O candidato à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (Pt) discursou por quase uma hora durante comício realizado em Florianópolis na tarde deste domingo. O ato aconteceu na praça Tancredo Neves, em frente à Assembleia Legislativa de Santa Catarina e ultrapassou o número de 20 mil apoiadores presentes projetado pelo partido. O fato marcou o fim da caravana de Lula no Sul do país, que também teve Porto Alegre e Curitiba no roteiro.

O palanque ainda contava com a ex-presidente Dilma Rousseff, a vice-presidente nacional do Pc do B, Manuela D’ávila, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é líder da oposição no Senado, além dos candidatos às majoritárias estaduais Décio Lima (Pt) e sua vice, Bia Vargas (Psb) e o senador Dário Berger, candidato à reeleição.

Segundo estimativas da organização, ao menos 30 mil pessoas tomaram conta dos espaços adjacentes à praça, com multidões que chegavam a ocupar as escadarias do Tribunal de Contas para acompanhar o evento. Em sua fala, Lula celebrou a presença do eleitor catarinense, citando, como motivo, a insatisfação do eleitorado e, ainda, retornou a provocação do senador Jorginho Mello (Partido Liberal), o qual teria o orientado a não visitar o Estado”.

– Foi quando vi na imprensa um senador que disse que eu não deveria vir a Santa Catarina porque essa aqui é terra de Bolsonaro. E que eu não seria bem recebido aqui […] Discordo plenamente. Santa Catarina é um espaço plural, um estado formado por brasileiros que buscam um país melhor, mais justo. E nosso papel é aglutinar essas pessoas em torno de tempos melhores para o país e estado”, falou.

No entanto, a pesquisa Ipec divulgada no fim de agosto mostra que Bolsonaro lidera com 50% das intenções de voto no estado, contra 25% de Lula.

O movimento no local começou cedo, logo às 7h, com membros da organização e a imprensa chegando aos arredores. Após algumas horas de atraso, representantes de entidades como ligadas à juventude do partido e o MST discursaram enquanto a multidão aglomerava em espera do ex-presidente.

Durante o discurso, que ocorre a 13 dias de os brasileiros irem às urnas para decidir seus representantes, o ex-presidente voltou a entoar estratégias de sua campanha, como a evocação do saudosismo às conquistas de seus dois governos e ataques à atual gestão de Jair Bolsonaro (Partido Liberal).

Foto: Rony Costa

Às palmas da plateia, Lula aproveitou o embalo para propor a criação de um ministério voltado às pautas da mulher, além de recriar a Cultura e separar a Pesca do Ministério de Agricultura. O Ministério da Cultura foi transformado, no primeiro dia de janeiro de 2019, em Secretaria de Cultura, posteriormente transferida ao Turismo.

Além disso, ao citar as “maravilhosas praias de Florianópolis”, prometeu maior investimento em saneamento básico.

—  Fico sabendo que nessas praias tão bonitas o esgoto é jogado in natura. Alguma coisa está errada com a elite brasileira. Mas não tem nada errado. É que ela não gosta de fazer esgoto porque é embaixo da terra e ninguém vê. O que gostam é de fazer ponte, viaduto, que as pessoas enxergam. Mas saneamento básico que gera emprego, qualifica a vida das pessoas, não é importante, as pessoas não veem.

O evento não contou apenas com aplausos. Parte da plateia vaiou o senador Dário Berger, candidato à reeleição com apoio de Lula e do Pt catarinense. As vaias vinham especialmente do grupo ligado ao Psol, que lançou o vereador de Florianópolis Afrânio Boppré como candidato ao Senado e critica Dário por ter votado a favor do impeachment de Dilma Rousseff e a pautas dos governos Michel Temer (Mdb) e Bolsonaro.

 

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