Napoleão Bernardes, Raimundo Colombo e João Rodrigues. Com qual o Psd vai em 2022? Foto: Caio Marcelo, Divulgação.