O cenário pré-eleitoral de Blumenau é um dos mais abertos entre as principais cidades de Santa Catarina, mas algumas questões vão ficando mais claras. Primeiro, que o governador Jorginho Mello (PL) e o prefeito Mario Hildebrandt (Podemos) deverão estar no mesmo projeto, ainda em busca de um rosto. Segundo, a oposição deve ficar por conta do promotor Odair Tramotin (Novo), em um projeto alinhado ao PSD. Na segunda-feira, ambos os encaminhamentos avançaram.

Logo pela manhã, o governador Jorginho Mello voltou a Blumenau para assinar ordem de serviço da obra de revitalização da margem esquerda do Rio Itajaí-Açu, na região central de Blumenau. A ação é uma parceira do governo do estado que entrou com R$ 24,7 milhões e a prefeitura da cidade que apresentou uma contrapartida de R$ 3,2 milhões. O governador já tinha escolhido a cidade para dar a largada nos pagamentos da Transferências Especiais Voluntárias (TEVs), os antigos “Pix de Moisés”. O governador e o prefeito andaram pela região que vai receber as obras e trocaram elogios.

Jorginho destacou a perseverança de Hildebrandt na defesa da obra, enquanto o prefeito disse nunca houve tanto investimento estadual na cidade quanto agora. Rei morto, rei posto. Hildebrandt apoiou a reeleição do ex-governador Carlos Moisés (Republicanos), mas não perdeu tempo em reconstruir laços com Jorginho ainda antes do segundo turno das eleições de 2022. Com a pré-candidatura a prefeitura da vice Maria Regina Soar (PSDB) engatinhando, o prefeito busca composição com o PL – que com a máquina do governo e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de cabo eleitoral desponta como favorito na cidade qualquer que seja o nome apresentado.

Entre as opções, o ex-deputado federal e ex-prefeito João Paulo Kleinübing (ex-União), nomeado por Jorginho para comandar o BRDE, e a secretária-adjunta da Educação, Patrícia Lueders. Nomes exógenos, como a deputada federal Daniela Reinehr (PL), de Chapecó, são meros balões de ensaio. Nessa composição, Hildebrandt indicaria a vaga de vice – a própria Maria Regina, que tem direito à reeleição, ou o secretário André Espezim (Podemos), da Comunicação – e se tornaria forte candidato a uma vaga no secretariado estadual em 2025.

A segunda-feira de Odair Tramontin também foi movimentada. Depois de 35 anos de trabalho no Ministério Público (MP-SC), ontem foi seu último dia de trabalho na 15ª Promotoria da Comarca de Blumenau. Ele ingressou no MP em 1988 ao passar em concurso público, após se formar em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em 1987. Tramontin construiu uma carreira marcada pelo combate à corrupção e à violência contra a mulher, atuando em muitos casos de feminicídio. Foi o primeiro coordenador do Grupo de Atuação Especial e Repreensão ao Crime Organizado (Gaeco) de Blumenau.

Nessa longa trajetória, Tramontin licenciou-se duas vezes para encarar as urnas. Surpreendeu como terceiro colocado na disputa de 2020, quando ficou a 2.111 votos de tirar João Paulo Kleinübing do segundo turno vencido por Hildebrandt. Ano passado, foi candidato a governador – sem o mesmo efeito em nível estadual, alcançando apenas 2,7% dos votos, mas repetindo em Blumenau o resultado na casa dos 22 mil votos. Com o ciclo no MP-SC encerrado, ele deve voltar às urnas com apoio do PSD, que poderia indicar Denise dos Santos, mulher do deputado federal Ismael dos Santos (PSD), como vice.

Com esses dois caminhos avançando e a expectativa de que não se repita o cenário de 2020, quando Blumenau teve 12 candidatos a prefeito, fica em aberto a raia da esquerda, sob estratégia de Décio Lima, presidente nacional do Sebrae e do PT-SC, e da deputada federal Ana Paula Lima (PT). Na bolsa de apostas, a favorita para concorrer é ela.


Sobre a foto em destaque:

Jorginho Mello e Mario Hildebrandt alinhados. A vice Maria Regina à esquerda, o secretário André Espezim à direita. Foto: Roberto Zacarias, Secom-SC.

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