Centrão é um apelido jocoso para os “partidos que têm juízo” e o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) vai dar “tempero político” em governo que “tem muito general”. Essas foram as principais avaliações do senador Jorginho Mello (Pl) sobre a reforma ministerial que vai ampliar o peso político da ala mais fisiológica da base governista no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), emblematizada pela posse do senador do Piauí, ex-aliado dos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff, na pasta da Casa Civil. O senador catarinense foi entrevistado por mim e por Adelor Lessa na Rádio Som Maior na manhã desta-feira.
Na entrevista, citei a fala de Bolsonaro de que já foi do Centrão, por ter sido parlamentar pelo Pp (atual Progressistas), e perguntei se ele também se considerava parte daquele grupo político do Congresso.
– Esse negócio do Centrão no passado um deputado inaugurou esse nome. O presidente Bolsonaro é muito sincero, né? E é verdade, ele foi do Pp muitos anos, ele foi de outros partidos que hoje fazem parte do centro. Não é Centrão, é partido que tem juízo, é partido que quer o melhor para o país, é não extremismo. Esse é um é um nome que não eu acho que não é legal, mas o que fazer? Isso pegou e o que pega não se modifica, né? Eu faço parte de quem tem juízo e quer que o Brasil vá bem, com responsabilidade, ajudando a democracia, ajudando que o Brasil encontre caminhos cada vez mais rápido pra pra deixar essa economia pujante funcionar.
Jorginho avalia que a presença de Ciro Nogueira vai “acalmar os ânimos da classe política” e diminuir a influência dos militares na Palácio do Planalto.
– O Ciro Nogueira é um político habilidoso. Já esteve em outros governos, enfim, isso é natural. O Brasil tem que estar acima de tudo, né? Ele assume a Casa Civil em uma demonstração de que o Progressistas cerra fileiras em defesa do presidente, porque tem alguns partidos que não tem mais esse desejo, estão na política partidária já. Eu tenho o entendimento que o senador Ciro Nogueira vai contribuir para acalmar os ânimos da classe política. Ele tem trânsito com todos os partidos, foi uma escolha acertada que o presidente fez para ajudar a colocar um tempero político lá dentro do palácio. Tem muito general e a política tem que ser feita com político, ponto final. Político decente, político que tenha credibilidade, político que tem as mão limpa, tem que ser feito com político. Não se pode negar isso, quem nega isso não tem sucesso.
Sobre Bolsonaro, o senador afirmou que o presidente vai vetar o aumento do fundo eleitoral de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões, previso na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada pelo Congresso Nacional na semana passada. Segundo ele, vai ser construída uma saída “para voltar ao que era”. Jorginho também revelou que esfriaram as conversas para filiação de Bolsonaro ao Patriota e que a bola da vez é a migração para o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que teria o nome e o número alterados para se transformar em uma legenda chamada Brasil38.
Jorginho também analisou o cenário estadual a construção de sua candidatura a governador do Estado. Disse contar com o Psl do deputado federal Fábio Schiochet e com o Ptb do deputado estadual Kennedy Nunes, além do partido em que Bolsonaro estiver. Avaliou que as pesquisas Lupi/Grupo ND e Paraná Pesquisas divulgadas esta semana são “retrato do momento”. O senador aparece atrás do governador Carlos Moisés (sem partido) em ambos os levantamentos. Na pesquisa do Grupo ND, só fica em segundo lugar nos cenários em que não constam o ex-governador Raimundo Colombo (Psd) e o prefeito chapecoense João Rodrigues (Psd).
– Eu lembro que quando eu fui candidato a senador, eu tinha menos voto que o (Roberto) Salum, né? Algumas pesquisas me empurravam para baixo, eu estava em oitavo lugar e o resultado você viu o que que deu. Faz parte do jogo, isso é fotografia do momento né?
Ele avaliou as declarações do empresário Luciano Hang sobre a possibilidade de concorrer a senador, após a divulgação do levantamento da Paraná Pesquisas colocá-lo em primeiro lugar – em empate técnico com Colombo. Disse que espera contar com o dono das lojas Havan em sua chapa e que Bolsonaro chancela a ideia.
– O presidente Bolsonaro pediu que eu falasse com ele. O presidente já tinha convidado. Eu estive lá nas empresas dele em Brusque, demoradamente, tratando disso. Ele sempre relutando porque tem muito compromisso com as empresas. É um homem que gira R$ 100 milhões por mês. Mas ele é um brasileiro apaixonado pelo presidente Bolsonaro, apaixonado pelo Brasil e na pesquisa que eu vi ontem ele aparece em primeiro lugar, Ele é hors concours para candidato a senador e eu não tenho dúvida de que a gente junto vai fazer muito sucesso.
Sobre o governador Carlos Moisés, possível adversário em 2022, Jorginho ironizou os roteiros de viagens pelo Estado para assinatura de convênios e lançamento de obras.
– Agora ele está ficando espertinho porque sempre na época da eleição a vassoura fica nova, varre mais nos cantos. Mas a população acompanha o que foi feito, o que deixou de ser feito.
Sobre o impasse envolvendo a destinação de recursos federais para as obras de duplicação da BR-470 – o governo estadual quer alocar o dinheiro nos lotes 1 e 2, mais próximos de conclusão, enquanto o DNIT defende o uso nos lotes 3 e 4 -, o senador não quis dizer se tem influência na posição do órgão federal, mas questionou a posição de Moisés.
– Os lotes 1 e 2 têm dinheiro suficiente. Tem R$ 116 milhões para levar a obra até o final do ano. Não precisa um centavo se depositar lá, vai ficar parado. O que precisa de dinheiro são os lotes 3 e 4, que tem só um quilômetro pronto, que é o trevo de acesso a Indaial, e mais nada. Tem que desapropriar, tem que indenizar, é uma região mais mais urbana. Se o governo do Estado quiser verdadeiramente ajudar a construir a BR-470, tem que investir lá.
Ouça a íntegra da entrevista:
Sobre a foto em destaque:
Com roteiro em Criciúma, o senador Jorginho Mello (Pl) concedeu entrevista ao vivo no estúdio da Rádio Som Maior. Foto: Vitor Netto, Som Maior.