Jorginho morde (Moisés) e assopra (Amin)
Em entrevista à Rádio Som Maior, na noite de quinta-feira, o senador Jorginho Mello (Pl) mais uma vez bateu forte na gestão do governador Carlos Moisés (ex-Psl) e fez afagos ao Progressistas (Pp) do senador Esperidião Amin. O primeiro é o antagonista ideal, o segundo o parceiro que tenta atrair para o projeto de repetir em Santa Catarina a aliança que deve dar suporte à candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (Pl). Quando o assunto foi o atual governador, Jorginho não perdeu a chance de trazer o assunto dos respiradores fantasmas e fez uma provocação sobre os políticos que dão governabilidade à gestão.
“O governador terceirizou o governo e só dinheiro não ganha eleição. Este negócio de liberar dinheiro é muito fácil. Ele deveria recuperar os R$ 33 milhões, isso que tem que explicar primeiro. Se não foi ele quem colocou o dinheiro. Santa Catarina é tão boa que caminha sozinho. Está jorrando dinheiro que vem do Governo Federal, do aumento da arrecadação.”
Jorginho Mello, mordendo.
Delicadeza
Perguntado sobre a intenção de trazer Progressistas e Republicanos, os aliados de Bolsonaro, para seu palanque, Jorginho amenizou e disse que o momento é de conversar e ter paciência, sem atravessar o sonho de ninguém. Disse que o Pp tem tamanho para lançar candidatura própria e citou Amin como alguém que “já foi tudo”.
“Estou, de forma respeitosa, falando com o senador Esperidião Amin, com a deputada Angela Amin, com o prefeito Joares Ponticelli. Estamos fazendo todas as conversas. Esta é uma necessidade porque ninguém pode achar que ganha eleição sozinho. Estou fazendo uma construção de maneira respeitosa.”
Jorginho Mello, assoprando.
Reforço do Pl no Sul
O senador Jorginho Mello foi a Criciúma participar da filiação do ex-deputado estadual Claiton Salvaro (ex-Psdb) ao Pl, em evento promovido pelo pré-candidato a deputado estadual e ex-prefeito criciumense Márcio Búrigo (Pl). O ex-parlamentar vai se engajar na campanha de Búrigo, depois de ver fracassada a tentativa de ser o candidato do primo Clésio Salvaro (Psdb) à Assembleia Legislativa. Os tucanos de Criciúma continuam divididos entre o ex-deputado estadual Dóia Guglielmi e o ex-deputado federal Acélio Casagrande, atual secretário de Saúde do município.
Pl de lá, Pl de cá

Os diferentes Pl no estúdio da Som Maior. Foto: Vitor Netto, Som Maior.
Criciúma é exemplo eloquente da mistura que forma o Pl catarinense. Há os políticos de carreira como Márcio Búrigo, fazendo a construção de suas candidaturas de forma tradicional. Há os bolsonaristas ideológicos como Júlia Zanatta, focando o discurso ligado ao governo do presidente Bolsonaro. Quinta à noite, no estúdio da Rádio Som Maior, ambos estavam presentes e ficou explícita a diferença.
O time do Mdb para a Alesc
Na quinta-feira, o prefeito Kléber Wan-Dall (Mdb), de Gaspar, confirmou a pré-candidatura a deputado estadual – em dobradinha com o atual deputado estadual Ismael dos Santos (Psd), que disputará vaga na Câmara. Maior bancada da atual legislatura na Assembleia Legislativa, com nove integrantes, o Mdb deve ter renovação em 2022. Quatro nomes não vão à reeleição: Ada de Luca, Luiz Fernando Vampiro e Valdir Cobalchini disputam a Câmara Federal, enquanto Moacir Sopelsa não deve disputar um sétimo mandato. Assim, há espaço para nomes como Wan-Dall. Além dele, o Mdb estadual mapeia para a chapa de deputados estaduais os ex-prefeitos Tiago Zilli (Turvo) e Vilmar Carelli (Videira) e o ex-vereador Cleiton Fossá, segundo colocado na disputa pela prefeitura de Chapecó em 2020. Além, é claro, de esperar para ver se o ex-governador Eduardo Pinho Moreira, atual diretor do Brde, vai mesmo disputar uma vaga.
Os atuais
Os maiores adversário internos dos novos nomes do Mdb para a Alesc são, é claro, os atuais titulares que concorrem à reeleição: Fernando Krelling, Jerry Comper, Mauro de Nadal, Romildo Titon e Volnei Weber, além da suplente em exercício Dirce Heiderscheidt. E a matemática. O Mdb só elegeu nove parlamentares em 2018 por causa da coligação com o Psdb. Dessa vez, cada time precisa conquistar as cadeiras sozinho.
O agridoce reajuste do magistério
A aprovação do reajuste salarial dos professores estaduais, quinta-feira na Alesc, encerra um capítulo na histórica relação entre governos e o magistério que foi marcada pela geração de expectativas e pela dificuldade de cumprir expectativas tão altas. Sobrou um gosto agridoce na boca dos professores. Em maio, o governador Moisés foi ao Twitter dizer que nenhum professor do Estado ganharia menos do que R$ 5 mil. A categoria entrou em polvorosa e o Sindicato dos Trabalhadores de Educação (Sinte) caiu na expectativa pela histórica demanda chamada descompactação das tabelas – ou seja, consertar o estrago que a adoção do piso nacional em 2011 causou nos níveis salariais dos profissionais com mais titulação e tempo de serviço. Logo foi explicado que a ideia era criar, por emenda constitucional, um bônus para quem ganhava menos alcançar o valor de R$ 5 mil. Mesmo assim, prometia o secretário Luiz Fernando Vampiro (Mdb), um novo plano de carreira viria ainda este ano para atender a demanda histórica.
Ficou abaixo da expectativa que gerou

Vieira, do Sinte, e a demanda histórica da descompactação. Foto: Rodolfo Espínola, Agência AL.
A expectativa era tão alta que o projeto enviado pelo governo em outubro teve que voltar para as pranchetas das secretarias de Educação e Administração. As falas de Vampiro e Moisés sobre um plano de carreira que culminaria em R$ 11 mil acabou virando, na prática, um reajuste médio de R$ 300. Refeita e apresentado como substitutivo global, a proposta vai garantir reajustes de 20% a 37% para a categoria – compensando a falta de aumentos desde o final de 2018 -, mas não fez uma verdadeira revisão e descompactação do plano de carreira, como parecia. Como carreira, o magistério ficou mais atraente na porta de entrada, mas continua com pouco estímulo para a permanência e qualificação. Luiz Carlos Vieira, coordenador estadual do Sinte, diz que o plano atende em parte os professores, mas deixa clara a frustração.
“Não é um plano de carreira. Pegaram as tabelas de 2015 e reajustaram.”
Luis Carlos Vieira, coordendor do Sinte.
A realidade que se impõe
A deputada estadual Luciane Carminatti (Pt) apresentou emendas que aproximavam a proposta do governo do plano aprovado na comissão da Alesc que discutiu a carreira do magistério. Não passou pela base governista em plenário. A deputada Paulinha (ex-Pdt) enfatizou o custo orçamentário do projeto, que elevará de R$ 2 bilhões para R$ 4 bilhões o total da folha de pagamento dos profissionais da educação, que somam 77 mil trabalhadores. É uma dado da realidade que nunca pode ser desconsiderado: pelo volume de profissionais, qualquer acréscimo salarial tem um impacto de peso na folha.