A influência de Bolsonaro na disputa pelo Senado em Santa Catarina, o peso de uma candidatura de Sérgio Moro para a presidência e a possibilidade do deputado estadual Ismael dos Santos (Psd) se lançar a deputado federal são alguns dos assuntos comentados durante a Live do Upiara no Jazz Inn. Ao vivo pelo Instagram, na noite de quarta-feira o jornalista respondeu perguntas de seguidores sobre o posicionamento de Joares Ponticelli entre o Pp e o Pl, a tentativa de reeleição do deputado estadual Rodrigo Minotto (Pdt) e a sobre qual seria a maior liderança política de Santa Catarina dos últimos 50 anos: Esperidião Amin, Jorge Bornhausen ou Luiz Henrique da Silveira.
A pergunta de destaque foi sobre a possibilidade do senador Dário Berger participar da chapa do ex-presidente Lula (Pt) como candidato a vice-presidente e qual efeito teria em Santa Catarina essa posição. O questionamento aconteceu após uma fala do ex-governador de São Paulo, Márcio França (Psb), que levantou a hipótese de uma aliança entre o catarinense e o candidato petista.
Participante: Você acredita na chance de Dario emplacar como vice do Lula? Santa Catarina apoiaria essa composição?
Upiara: O Márcio França (Psb), ex-deputado federal por São Paulo e ex-governador, que inclusive é postulante ao cargo e perdeu para o João Dória (Psdb) por muito pouco na última eleição, deu uma entrevista para o jornalista Marcelo Lula e levantou essa hipótese, disse que o Dário teria porte para isso se estivesse no Psb. A gente tem que ler isso mais como uma provocação ao Mdb do que como uma intenção muito enfática de contar com o Dário Berger no Psb. O Dário está no Mdb, não pretende sair, ele tem o Psb como um parceiro. E aí fica uma provocação, que é uma provocação que já foi feita, inclusive, por lideranças do Mdb que apoiam Dário, como o Paulo Afonso. É aquela provocação de que “poxa, o cara foi prefeito de Capital, é senador, disputou uma eleição estadualizada, como ele não é um nome natural do partido?”. A chance do Dário ser vice do Lula, ela é além de remota. Não só porque ele não teria o potencial de melhorar a condição de Lula no Sul – Santa Catarina não é um eleitorado expressivo para entrar nessas chapas presidenciais e acho que a composição não passa por aí.
O Dário, por mais que seja um empresário, ele tem o perfil de um político de carreira. Não engaja a esquerda catarinense dessa forma, nesse momento ele também não traz um eleitor diferente, para além da esquerda. Em Santa Catarina, Lula não tem muito o que fazer. Ele tem o seu tamanho, vai fazer mais votos que o Fernando Haddad em 2018, mas muito longe do que deve fazer o Bolsonaro e não adianta colocar um vice catarinense para melhorar essa condição. E também, o Dário Berger não fala nada para o resto do Sul do Brasil, se fosse para fazer esse tipo de composição. Seria muito mais interessante buscar um perfil empresarial mesmo, de fora da política, mas mesmo assim acho meio complicado. Se fosse para fazer um aceno pro Sul, provavelmente seria pro Rio Grande do Sul ou Paraná.
Então, vejo isso mais como um afago de egos. O Márcio França foi colega de bancada do Djalma Berger (Mdb), entre 2007 e 2008, quando o Djalma ficou dois anos como deputado federal e depois se elegeu prefeito de São José. Não vejo nada para muito além, nem mesmo a própria filiação de Dário ao Psb. Eu vejo assim: foi um recado, como quem diz “tem quem me queira”, mas o foco do Psb hoje é o Jorge Boeira (Pp), ele tem umas conversas muito encaminhadas. A ida do Bolsonaro para o Progressistas afasta ele ainda mais do partido, se já era remota a chance de Jorge Boeira conseguir ser candidato a governador do Progressistas com uma linha de centro-esquerda como é a dele, ele já escreveu até artigo criticando fortemente o Bolsonaro, não é por aí que ele vai. O Psb quer um nome como o Boeira, que é um nome que já teve um trânsito pela esquerda, já foi deputado federal pelo Pt. O Psb quer trazer ele para ser um nome palatável para uma frente de esquerda. Esse é o projeto mais forte do Psb nesse momento. O Dário é uma opção de composição.
Tenho convicção de que ele vai ficar até o fim, vai pagar pra ver essa questão do Mdb. Porque o Dário é um homem de sorte, ele fica ali e no final as coisas meio que dão certo para ele. Em 2014, ele foi colocado como candidato ao Senado só pra incomodar, só pra evitar aquela composição que o Gelson Merísio e o Raimundo Colombo estavam tentando forçar o Mdb a aceitar o Joares Ponticelli de candidato a senador e tinha uma resistência muito grande do então senador Luiz Henrique da Silveira. E Luiz Henrique, querendo forçar o Progressistas a trocar aquele nome que era incômodo para ele por, pelo menos, alguém do Pp que fosse mais palatável, um Silvio Dreveck, um Hugo Biehl, deu corda para o Dário. Eu escrevi um texto na época, “A incrível história do bode que não quis sair da sala”. O Dário Berger foi colocado lá, Mauro Mariani comprou essa briga, foi pra convenção do Mdb, ganhou a vaga, depois ganhou a eleição. Então, o Dário vai ficar ali, ele vai teimar. Não apostem suas fichas em Dário no Psb, ele vai teimar. Conhecendo Dário Berger, às vezes o teimar dele dá bons resultados.
Veja a íntegra da Live do Upiara no Jazz Inn de 13 de outubro:
Sobre a foto em destaque:
Toda quarta-feira, 19h, gravo no Jazz Inn uma live para o Instagram @upiaraonline. Foto: Eu mesmo.
* Conteúdo produzido por Jefferson Carvalho, estudante de Jornalismo da Univali, com supervisão, edição e texto final de Upiara Boschi.