O Ptb catarinense reagiu à prisão preventiva do presidente nacional da sigla, ex-deputado federal Roberto Jefferson, em decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que aponta na atuação do dirigente o envolvimento em uma suposta milícia digital que atua contra a democracia, a existência de ‘reiteração gravíssima’ dessa conduta e a ligação a um “núcleo político” responsável pelo financiamento e disseminação de notícias falsas. Em nota, o deputado estadual Kennedy Nunes – presidente do Ptb-SC – afirma que Jefferson sofre perseguição política do magistrado. Reproduzo a íntegra:

O Ptb de Santa Catarina repudia a “decisão” que caracterizamos como uma perseguição política do ministro Alexandre de Moraes, no tocante à arbitrária prisão do nosso presidente nacional, Roberto Jefferson. Uma invasão na esfera privada e um atentado à liberdade de expressão em nossa defesa de Deus, da pátria, da família e da liberdade. Uma verdadeira quebra da ordem pública. Nossa total solidariedade ao nosso presidente e continuaremos de cabeça erguida defendendo a transparência em todo o processo eleitoral. Não somos uma “milícia digital”, somos cidadãos de bem na busca de um Brasil melhor. A prisão do nosso presidente representa uma censura prévia à liberdade de expressão, um dos pilares da democracia e o STF revive a censura marcada por governos autoritários. Não aceitaremos e não vamos nos acovardar. 

Em sua rede social, o deputado estadual petebista gravou em vídeo em tons mais contundentes e mostrou indignação com a decisão de Moraes.

– Eu não vou me calar, porque o Brasil já está de saco cheio dessa barbaridade que o Supremo está fazendo. Chega! O Supremo é o povo. Eu não vou me calar.

De qualquer forma, o tom da nota e do vídeo de Kennedy são ainda mais amenos que o do próprio Roberto Jefferson em áudio encaminhado aos militantes do Ptb logo após receber o mandado de prisão levado pela Polícia Federal. Em pouco mais de dois minutos, ele chama Alexandre de Moraes de “Xandão” e “cachorro do Supremo”, diz que o STF é “um partido político comunista que tem a condição de expedir mandados de prisão em inquéritos que não têm o Ministério Público” e chama a corte constitucional de “tribunal corrupto” e de “organização criminosa para atender aos interesses dos comunistas”.

Roberto Jefferson foi deputado federal pelo Ptb entre 1983 e 2005, quando foi cassado por envolvimento no esquema do Mensalão – a compra de apoio de parlamentares no primeiro mandato do ex-presidente Lula (Pt). Jefferson foi o delator do esquema após ser alvo de denúncias de corrupção nos Correios. Julgado pelo STF no caso do Mensalão, foi condenado a 10 anos de prisão em regime fechado – pena reduzida para 7 e 14 dia em regime semiaberto por ter sido delator do esquema. Recebeu indulto do ministro Luiz Roberto Barroso em março de 2016.

Como político de seis mandatos como deputado federal, notabilizou-se pelo apoio a todos os governos do período – Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Lula (este, até o escândalo dos Correios). Nos últimos anos voltou à tona como feroz aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em nome desse apoio, mudou as cores e o estatuto do partido para transformar a antiga sigla getulista em uma abrigo para políticos de viés conservador e do lema “Deus, Pátria e Família”.


Sobre a foto em destaque:

Roberto Jefferson assinou em maior a ficha de filiação de Kennedy Nunes no Ptb. Foto: Divulgação do Ptb, sem indicação de autoria. 

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