Líder do governo na Assembleia Legislativa, José Milton Scheffer é um dos nomes do Progressistas (PP) mais próximos do governador Carlos Moisés (PSL) – e não é de hoje. Desde o começo do mandato ele fez parte da base governista e foi um dos responsáveis por sepultar o processo de impeachment como integrante do tribunal misto. Em entrevista exclusiva, ele nega que existam conversas para filiação de Moisés ao PP, defende pré-candidatura de Joares Ponticelli ao governo, mas não descarta parceria para reeleição do atual governador.

Existem esses rumores de filiação de Moisés ao Progressistas. Se o senhor como líder do governo não souber, ninguém sabe. O que é verdade nessa história?

Não há nenhuma conversa nesse sentido tanto da parte do governador com o partido quanto do partido com o governador. O que existe é uma relação que cada vez é mais harmônica, de respeito do governador, de valorização de lideranças progressistas. Também há uma certa identificação de lideranças do partido com o governador e seu governo. Mas é uma relação ainda no campo institucional e o partido ainda não deliberou. Agora que começou os trabalhos para discutir o projeto de 2022. O que eu tenho ouvido do governador e visto nos gestos e orientações é a vontade de tocar o governo, recuperar o tempo perdido, acelerar os trabalhos para buscar solução para os problemas de Santa Catarina, tanto na área sanitária quanto econômica, de infraestrutura. A gente tem visto nestes 30 dias de retomada um governo muito focado em tocar as ações para frente e se relacionar com a sociedade. O governador tem viajado semanalmente. Eu ouvi dele que a agenda prioritária neste momento é Santa Catarina. Perdemos tempo em alguns debates que era necessários ter passado, obviamente, mas agora é hora de focar em ações de resultado para sociedade e o projeto eleitoral passa a ser construído mais no final do ano.

Em entrevista recente, Joares Ponticelli disse que o Progressistas devia sinalizar a ele se queria sua candidatura para a majoritária em 2022. Em outra entrevista, Esperidião Amin disse que o partido precisa ter candidato a governador para fortalecer suas chapas e que está à disposição. O senhor concorda com eles?

São duas grandes lideranças do Progressistas. Nomes já estadualmente consolidados. Eu comungo com o pensamento de que o partido tem que trabalhar as chapas de deputado estadual e federal e acelerar as tratativas em relação a ter um candidato a governador. É muito importante para o projeto do partido, que tem uma capilaridade muito grande. Apesar dos cenários políticos ainda estarem muito confusos, não só em Santa Catarina, mas também no Brasil. O nome do Joares vem com experiência e uma certa renovação política no cenário estadual. Ele tem feito uma administração excelente em Tubarão, os números da reeleição dele indicam isso. É um nome que está credenciado e a ideia é que o partido leve o nome dele e também de outros líderes com os progressistas de Santa Catarina para construírem esse projeto. Espero que ele se coloque à disposição. O Esperidião tem se colocado também, mas numa posição de retaguarda. Ele cita muito o nome do Joares. Podem surgir outros líderes no seio do partido, que é muito grande, mas sem dúvida Joares tem a preferência neste momento das lideranças do Progressistas.

Com essa agenda de obras e ações, buscando retomada de prestígio e como o senhor mesmo disse “recuperar o tempo perdido, acredita que Moisés tem chance de ser um bom candidato à reeleição?

Primeiro, ele tem direito a ser candidato à reeleição. Assim como tiveram o Esperidião Amin, o Luiz Henrique, o Raimundo Colombo. É quase que natural o prefeito ou governador ter o direito à reeleição. Tenho ouvido do governador que ele não está priorizando a agenda eleitoral, mas acredito que as ações e essa nova forma de articulação e de visão do Estado que o governador tem tido, sim, o nome dele deve estar no cenário eleitoral de 2022. As obras, as ações e um jeito novo de tratar os assuntos e de governar o Estado. Tem todo um caminho pela frente e ele tem a vantagem de não estar vinculado a nenhum grupo politicamente, o que o torna interessante em um cenário político eleitoral.

Ele pode ser uma opção do Progressistas em 2022, filiado ou não ao partido?

Nesse momento, a opção do Progressistas é ter um candidato próprio. Agora, o governador, pela relação que vem construindo com o partido vai estar dentro do diálogo e podemos eventualmente estar em um projeto juntos. Vejo isso com a mesma relação histórica que temos aqui no Estado com partidos como o PSD e o PSDB. O governador tem tido uma relação muito forte com lideranças do partido, prefeitos, vereadores. Sem dúvida isso está construindo um canal de convivência e uma estrada de diálogo que pode convergir para um projeto comum em 2022.


Sobre a foto em destaque:

José Milton Scheffer é o líder do governo Moisés na Assembleia Legislativa. Foto: Secom, sem indicação de autoria.

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