Kassab no Mercado Público

Foto: Alexandre Lenzi, Divulgação.

Com o cancelamento da vinda do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (Psd) para o encontro estadual do Psd nesta segunda-feira, a estrela da festa será mais uma vez o presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab. Antes do evento, na Arena Petry, em São José, o dirigente passou a tarde pela Assembleia Legislativa, onde teve encontro com lideranças do partido e concedeu uma entrevista na sala de imprensa. Depois, curtiu um breve happy hour com os pré-candidatos a governador Raimundo Colombo e Napoleão Bernardes, e os deputados estaduais Milton Hobus e Marlene Fengler.

Elogios aos pré-candidatos do Psd

Na Assembleia, Gilberto Kassab falou sobre o cenário político nacional e estadual e a posição do partido em ambas as esferas. Garantiu que a legenda terá candidatura própria e disse esperar que seja de Rodrigo Pacheco. Segundo ele, o senador está “na plataforma de lançamento”. Em Santa Catarina, ele garante que a decisão de ter candidato ao governo ou apoiar outro projeto será tomada localmente, mas reforçou que o desejo da direção nacional é que sejam lançados cabeças-de-chapa nos Estados. Elogiou muito os três pré-candidatos e disse que ter opções para a majoritária mostra força partidária. Separei uma frase elogiosa de Kassab para cada pré-candidato:

“Ele tem muito legado, mas também muito futuro. É um luxo para Santa Catarina poder contar com alguém como Colombo novamente como governador.”

Gilberto Kassab sobre ex-governador Raimundo Colombo.

“A mais perfeita expressão da competente renovação na vida pública. Na sua geração um dos mais completos homens públicos de Santa Catarina.”

Gilberto Kassab sobre o ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes.

“É inquestionável que caso deseje ser candidato é um candidato fortíssimo.”

Gilberto Kassab sobre o prefeito chapecoense João Rodrigues.

Mas pode ser candidato e votar Bolsonaro?

Sim, perguntei a Kassab se João Rodrigues poderia ser candidato ao governo pelo Psd mesmo sendo eleitor declarado do presidente Jair Bolsonaro (Pl). A resposta do dirigente foi pragmática, ao estilo do Psd original dos anos 1950, que empresta o nome à atual legenda.

O João Rodrigues tem uma relação com o presidente da República e não vai mudar. Para nós do Psd é muito mais fácil compreender essa sua circunstância, porque ele é um bom quadro, é estimado dentro do partido, e dessa maneira nós projetarmos o futuro do partido com João Rodrigues. Seja agora em um campanha, seja no futuro. A situação não nos incomoda e temos muito respeito pelo João Rodrigues. Ele não está fazendo de uma maneira covarde, tem exteriorizado publicamente com muita transparência. Essa questão é jogo jogado.

Previsão de Kassab, anote aí

Sobre a eleição presidencial, Kassab avalia que a entrada do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) na disputa e a vitória do governador paulista João Dória (Psdb) na prévia tucana vão cristalizar um cenário de múltiplas candidaturas presidenciais em 2022. Ele não acredita que a dupla saia do jogo, assim como Ciro Gomes (Pdt) e garante que o Psd banca a opção Rodrigo Pacheco. Assim, prevê um cenário que teria, segundo ele, o presidente Bolsonaro, Moro e Dória disputando o voto conservador, Pacheco ao centro, Ciro na centro-esquerda e o ex-presidente Lula (Pt) na esquerda. Sobre o ex-governador paulista Geraldo Alckmin ser candidato a vice-presidente em uma chapa liderada por Lula, Kassab evitou polemizar. Disse que teria uma “alegria muito grande” na filiação dele ao Psd para concorrer ao governo de São Paulo, mas que para presidência o Psd já tem outro rumo.

Mdb decide não decidir

Na última sexta-feira o ex-governador Eduardo Pinho Moreira, agora na versão banqueiro estatal, fez duas previsões sobre a reunião que a executiva estadual do Mdb faria na tarde desta segunda-feira. A primeira, que não daria em nada, ele acertou. A segunda, de que o encontro serviria no máximo para “quebrar alguns ovos”, não aconteceu. Na entrevista que concedeu pela manhã à Rádio Som Maior, o deputado federal e presidente do Mdb-SC, Celso Maldaner, já havia dito que não anunciaria a retirada de sua pré-candidatura ao governo para apoiar Antídio Lunelli na disputa com Dário Berger. Disse que se tomasse essa posição causaria um racha no partido entre os que querem levar o Mdb para a centro-direita (Antídio) ou para a centro-esquerda (Dário). Assim, sem fato novo e sem conversas preliminares, a reunião decidiu que nada decidiria. Ou seja, as prévias continuam marcadas para fevereiro e os três nomes continuam colocados.

Barba de molho

Aliás, as prévias estão marcadas, mas ninguém fala sobre como será supostamente realizada o pleito envolvendo todos os integrantes dos diretórios emedebistas nos 295 municípios. Depois do fiasco da prévia do Psdb, era bom alguém se preocupar com isso. Alguém que acredite na realização da prévia, claro.

Mais do mesmo

Como Celso Maldaner não deu a deixa, o senador Dário Berger também não inflamou o discurso. Saiu mais cedo para pegar o voo para Brasília. O prefeito jaraguaense Antídio Lunelli, por sua vez, falou que recusou filiação a vários partidos para continuar pleiteando a pré-candidatura pelo Mdb.

Moisés na mesa

Com o balé dos pré-candidatos emedebistas mantendo a performance de sempre, coube aos deputados estaduais trazer um pouco de novidade para a mesa. Pela primeira vez, Valdir Cobalchini e Volnei Weber externaram que o apoio à reeleição de Carlos Moisés (ex-Psl) é uma opção que precisa ser colocada na mesa. Não ficou claro se esse apoio seria condicionado à filiação de Moisés ao 15 ou se poderia ser no 10, no 23, no 51, no 69 ou no 00.

SC no fim da fila do ministério de Tarcísio

O jornalista Evandro Assis, da Nsc Total, pegou de surpresa a bancada catarinense ao publicar que “sem alarde, governo Bolsonaro corta R$40 milhões de duas rodovias catarinenses” – especialmente depois que a nota foi reproduzida pelo jornalista Guilherme Amado, do portal Metrópoles. Na Comissão Mista de Orçamento, o senador Esperidião Amin (Progressistas) mostrou indignação a frustração para os pleitos de Santa Catarina no Ministério de Infraestrutura comandado por Tarcísio de Freitas.

“Politicamente é uma desconsideração com Santa Catarina. Mas do ponto de vista legal, uma exorbitância grave a legislação que versa sobre programação e execução do orçamento federal. Isso tudo se refere a 2021.”

Esperidião Amin, indignado.

Sorreteira

Para Amin, o corte de R$25 milhões da BR-470 e de R$14,6 milhões da BR-163 representam mais do que 30% do valor total do orçamento e, por isso, transgridem as regras orçamentárias. Diz o senador que as mudanças foram incluídas de forma “sorrateira” “em meio a uma série de publicações relativamente obscuras”.

Aliás

Se alguém perguntar lá no Ministério de Infraestrutura, a culpa será colocada no cobertor curto do orçamento da pasta. E Santa Catarina, mais uma vez, fica de pés gelados.

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