Ao escolher o policial penal Carlos Alves para comandar a Secretaria de Administração Prisional, o governador Jorginho Mello (PL) manda dois recados. O primeiro, de que está disposto a manter a promessa feita à categoria de que escolheria um policial penal para a pasta. O segundo recado, no entanto, é de que depois das demissões do ex-secretário Edenilson Schelbauer (PL) e do ex-secretário-adjunto Neuri Mantelli (PL), também policiais penais de origem, a promessa vai expirar se a aposta não for bem-sucedida.

Carlos Alves tem experiência na área e foi diretor da penitenciária de Florianópolis. Como bem lembrou Anderson Silva, do NSC Total, teve a mulher assassinada a mando de uma facção criminosa. A reação teria sido estopim da primeira onda de atentados entre 2012 e 2013.

A Secretaria de Administração Prisional, além de todos suas atribuições e missões, tem um desafio extra de gestão. Durante 12 anos, a área este sob comando de Leandro Lima, que exerce muita influência na categoria. Aliado do ex-governador Carlos Moisés (Republicanos), ele concorreu a deputado estadual e ficou com a primeira suplência do Republicanos. O atual governo não quer vê-o por perto – como tudo que tem alguma ligação com Moisés. No momento, Lima comanda a Secretaria de Assistência Social no gestão do prefeito Topázio Neto (PSD), em Florianópolis.

Um indicativo interessante nessa nova composição é a escolha de Maryanne Mattos (PL) para a vaga de secretária-adjunta. Vereadora de primeiro mandato em Florianópolis, ela tem como origem a Guarda Municipal da Capital – que chegou a comandar no primeiro mandato de Gean Loureiro na prefeitura. Ambos romperam politicamente ainda naquele período e Maryanne aproximou-se de Jorginho ingressando no PL para disputar as eleições de 2020. É um olhar de fora do sistema prisional e muito leal ao governador.

Como pasta com nome específico, a Administração Prisional surgiu na reforma administrativa de Moisés, em 2019. Antes, nos dois mandatos de Raimundo Colombo (PSD), fazia parte da antiga Secretaria de Justiça e Cidadania, que tinha atribuições extras. Nos dois mandatos, a pasta foi comandada pela então deputada estadual Ada de Luca (MDB), com Leandro Lima como um secretário-adjunto mais do que empoderado.

Nos dois mandatos de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), entre 2003 e 2010, a questão prisional foi absorvida pela Secretaria de Segurança Pública (e Defesa do Cidadão, no adendo luizhenriquiano), sob comando de dois deputados estaduais peemedebistas da época: João Henrique Blasi (hoje presidente do Tribunal de Justiça) e Ronaldo Benedet (que depois se elegeria deputado federal e hoje está sem mandato).


Sobre a imagem em destaque:

Solenidade de posse dos novos policiais penais de Santa Catarina, em junho. Foto: Roberto Zacarias, Secom-SC.

Compartilhar publicação: